A corrupção da razão

Compartilho em vários grupos do Facebook os textos que escrevo aqui. E em dois deles a postagem “A ditadura que nos espera” obteve comentários repulsivos bastante insensatos e repugnantes, que me fizeram sair dos grupos, que não tinham lá muitos membros e os poucos que tinham eram imparticipativos, e me encorajaram a tecer este texto.

Um amigo meu deu uma opinião num texto meu, que achei fantástica. Ele observou:

A gente sabe que um lugar é uma roça por causa dos moradores. Pelo jeito como eles falam, pelo jeito como se vestem. Então, você sabe que um lugar é repleto de corrupção quando vê nas ruas o povo corrompendo.

Na postagem a que me referi, a que sofreu repulsão, eu falava sobre a repressão que nós povo vamos sofrer caso o golpe na democracia se confirme. Um dos sujeitos disse que o que eu teço na postagem só eu concordo.

Se argumento e chamo alguém de ladrão baseado no que argumento, se alguém entra na minha opinião para atacá-la em vez de debatê-la, eu penso que esse alguém não quer que ela seja conhecida ou popularizada. Ou porque ele é ladrão também, age do mesmo jeito com que age a pessoa que eu critico, ou porque ele é favorecido pelo roubo do outro. Pode ser também que se trata de alguém alienado, que quando encontra razão em uma opinião contrária a sua quer se livrar dela para se manter na zona de conforto, onde está há mais tempo, acompanhado de iguais e sabe como se comportar nela. Ou seja, o país é de corrupto porque as pessoas preferem se manter na zona de conforto, achando que não tem jeito para a corrupção, que vai ser sempre assim e que não adianta aparecer opinião diferente as obrigando a deixar de fazer o que vêm fazendo e a pensar por si próprio.

Eu, de modo algum quero formar a sua opinião; eu quero é que voce mesmo a forme.

Todos os meus textos que criticam o que vem, pelo menos midiaticamente, acontecendo no Brasil são imparciais. Em momento algum eu defendo que corruptos devam ficar impunes. Eu deixo claro que eu penso que as pessoas confundem “golpe na democracia” com “combate à corrupção”. Os políticos e os juristas que estão sendo feitos de heróis não estão combatendo corrupção nenhuma. O que eles estão fazendo é tirar do caminho de um grupo de corruptos aqueles outros corruptos que estão atrapalhando a vida deles. A chave do galinheiro só estará sendo transferida de raposa.

Para se estar combatendo a corrupção teria-se que enjaular a quadrilha toda. Nada de proteger os que querem pegar o galinheiro para se apoderar dos ovos de ouro e as mesmas reclamações que fazemos continuaremos a fazer.

Se combater a corrupção fosse o que eles estivessem providenciando, iria-se espalhar impeachment para todo mundo. Até para os juízes do caso, que criticam o orçamento do Bolsa Família e no meio da crise contam com a ajuda de um réu da corrupção para aumentar os próprios salários. E em um patamar que compromete mais o orçamento público do que o próprio Bolsa Família que tanto criticam. Por causa deste benefício, a frequência escolar dos filhos dos beneficiários atingiu 95%, conforme registrado por determinado veículo de comunicação. Talvez isto seja uma preocupação dos que atacam o benefício: o povo se educando e se preparando para um dia votar melhor. E em um candidato que não conseguirão derrubar depois de eleito.

Às vezes, minha opinião parece pender para o lado dos esquerdistas. Mas, não é porque eu acho que eles não são corruptos ou que eles não têm culpa no cartório tal qual ou um pouco diferente do que pintam na mídia. Eu costumo dizer que a esquerda brasileira nos deixa dúvidas se está mesmo do lado do pobre ou do trabalhador, pois tem momentos em que ela aparece associada à trâmites políticos que não interessam verdadeiramente ao povo. Por exemplos, a aprovação da Lei das Palmadas e o veto do projeto que prevê a redução da maioridade penal. Já a direita eu tenho certeza que não está do meu lado. Daí a explicação para a minha leve tendência. Se o povo tem alguma chance de ser representado no governo e receber benefícios é com a esquerda no poder. E o PT provou isso.

Dilma Rousseff foi para o posto com o voto popular. O povo que votou nela não vai concordar com um governo eleito por voto indireto. À base de golpe ainda por cima. Se legisladores acharam por bem, sem que nenhuma estratégia política ou trabalho midiático tivesse sido feito, considerar que ela deu um motivo para ser deposta, então, que os substitutos dela estivessem com a moral inabalável. Ou, então, que fosse dada a oportunidade de o povo escolher o substituto. Assim estaria salva a democracia.

Os golpistas só não optam por isso, nova eleição presidencial, porque temem o que é óbvio: nenhum dos pretendentes ao cargo seria eleito. Mesmo com tanta manobra da opinião pública.

O que você está disposto a fazer para melhorar o seu país?

Quanto do que o país passa hoje é responsabilidade sua? Será que você não tem nada a ver com isso? Será que você não ajuda a crise alastrar-se?

Será que prostrar-se no sofá de frente para a TV e esperar que as maliciosas notícias do Jornal Nacional contaminem você com ódio para depois você repassar esse ódio por onde você passar, você está fazendo o melhor pelo seu país? Será que dar de mão do que a mídia projeta na sociedade não traria um benefício maior para você e para o seu país?

Será que apresentar soluções não é melhor do que só enxergar defeitos? Se você ama mesmo o seu país e quer que ele se livre de todos os males que o assola, qual o ganho que há em só focar nos problemas? Você vê a mídia apontando soluções? Te dando esperanças concretas?

Você vê a mídia desdenhar trabalhos sérios que foram significativos para a maioria do povo. Você vê a midia é tentando incriminar gente com crimes que ela é paga para produzir. Você vê a mídia cobrar punição para uns e acobertar outros. Você vê a mídia indicar substitutos — gente pior — para o cargo dos que ela procura derrubar com atos antidemocráticos. Você vê a mídia mentir que as providências foram tomadas e as crises resolvidas depois que um golpe foi aplicado. Midiocracia, até quando?

As pessoas que bradam contra o PT e contra a Dilma, elas assumem que Michel Temer e Eduardo Cunha, o PMDB ou o PSDB as representam? Elas confiam nesses que estão se dizendo moralizadores? Cada um mais enterrado em corrupção e mais mal-afamado do que o outro.

É claro que elas não assumem, elas não têm certeza de que esses manipuladores da sociedade querem o bem delas. As pessoas não se arriscam a dizer que esses senhores são honestos e que vão dar jeito neste país.

As notícias ruins de hoje, que falam sobre os inimigos dos que controlam a troca de governo, serão sobre eles próprios amanhã. A diferença é que você não vai saber delas prostrado no sofá de frente para a TV vendo o Jornal Nacional. Esse veículo de informação e toda a Grande Mídia é deles, eles é que contratam as notícias que você vê neles.

Se você não for cuidadoso, os jornais vão fazer você odiar os que são oprimidos e amar os que os oprimem.
(Malcolm X)

A má índole deles, se você for pobre ou trabalhador você vai é sentir direto na pele. Você não precisará de veículo de comunicação nenhum pra te informar a respeito dela. E você terá a verdade. E não as suposições e as incriminações que você tem ao receber o que noticia a grande imprensa atual.

Diante a essa inércia do povo perante o poder da mídia, não é melhor fingir que os problemas não existem, promover a paz entre as pessoas e junto aos que querem a paz ignorar o resto? Essa gente que nos golpeia, não tolera rejeição. Não gosta de ser ignorada. Aposte na estratégia de ignorá-la que você que quer a ordem, o crescimento e a democracia de volta sairá vencedor.

Boicote o sistema. Anarquise. Não trabalhe, não compre, não dê audiência, não vote. Em pouco tempo você verá essa gente aos seus pes, implorando para que você volte a ser como é agora, mas com a diferença de que eles não vão mais te importunar. Não vão mais querer te enganar ou articular para formar a sua opinião somente pra te jogar contra os adversários deles, somente pra te usar. Vão é te respeitar. E não será vãs promessas. Você verá.

É preciso amar as pessoas como se não houvesse a corrupção. Porque se você parar pra pensar na verdade não dá porque…
Somos gotas d’água,
somos grãos de areia.
Você me diz que o seu país não te atende,
mas é você que não atende seu país.
Você culpa seu país por tudo.
Isso é um absurdo.
São crianças que estão no poder.
Como você quer ver este país crescer?

Esta é a minha reflexão sobre a corrupção praticada pela mídia.

Os efeitos da motivação

A motivação é um estado interno que mobiliza pessoas a consumar atos. Pode ser que haja um hormônio específico dentro do corpo humano que se mantém latente até que determinada condição surja e o desperte, fazendo com que ele realize suas funções, às quais fariam com que o indivíduo fique motivado. Ou então, suponhamos que haja essas funções, realizadas por hormônios que já conhecemos, que quando estimulados sob determinada condição cause a motivação.

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Ninguém duvida de que quando estamos motivados realizamos milagres. E a recíproca também é verdadeira: quando realizamos milagres há a constante de estarmos motivados.

Milagre é tudo aquilo que queremos ver em nossa realidade e vemos.

Essa probabilidade fictícia faz parecer que estar motivado faz as coisas acontecerem para que realizemos milagres. Nos faz pensar em frases consagradas dos esotéricos, como “o universo conspira a nosso favor e providencia para que tudo que necessitemos para que realizemos milagres esteja configurado para tal e venha ao nosso encontro como num passe de mágica”.

Como será possível isso? Se a motivação fosse mesmo uma atividade hormonal desencadeada por uma atitude, seria muito fácil fazermos mudanças na nossa realidade e nos tornarmos donos dela. Porque não estamos fazendo isso? Estaríamos escolhendo sofrer quando não estamos levando a vida que gostaríamos de levar? Deve haver algo mais nessa explicação surreal em demasia para, por fim, convencer as pessoas que é simples assim.

Você certamente já ouviu ou leu a frase “O Amor Está no Ar”. Ela quer dizer que basta você entrar em sintonia com a frequência do amor que você passa a ver o amor acontecendo ao seu redor.

Assim como nessa proposição, talvez tudo que você precisa para dar vida aos seus milagres é estar em condições de enxergar e manejar os elementos que estão a todo instante a sua frente e ao seu redor. Uma vez feito isso o que se tem que fazer é lidar com eles.

E para acessar essa realidade em que os objetos estão a seu dispor para serem organizados conforme a sua preferência, vamos dizer assim, você precisa estar internamente na condição hormonal dadas pela motivação. Você tem que estar motivado.

Existem técnicas e técnicas que fazem com que nosso cérebro crie sensações que nos deixam com vontade de fazer qualquer coisa, além de bastante inspirados e com muita imaginação e criatividade. Yoga, ressonância harmônica, mantras, exercícios respiratórios, meditação.

Conhecer e utilizar essas democráticas técnicas passa a ser indispensável para o nosso caminhar. Estar disposto a viver a vida que se quer levar é imperativo para quem quer ser feliz. E a felicidade, sendo verdade o que escrevo aqui, está completamente ao alcance de qualquer um.

A corrupção do hábito de ler

O livro “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, preconizava em 1932 que no futuro o homem iria perder o gosto pela leitura. Isso não por se tratar de um fenômeno natural indiscutível, devido ao surgimento de mídias mais atraentes, mas por que sofreria o hábito de ler o combate severo de uma elite interessada em manter o homem com o saber obscurecido e centrado ou, se possível, na completa falta de saber. Isso porque a leitura por meio de livros, principalmente os impressos em papel e sem gravuras, é completamente favorável à interpretação individual, com a respectiva análise do conteúdo interpretado. Em outras palavras, o livro é poderoso como orientador e é também libertador para aquele que o lê.

Tanto a obediência quanto a anarquia foram levados pela primeira vez ao homem através de livros.

Essa preocupação em matar no homem o gosto pela leitura é antiga. Restringir ou queimar livros era constante em tempos remotos. Considerar a leitura um hábito perigoso idem. Para se consumar o fato, faltava apenas a oportunidade de surgir novas mídias para transportar informação e providenciar entretenimento.

A natureza lacônica e corruptível com que se descreve a informação veiculada nos periódicos faz com que os jornais sejam vistos como herdeiros traiçoeiros dos livros. As revistas idem. Ambos, carregando fotos se tornam ainda mais propensos à corrupção da leitura.

O crescimento da pintura ou das artes em gravura chegou a ser uma promessa. Ainda hoje, muitos acreditam que uma imagem vale por mil palavras. Quando a fotografia apareceu, isso se tornou mais verossímil. A fotografia não apareceu de cara com os truques que enfraquecem sua autenticidade, como é hoje com os softwares de manipulação de imagens, que fazem qualquer cena intrigante, mesmo que verdadeira, se tornar duvidosa. Os conspiradores contra o ato de ler, então, viram na fotografia um aliado.

Depois vieram os quadrinhos. E a leitura associada a imagem feita dentro de balões era bom mecanismo para se desviar a interpretação. A Conspiração, logo, investiu nas histórias em quadrinhos. E elas cresceram e caminharam livremente. Até que deram conta de que elas também eram fortes como expressão de leitura. Graças a rebeldia de alguns roteiristas de histórias originais e quadrinistas que quadrinizavam enredos contados em livros.

O rádio marcou época. Veiculando musicas e notícias mantinha afastada dos livros pelo menos a classe popular. Exatamente a classe que a elite conspiradora queria manter longe das páginas escritas. A ideia é que essa classe jamais ascendesse culturalmente. Indivíduo culto é indivíduo poderoso.

Mas o rádio também se revoltou quando iniciou um ciclo de levar à sua audiência conteúdos literários que viravam peças de dramaturgia. O que foi denominado radionovelas.

Nisso, leitores que a essa altura já estavam preguiçosos ficavam livres de praticar o ato de ler, mas recebiam a informação extraídas de textos literários da mesma forma. E os cegos foram incluídos no contingente a receber a informação. Com apenas uma desvantagem: a dramaturgia faz com que a interpretação de uma história se torne centrada, de acordo com a ótica de quem a interpreta.

O cinema se sagrou como um dos principais corruptores do hábito de ler. Mesmo com o público fora da origem de um filme não se dando conta de que ler toda a legenda equivale a ler todo o roteiro escrito. Que também é um livro.

Quando o cinema adapta uma obra literária, o resultado não é seguramente positivo do ponto de vista de levar conhecimento
para a plateia e dar a ela uma opinião forte e independente. O poder que o cinema tem para influenciar opiniões é compatível com o que os livros têm para ajudar a formá-las de maneira independente. Mas, quase nunca é usado para o bem do espectador. Quase sempre corrompe a sua visão a respeito de algo que é proposto na tela.

Enfim, a televisão. A pior das mídias corruptoras de opinião. A TV reúne todo tipo de linguagem que o homem pode se valer para se comunicar. Nela reside a imagem estática e em movimento, o áudio e também os textos.

E essas mídias reunidas trabalham em função daquilo que o filósofo da Inteligência Coletiva, Pierre Lévy, chamou de instrução programada. A TV não só instrui como também programa a mente das pessoas. E sempre a favorecer os grupos que compram as produções e as opiniões a serem dadas por ela. Estes, os mesmos que há tanto querem sabotar a leitura.

O homem que não lê bons livros não tem vantagem nenhuma sobre o homem que não sabe ler.
(Mark Twain)

A corrupção por trás da redução da internet

A Globo tem seu público cativo. E para ele, através do Jornal Nacional, ela dá a explicação mercenária para os fatos que aparecem. E o fato da vez é a redução do fornecimento de banda de internet. Pretendem fazer com que o acesso para o consumidor comum não seja mais ilimitado.

Quem vem acarretando prejuízos com a internet ilimitada? Com toda certeza a redução da internet visa reduzir os prejuízos que esses estão tendo.

Por exemplo, as operadoras de telefonia móvel têm dificuldades para fornecer o serviço para aqueles que necessitam de internet quando estão em trânsito. Elas bloqueiam o fornecimento quando certa quantidade de dados disponibilizados para o usuário é atingida. Além de o sinal sumir, por ineficiência técnica em conduzir a operação de disponibilização, por mal aparelhamento ou por safadeza mesmo.

Dá calote nos clientes é com as operadoras de telefonia móvel mesmo!

Elas também perdem para a internet ilimitada que as operadoras de telefonia fixa oferecem. Perdem na competição pelo fornecimento, perdem com a realização de serviços que antes eram de domínio da telefonia móvel, como as ligações de voz, que agora podem ser feita facilmente pelo WhatsApp ou pelo Skype via wi-fi.

Além das operadoras de telefonia móvel, as agências de mídia informativa e de entretenimento veem na democracia existente na internet um calo no pé. Qualquer um pode produzir e fornecer conteúdo. Inédito ou apropriado.

Até transmissão de jogos de futebol ao vivo, às vezes de badalados campeonatos europeus, o povo consegue acessar e até disponibilizar pela internet, sem depender da Globo para fazê-lo, arrancando a audiência da emissora.

Tem muita gente realizando produções em vídeo, por exemplo, cujas transmissões demandam banda em larga escala. Gente que saiu de alguma faculdade ou até mesmo que possui o dom de elaborar, apresentar ou editar vídeo, e que poderia estar no elenco de alguma produtora ou veículo de comunicação se tivesse algum padrinho. E essas produções assustam as emissoras de televisão a qualidade com que são feitas. Assusta também a riqueza do conteúdo informativo.

A mídia hegemônica acostumou-se a monopolizar a informação. A mascará-la, a selecionar e explorar com exclusividade determinados assuntos, a moldar a opinião do público com a sua didática de apresentação de notícias.

E de repente, o que elas tinham de furo aparece na rede discutido livremente, com sinceridade, com grande eloquência e profissionalismo, sem engalobações e tirando da Mídia toda a exclusividade. Chegando até mais rapidamente ao consumidor de entretenimento e de noticiários de mídias diversas. De um jeito que não mais se separa o público em A, B ou C. Com direito a imagens veiculadas sem censura se alastrando numa velocidade que nem a TV, nem o rádio e nem a imprensa escrita conseguem acompanhar.

O poder de oferecer um produto ou um serviço ou fazer propaganda também tornou-se democrático. Quem precisa destinar rios de dinheiro para uma emissora de tv ou de rádio ou uma revista apresentar seu produto? E aqueles que antes anunciavam nos canais de mídia tradicionais, se não quiserem utilizar somente em seus próprios canais a sua propaganda, têm como melhor opção o site ou blog ou até um perfil em rede social de alguém que pode ser um anônimo. Alguém que tem carisma e que não esteve ao longo do tempo associado a máfias ou aliado a golpistas por depender do dinheiro deles. Alguém que virou cult na internet, devido a alguma mirabolante meritocracia ou habilidade nata de se promover e de romper os monopólios da visibilidade.

Além da mídia e das operadoras de telefonia móvel, outro censor aparece nessa história: o Governo. As travessuras que o governo e os políticos fazem caem por terra facilmente com a democracia da internet. Minam-se falcatruas, minam-se popularidades, minam-se votos.

Com a câmera de um celular na mão e uma cena pra gravar ou uma ideia na cabeça, o povo está mais armado do que um grande exército. E com banda larga de internet e veículos para apresentar sua filmagem, para tecer sua opinião ou para expor suas ideias, segredos alastram-se como um furacão. A polícia não pode mais espancar uma multidão, pois alguém vai registrar e espalhar o registro sem dar tempo para a mídia pragmática mascarar o ocorrido ou tapar a denúncia.

A gente viu nessas últimas manifestações a PM contar com a imprensa para desvirtuar a intenção do povo nas ruas. O mais comum era a má vontade com que era dada a informação sobre as manifestações que apoiavam o governo Dilma. Era de praxe suspeitar de se estar a ver a PM manipular a contagem desse público manifestante. 100.000 virava 5.000 fácil fácil na boca de âncoras de telejornal da Rede Globo. Nas redes sociais, as fotos e vídeos espalhados mostravam outra realidade.

Esse poder de comunicação e de desmantelar de golpes conferido aos grupos que são oprimidos pelos grupos hegemônicos é possível ainda que com a internet reduzida. Porém, para afetar governo, midiáticos e empresários é preciso de banda larga para garantir a rapidez que não deixa os conluios de imprensa maiores agirem a tempo de danificar as articulações populares.

Serviços como o Netflix precisam que o usuário tenha banda larga para que funcionem. Eles aquecem certos mercados e os proprietários de alguns deles participam das elites dominantes. Mas, o conteúdo que esses serviços distribuem não ameaçam aqueles que preocupam com a democracia na internet e por isso não deve sofrer restrições.

Já o YouTube, da Google, o Twitter ou o Facebook, que permitem que materiais sejam colocados pelo público para serem exibidos para qualquer pessoa, devem ser desencorajados. Já é comum ouvirmos a mídia reportar notas de acontecimentos negativos ocorridos no Brasil com alguns dos executivos dessas empresas. Casos que provavelmente sejam farsas ou armadilhas bem sucedidas.

Eis o que está por trás da redução da internet, que ilustra mais um capítulo da série “A corrupção nossa de cada dia”. Aqui, mais uma vez realçando a corrupção da opinião pública, praticada por aqueles que se dizem estar a combater a corrupção.

Esta é a minha opinião.

Que benefícios a música do Kid Abelha trouxe para sua vida?

Se sentindo o bam bam bam da rua, trajado com sua calça jeans da Ellus e seu tênis All Star de cano longo de cor branca, tradicionalíssimo, o Zeca ia todo sorridente encontrar Ritinha, a namorada que ele conhecera havia dois anos ou mais. Subia ele a Dias Bicalho. Ela estaria no encontro da Abraão Caram com a rua que dava no Mineirinho, perto do Xodó da Vovó.

Enquanto ele seguia para mais um encontro com a namorada, na contramão descia um rapaz de aparência bem estranha. O doido parou o Zeca para lhe fazer uma pergunta.

“Que benefícios a música do Kid Abelha trouxe para a sua vida”. Deixou a pergunta e, se mantendo indiferente, continuou descendo e evaporou-se. Já a rotina do Zeca mudou-se. Ele ficou perplexo com a ocasião, perguntando para si o porquê de aquele estranho rapaz lhe ter deixado essa pergunta.

“Vai ver o cara estava invocado com a banda”. “Ele não deve gostar da Paula Toller”. “Será que ele quis chamar atenção para algo profundo demais”. Zeca se martirizava com essas indagações. Ele, então, começou a cantar refrãos de músicas do Kid para ver se ele encontrava em uma das músicas da banda aquela frase inspiradora ou aquela mensagem que faz alguém concluir algo de interessante.

“Alice não me escreva aquela carta de amor”, “deixa eu ser seu espião, alguém tem que controlar o seu coração”, “diz pra eu ficar muda, faz cara de mistério, tira essa bermuda, eu quero você sério”. Na cabeça do Zeca o estranho ganhava razão.

Mas ele não condenou o Kid assim de primeira. Se uma banda não traz benefícios pra ninguém com o que canta, muitas outras também não. Começou a passar na mente do Zeca ícones da música nacional e internacional.

Beatles, Rolling Stones, The Doors, Pink Floyd. A Cor do Som, Biafra, Djavan, Jorge Ben Jor. Ninguém parecia lhe dizer alguma coisa ou trazer-lhe um benefício real, que ele pudesse pegar e esfregar na cara do estranho, cuja fala, naquele pedacinho de tempo estava corrompendo sua cabeça com relação à música.

Mas, ao virar uma rua, de onde se ouvia o barulho do som que vinha de dentro de uma casa, Renato Russo dava esperanças ao trabalhador dizendo que um dia o dia dele iria chegar. Eram versos da canção “Fábrica”.

Aí, Zeca viu exceção. E outras exceções mais lhe vieram. A ponto de Zeca decidir que o que ele achou que o homem lhe tivesse a dizer não era nada do que lhe estava incomodando. Ele, então, deixou o caso para lá e recompôs-se.

Sete e meia da noite quase. Ritinha abriu um sorriso largo quando viu Zeca aparecer na esquina. Eles se beijaram, pegaram na mão um do outro e sairam andando em direção ao Mineiríssimo. Carros subiam e desciam. O vendedor de cachorro-quente da esquina ofereceu ao casal seu produto.

A fria noite de junho obrigou a ambos colocar de vez o capote que levavam a tiracolo. Zeca não hesitou em ajudar a sua princesinha a colocar o dela.Afinal ela era a mulher que mudou para sempre a sua pacata e desesperançada vida. Quando ela apareceu ele estava prestes a se dar um fim. E lá estava ele: vivaço e feliz.

Faltavam só mais alguns metros para que ambos enxergassem o Mineiríssimo. Era uma casa de show. Flávio Venturini ia tocar nela naquela noite. Suas músicas românticas iam combinar bem com o que o casal estava sentindo pela relação. E logo ali, bem em frente ao ginásio do Mineirinho, onde os dois se conheceram, havia dois anos ou mais, durante um show do Kid Abelha.

Nem sempre a função de um artista, de uma dupla ou de uma banda, ou da música que eles fazem é falar-nos alguma coisa. Às vezes é simplesmente fazer algo acontecer por algum motivo por causa deles.

Leia o livro “Contos de Verão: A casa da fantasia”, deste autor.

A corrupção em programas televisivos

Dando sequência à nossa série que pretende mostrar as tantas formas de corrupção a que estamos submetidos todos os dias, praticadas até por gente que se diz moralmente perfeita, analisa, brada e instrui pessoas a se mobilizar contra a corrupção, vou apresentar uma das tantas jogadas de marketing para angariar arrecadação de dinheiro via programas interativos de televisão.

Em um canal de televisão no UHF, a emissora exibia no horário da tarde de domingo um show interativo que prometia dar um prêmio de R$37.000,00 para a audiência que participasse do programa, por telefone, dando a palavra correta formada pelas letras que na tela apareciam embaralhadas.

Havia uma dica dada pelo apresentador, que não parava de falar enquanto o telefone não tocasse. No momento que relato aqui, a pista era “tem na padaria” e as letras embaralhadas mostravam EMPADÃOFOR. Em ordem, PÃO DE FORMA, embora muitos dos que iam ao ar respondesse empadão, recebendo dos apresentadores, então, a repreensão de que era necessário utilizar todas as letras.

Para entrar no ar, após ligar para o número de telefone exposto na tela, pagando por minuto uma quantia em centavos — ou até mesmo em real, pois as letras explicando na tela o valor eram ilegíveis —, o interessado teria que responder uma série de questões, que aconteciam em off, e aqueles que teriam dado certa quantidade de respostas corretas seriam dirigidos para tentar no ar responder o enigma e ganhar o prêmio.

E entre muita conversação, a impressão que dava era que ninguém ligava ou que não passava pelas questões que elegiam a ida da ligação para o ar. E que a produção do programa, para incentivar as ligações a aparecerem, colocava no ar participantes falsos, já fadados a errar absurdamente o enigma, estimulando com isso quem estivesse a assistir o show de prêmios a arriscar ligar e tentar uma participação.

Minha suspeita maior é que as pessoas ficavam presas na ligação. Aguardando para responder o questionário ou até mesmo gastando tempo a respondê-lo. Pagando com o tempo da ligação a sua elegibilidade para tentar a sorte.

Provavelmente, pensei, a produção do programa contabilizava o que já havia sido arrecadado para só assim deixar passar algum participante real, que se desse a resposta certa e faturasse o prêmio prometido não se acarretaria prejuízo, pois, o valor acumulado com as ligações do dia pagaria o prêmio, os custos da produção e daria o lucro esperado com o negócio.

Essa é, na minha opinião, a fórmula para arrecadar dinheiro que a maioria dos programas desse tipo usa. A medida que essa série fluir, novos truques do tópico corrupção pela televisão serão desvendados.

Observação: informação dada por meio de intuição. Deve ser considerada como uma possibilidade de ser a estratégia do negócio e não a aplicada.

À sua boa conversa

É tão bom ter você comigo
Foi tão bom ter te conhecido
Ouvir tua voz, tua conversa
Pela estrada numa noite fria

Buscamos enfrentar a distância
Cada um tem seu motivo
À cada tempo fitando seus olhos
Eu me vejo, vou me descobrindo

Sua história, sua simplicidade
Me agradam e me cativam
E perturbam todo o meu corpo
E despertam minha ousadia

Sinto crescer a todo instante
Uma paixão como nos filmes
E é como uma batalha
Que só vence quem se fere

Me descontrolo, volto a ser criança
Faço qualquer coisa pra te ver sorrir
E ver chegar o que eu espero
Que é provar sua boca linda

(Primeira estrofe e refrão da canção “À sua boa conversa”, publicado no final do Capítulo 2, “À sua boa conversa”, do Livro “Contos de verão: A casa da fantasia”. Vários capítulos deste livro são encerrados com letras de canções compostas pelo autor, A.A.Vítor, recurso usado para resumir o capítulo. A sinopse do capítulo está na página do livro.)

Inclusão social e mídia televisiva

Televisão tem apenas visão no nome, mas, carrega também áudio e textos em seu conteúdo. Deveria ser telemídia ou teleaudiovisor o nome do aparelho para ficar bem referidas suas funções.

Na verdade, não é muito prático se preparar programas de televisão para cegos, utilizando-se, por exemplo, áudios descritivos que descrevem as cenas e as vestimentas e trejeitos das personagens nelas. Pois, fica mais demorada e cara a produção e perde a dinâmica. Cegos, para se ser mais sensato, deveriam ter um canal de TV específico, só para eles, ou, então, utilizar-se apenas do rádio. Havendo, para que isso ficasse mais completo, estações com programas de TV adaptados para que o deficiente visual consiga interpretar uma cena,por meio da audição, tal qual ela é vista na produção original.

Só que isso sendo mercadologicamente possível, reduziria os cegos a só se valerem desse entretenimento e meio de angariar informação em ambientes individuais. Em casa por exemplo. E se um cego estiver em um ambiente coletivo, junto a pessoas que enxergam, onde o entretenimento maior é feito por meio de aparelho televisor, ele ficaria se sentindo excluído?

Colocar legendas para explicar ao surdo o que as personagens de um show de TV estão falando também fica ruim para quem conta com os dois sentidos em questão. Mesmo sendo retratáveis as legendas. Mas, pelo menos há mais saídas para essa situação. Para evitar ou diminuir o uso de legenda na cena, as falas podem ser inseridas em balões tal qual é feito nos quadrinhos. O que não faz perder tanto a dinâmica e dá até uma certa expressão artística. Só que quando essa estratégia é padrão nas produções, se torna cansativo. Outra saída é as personagens se comunicar por meio de mímicas conhecidas pela linguagem de libras. E há também a possibilidade de se fazer leitura labial, desde que a forma de falar fosse facilitadora desse tipo de leitura.

Preocupar com a inclusão social na utilização de entretenimento e na absorção de informação por meio de mídia televisiva é algo importante, pois, na maior parte das conversas que temos, em algum momento nos referimos à televisão.

O expressivo símbolo da caveira

A caveira é o mais expressivo símbolo da humanidade. Ele tem a faculdade de representar ao mesmo tempo a distância e a proximidade.

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Quando a caveira representa lixo tóxico ou veneno ou também risco de morte, como em áreas de quarentena, e de saques, como na bandeira dos piratas, o símbolo induz ao comportamento de manter distância.

Ao representar a morte em si, e não apenas o risco dela, induz a se pensar em coletividade de esforços para se evitar o que seria a morte ou torná-la menos assombrosa. Isso é aproximação.

A caveira também representa a liberdade. O crânio remete-nos  à observação do cérebro humano só pela carcaça. Isso quer dizer cabeça vazia, livre de crenças, instruções, preconceitos e julgamentos. E porque ao estarmos nessa condição não se distingue cor, sexualidade, status social e outras evidências que o corpo forrado de pele ou vestido de roupas é capaz de nos diferenciar, a caveira também pode representar a igualdade. No final todos somos iguais.

Ser capaz de se escolher o lado para se observar o mundo é uma faculdade humana que possibilita às pessoas levar a vida mais de acordo com a sua preferência. Tudo tem o seu lado bom e o seu lado ruim e não pode ser claramente representado.