Compartilho em vários grupos do Facebook os textos que escrevo aqui. E em dois deles a postagem “A ditadura que nos espera” obteve comentários repulsivos bastante insensatos e repugnantes, que me fizeram sair dos grupos, que não tinham lá muitos membros e os poucos que tinham eram imparticipativos, e me encorajaram a tecer este texto.
Um amigo meu deu uma opinião num texto meu, que achei fantástica. Ele observou:
A gente sabe que um lugar é uma roça por causa dos moradores. Pelo jeito como eles falam, pelo jeito como se vestem. Então, você sabe que um lugar é repleto de corrupção quando vê nas ruas o povo corrompendo.
Na postagem a que me referi, a que sofreu repulsão, eu falava sobre a repressão que nós povo vamos sofrer caso o golpe na democracia se confirme. Um dos sujeitos disse que o que eu teço na postagem só eu concordo.
Se argumento e chamo alguém de ladrão baseado no que argumento, se alguém entra na minha opinião para atacá-la em vez de debatê-la, eu penso que esse alguém não quer que ela seja conhecida ou popularizada. Ou porque ele é ladrão também, age do mesmo jeito com que age a pessoa que eu critico, ou porque ele é favorecido pelo roubo do outro. Pode ser também que se trata de alguém alienado, que quando encontra razão em uma opinião contrária a sua quer se livrar dela para se manter na zona de conforto, onde está há mais tempo, acompanhado de iguais e sabe como se comportar nela. Ou seja, o país é de corrupto porque as pessoas preferem se manter na zona de conforto, achando que não tem jeito para a corrupção, que vai ser sempre assim e que não adianta aparecer opinião diferente as obrigando a deixar de fazer o que vêm fazendo e a pensar por si próprio.
Eu, de modo algum quero formar a sua opinião; eu quero é que voce mesmo a forme.
Todos os meus textos que criticam o que vem, pelo menos midiaticamente, acontecendo no Brasil são imparciais. Em momento algum eu defendo que corruptos devam ficar impunes. Eu deixo claro que eu penso que as pessoas confundem “golpe na democracia” com “combate à corrupção”. Os políticos e os juristas que estão sendo feitos de heróis não estão combatendo corrupção nenhuma. O que eles estão fazendo é tirar do caminho de um grupo de corruptos aqueles outros corruptos que estão atrapalhando a vida deles. A chave do galinheiro só estará sendo transferida de raposa.
Para se estar combatendo a corrupção teria-se que enjaular a quadrilha toda. Nada de proteger os que querem pegar o galinheiro para se apoderar dos ovos de ouro e as mesmas reclamações que fazemos continuaremos a fazer.
Se combater a corrupção fosse o que eles estivessem providenciando, iria-se espalhar impeachment para todo mundo. Até para os juízes do caso, que criticam o orçamento do Bolsa Família e no meio da crise contam com a ajuda de um réu da corrupção para aumentar os próprios salários. E em um patamar que compromete mais o orçamento público do que o próprio Bolsa Família que tanto criticam. Por causa deste benefício, a frequência escolar dos filhos dos beneficiários atingiu 95%, conforme registrado por determinado veículo de comunicação. Talvez isto seja uma preocupação dos que atacam o benefício: o povo se educando e se preparando para um dia votar melhor. E em um candidato que não conseguirão derrubar depois de eleito.
Às vezes, minha opinião parece pender para o lado dos esquerdistas. Mas, não é porque eu acho que eles não são corruptos ou que eles não têm culpa no cartório tal qual ou um pouco diferente do que pintam na mídia. Eu costumo dizer que a esquerda brasileira nos deixa dúvidas se está mesmo do lado do pobre ou do trabalhador, pois tem momentos em que ela aparece associada à trâmites políticos que não interessam verdadeiramente ao povo. Por exemplos, a aprovação da Lei das Palmadas e o veto do projeto que prevê a redução da maioridade penal. Já a direita eu tenho certeza que não está do meu lado. Daí a explicação para a minha leve tendência. Se o povo tem alguma chance de ser representado no governo e receber benefícios é com a esquerda no poder. E o PT provou isso.
Dilma Rousseff foi para o posto com o voto popular. O povo que votou nela não vai concordar com um governo eleito por voto indireto. À base de golpe ainda por cima. Se legisladores acharam por bem, sem que nenhuma estratégia política ou trabalho midiático tivesse sido feito, considerar que ela deu um motivo para ser deposta, então, que os substitutos dela estivessem com a moral inabalável. Ou, então, que fosse dada a oportunidade de o povo escolher o substituto. Assim estaria salva a democracia.
Os golpistas só não optam por isso, nova eleição presidencial, porque temem o que é óbvio: nenhum dos pretendentes ao cargo seria eleito. Mesmo com tanta manobra da opinião pública.