Meus sonhos acabaram

Meus sonhos se foram.
Sem que eu os tivesse realizado.
Mas, a vida continua.

Eu… entrei nessa de me libertar de crenças.
E nada mais faz sentido para mim.
Nada mais me traz inspiração ou me feticha.

Eu não quero ouvir falar sobre nada mais.
Eu não quero presenciar nada mais.
Eu não quero escrever sobre nada mais.
Não quero iludir com nada mais os poucos que me lêem.

Se não possuo mais crenças, com o que poderei eu iludir alguém?
Sobre o que escreverei, se só escrevemos sobre o que acreditamos ou com o que sonhamos?

Há o tempo de plantar e o tempo de colher.
Há o tempo de nascer e o de morrer.
Entre os dois tempos há o tempo de viver.

Eu gastei muito tempo escrevendo e sonhando porque eu achava que eu estava vivendo.

Eu gastei muito tempo tocando canções e desejando ser notado porque eu achava que eu estaria vivendo.

Gastei muito tempo desenhando, pintando, imaginando projetos infalíveis de sucesso, desenvolvendo programas de computador.

Deus me encheu de dons, mas eu só falhei com eles.

O único dom que eu obtive êxito foi o de persistir. Foi o da iniciativa. Eu nunca quis morrer sem tentar. Agora já tentei tudo e estou sossegado. Minha missão foi cumprida.

Talvez eu não tenha falhado em nada. Talvez eu tenha criado a expectativa errada.

Talvez o resultado que as pessoas tinham para mim é o que elas me deram.

Talvez eu nunca fui de confiança, Talvez eu não tenha dado nada para elas como eu achava que tinha para dar.

Sou grato àquele que me ensinou o que é perder as crenças e me estimulou a procurar por isso.

Esse jeito cético é o que me faz bem hoje. Viver sem crença; viver sem esperança; viver sem esperar cooperação das pessoas. Tudo isso é maravilhoso.

Se eu escrever mais, escreverei pra mim; Se eu tocar mais canções, tocarei para mim;
Se eu desenhar qualquer coisa, será para mim.

E assim, prosseguirei feliz.
Como um poeta morto.
Ou um violeiro estulto.
Ou um pintor inadequado.
Um alguém na multidão que encontrou a razão e enxerga nitidamente a realidade.

E não espera nada dela.

O que o movimento punk tem a nos ensinar

Quando pensamos em movimento cultural que abalou a sociedade, pensamos que estamos falando intrinsecamente de música. Mas, um movimento cultural não necessariamente inicia por um estilo musical. O movimento Beatnik, por exemplo, iniciou-se devido à publicação de um livro, o “Sem destino” (Easy rider), de Jack Kerouac. Depois é que ganhou a música de Bob Dylan e a imagem de James Dean como referências.
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O Hippie há controvérsia. Alguns atribuem a inspiração, espontânea, aos movimentos feministas, antirraciais e pacifistas, todos clamantes da Liberdade, que surgiram no final dos anos 1950.

Já outros preferem acreditar que o Movimento Hippie, assim como vários desses que citei, é um produto de engenharia social pensado em institutos de pesquisas sociais, como o Instituto Tavistock de Londres, e implantado, a partir de Nova York, com a ajuda da CIA, com uso de métodos desenvolvidos no projeto de controle mental MK Ultra.

Drogas como o LSD teriam saído do poder militar e do político e sido administradas ao público com a finalidade de criar uma rebeldia na juventude que a afastasse de ideias politizadas, deixando estas para os velhos e labões políticos de carteirinha e donos de negócios de então, que estavam interessados em manter o capitalismo ativo e em conter a ameaça comunista que assediava muito a juventude politizada. Dentro dessa teoria há uma vertente que acredita que rebelar a população no Ocidente estaria mais para uma operação de marxismo cultural, visando desestruturar as populações ocidentais e com isso dominá-las. Mas, isso tudo é coisa pra gente ver discutido no livro “Os meninos da Rua Albatroz”, em um dos capítulos da minha preferência.

Já o Movimento Punk, este sim, começou a partir de um estilo musical. Jovens inconformados com o sistema e de ter que cumprir ordens que eles não concordavam em ter que cumprir, pegavam em guitarra, baixo e bateria e construíam músicas bem barulhentas, com apenas três acordes, e colocavam nelas mensagens de contestação contra o consumismo e de bastante niilismo (pessimismo debochado) com relação ao futuro das sociedades ocidentais, a considerar o modo de vida que as pessoas nelas levavam.

O conteúdo das letras das canções estimulava as pessoas a boicotar o progresso, a recusar a cultura ocidental imposta na ocasião e, acima de tudo, a desejar se tornarem independentes.

O lema era “Do It Yourself” (faça você mesmo). Ou seja, nada de reverenciar ninguém, nada de babar por ninguém. Faça a sua própria música, a sua própria arte, faça a sua própria roupa, o seu próprio sapato e o seu próprio cabelo. Se alguém te curtir, ok, retribua se ele tiver algo a te oferecer.

O lema era forte e virou o pilar do movimento. As mensagens sendo passadas em associação a visuais deslumbrantes e a uma música simples e rebelde, nada comercial, assediavam incontinentemente o público. Os conservadores da sociedade se sentiram ameaçados.

Logo, logo eles estariam vendo seus produtos empacados nas prateleiras das lojas e dos supermercados por falta de consumidores e devido à anarquia promovida por garotos mal cheirosos de cabelos pintados e endurecidos com laquê e que usavam calças jeans rasgadas, coturnos, argolas no nariz, pulseiras e outros babilaques nos braços e nos ombros que os faziam parecer estar indo para uma guerra. E as fábricas estariam repletas de grevistas e de operários reivindicando direitos. Foi a partir daí que os laboratórios da indústria cultural interviram para frear a cultura que avassalaria o capitalismo.

A primeira providência foi arregimentar os ícones da cultura. Bandas que foram criadas para passar a impressão de traidores do movimento ganhavam gravadoras e apareciam em espaços comerciais. Além de ter a imagem utilizada para vender Coca-Cola, o maior símbolo do consumismo, recebiam boas críticas nos jornais e revistas, prêmios e seus integrantes tinham o dia-a-dia retratado pela mídia da forma mais frívola possível. Do tipo “longe da vida artística ele faz um jet set comum”. Que em nada lembravam aqueles que cuspiam na disco music e no mundo da moda e no do show business.

Talvez, a acusação de racista associada a um indivíduo punk, fosse parte do plano para inibir a abordagem do grupo junto à classe negra. Dividir para conquistar. Isso porque o forte apelo ao boicote que fazia parte da ideologia do movimento fosse, quem sabe, inspirado nas atitudes propagadas por Martin Luther King. Entretanto, o reggae ganhou visibilidade em solo britânico graças ao Movimento Punk. Com o mesmo objetivo de macular a cultura e torná-la desinteressante, a associação ao neonazismo foi feita. Umas das melhores táticas de guerra psicológica ensinada pelos nazistas estava sendo usada pelos que combatiam o movimento Punk: “fira a imagem para ferir os argumentos”.

Com isso, a resistência capitalista venceu. Como movimento de contestação o punk fracassou. Mas, continuou existindo como moda e como estilo musical. E até certo ponto como comportamento jovem.

Para fechar meu texto de homenagem a essa cultura que foi uma espécie de filosofia de vida para mim na adolescência, vou contar um grande momento de alguém anônimo que eu presenciei.

Eu trabalhava em um setor em uma escola, o qual organizava o material didático que os professores iriam lecionar na sala de aula. Eu e um gordo éramos diagramadores. E havia o nosso chefe.

O chefe recebia a certa hora do dia uma pilha de jornais para ele selecionar matérias. As matérias virariam conteúdo didático. Ele costumava colocar em um lado da sua mesa aquilo que ele ia aproveitar e no outro lado o que ele descartaria.

Certa vez ele recebeu o caderno de cultura de um dos jornais que lhe eram enviados e viu nele uma matéria especial sobre a vinda ao Brasil do músico nova-iorquino Lou Reed — líder do Velvets Underground, para alguns o percursor da punk music, antes mesmo dos conterrâneos Ramones e de Johnny Rottten e de Sid Vicious, londrinos das bandas Sex Pistols e Siouxsie and The Banshees, respectivamente.

O chefe fez uma cara de desprezo, pegou o jornal, fitou a grande foto do artista e disse: “esse excremento da sociedade não vai para direita nem para esquerda, vai direto pro lixo”. E em seguida, embolou o papel, jogou-o na cesta de lixo e ainda cuspiu por cima.

O gordo, que entre nós era o que menos parecia admirador da cultura punk, o que tem tudo a ver com a cultura, dirigiu-se ao chefe e disse: “é por causa de um excremento desses que se tem esse tipo de comportamento hoje em dia”.

Só me restou ir para o banheiro, parabenizar o Gordo e rir bastante da cara do chefe. E agradeço até hoje ao Gordo por essa lição de reconhecimento. Às vezes, creditamos a coisas que nos são inerentes quem nada tem a ver com elas e debochamos daqueles que são os verdadeiros responsáveis por sermos como somos. E pode apostar que algum ícone da cultura punk contribuiu consciente ou inconscientemente para a formação do seu modo de agir e de pensar. Queira você ou não admitir. Afinal, do it yourself.

10 truques que os Call Centers usam para chamar ligação

Nesses tempos de Capitalismo esgotado, cidades lotadas de pessoas em idade para trabalhar e com o modelo social consumista mantido, alguns negócios beiram a fantasia. Ou seja, eles existem para gerar empregos e encaixar em seus cabides a população excluída do emprego tradicional.

Consta que estes cabideiros emprega um número de pessoas bastante volumoso, cuja folha de pagamento para ser quitada necessita que seja também bastante volumosa a demanda dos serviços que eles operam. Por exemplo: se fabricar ovos de páscoa fosse um desses negócios, a empresa teria que fabricar dezenas de milhares desse produto mensalmente. E a Páscoa também teria que ser mensal.

Como essa procura não aconteceria mesmo se a Páscoa fosse mensal, a fábrica teria que partir para um marketing enganoso para chamar vendas, que derruba a ética e beira o crime. No capitalismo, para garantir emprego e consequentemente consumo e arrecadação de impostos, vale tudo. Menos honestidade.

Um exemplo real dessas empresas são os Call Center. Particularmente os que atendem a telefonia móvel. Eles cuidam de atender os chamados dos clientes para fazer ativação de serviços, solicitar envios e verificações diversos, e reclamar de cobranças indevidas, erros nas contas e falhas técnicas na prestação do serviço de telefonia móvel e de internet. Reclamar disso com essa lei que prevê a terceirização da atividade-fim nas empresas, que o Eduardo Cunha quer implantar, vai ser osso duro, pois o executor da prestação de serviços estará mascarado. Será difícil saber quem responsabilizar.

Entretanto, se tudo correr bem (como deveria, a considerar a natureza das solicitações e das reclamações) essas ligações jamais ocorreriam ou ocorreriam em número inferior ao que necessita o Call Center. É por isso que este parte para o marketing agressivo para criar a sua demanda. Vejamos dez das táticas.

01. Enviar SMS dizendo que o número do telefone foi sorteado para receber um prêmio.
No call center o cliente é orientado a descartar a mensagem, pois, para ela não existe procedimento dado pela operadora, ou ligar para o número que originou o SMS — que seguramente também não existe no texto.

02. Solicitar ao cliente que ligue para a central para resolver uma pendência financeira com a operadora.
Quando a pendência existe, a tática é válida. Quando não, ela aborrece, pois o cliente perde tempo tendo que ligar para a operadora — o que não é muito fácil e nem salutar ficar ouvindo gravações até que alguém o atenda — e ainda há o desconforto de se ouvir atendente informar que o sistema não está operante só para esquivar-se da ligação o mais rápido que puder, como ele é orientado a fazer pela gestão do Call Center, a fim de cumprir resultado e passar para a próxima ligação, que é o que interessa ao call center — e não o atendimento.

03. Solicitar código de barra para se fazer pagamento.
As operadoras de telefonia móvel oferecem um sistema de pagamento que elimina o envio de conta pelo correio. Para fazer o pagamento, o cliente só precisa ter o código de barra da conta e pagar no caixa eletrônico do banco onde o cliente tem conta corrente ou nas casas lotéricas dispostas a receber dessa forma. A empresa alega estar contribuindo com a natureza evitando emitir papel, mas, na ponta do lápis isso não é verdade. E a opção é facultativa: o cliente opta por pagar dessa forma se quiser. Arrogantemente, para cumprir resultado dessa ativação, que é a preferida das operadoras por não gastar com correio, os call center ativam a modalidade de pagamento sem a autorização do cliente. Quem possui essa opção ativada em sua conta tem direito a receber automaticamente por SMS o código de barra 10 dias antes do vencimento da sua conta. Ou, então, a senha para que ele entre no site da operadora para visualizar e imprimir a fatura. Porém, é comum nem o código ser enviado e nem o site estar no ar para que o cliente o utilize (propositalmente?). Restando-lhe ligar para o call center para solicitar o código de barra. Essa tática gera mais dois outros tipos de ligação: solicitar a desativação de sua conta da opção de pagamento por meio de conta eletrônica e resolver problemas de corte de serviço por atraso de pagamento, uma vez que sem como fazer o pagamento o cliente acaba por atrasá-lo e por ter o serviço cortado. O mais pontual dos adimplentes dentre os consumidores pode passar pelo constrangimento de se tornar um mau pagador na mão dessas operadoras. Vendo seu nome transitar no Cerasa e tudo mais.

04. Corte de serviços.
É muito comum os clientes ligarem para verificar a razão de serviços, como por exemplo a internet, não estar funcionando. Muitas vezes o motivo é o corte do acesso, feito sob manipulação, à distância, da configuração de seu chip. Essa manipulação é feita em Call Center.

05. Campanhas fantasmas.
Em alguns pontos de visualização, o cliente toma conhecimento de um plano ou de uma promoção inexistente e liga para o call center para saber a respeito e ativar. Nele, ele recebe a informação de que a promoção é desconhecida e, de quebra, recebe a oferta para fazer outra no lugar. Bem menos vantajosa.

06. Bloqueio do acesso. O cliente não consegue fazer ligações ou receber e por isso liga para a central para saber o que está acontecendo. Por lá ele descobre que sua linha está bloqueada e, com a gentileza do operador, que nada sabe a respeito, reverte a situação. Essa é muito boa de acontecer quando você tem saldo, tem todo direito de fazer ligações, está numa emergência e descobre que não pode fazer a ligação porque te golpearam para você dar trabalho para um Call Center.

07. Conta errada.
Você paga certo valor e na sua conta vem um pouquinho a mais. Você vai ligar para a central reclamando e vai ter a sua contestação realizada. Mas, terá que se contentar com a indignação dessa extorsão.

08. Cancelamento não realizado.
Você não quer mais o plano e liga para a operadora solicitando o cancelamento. Após negociar com você, o atendente diz que cancelou o seu plano. Passados alguns dias, vem uma fatura na sua casa. Você liga, então, para saber se o seu plano foi ou não cancelado. E fica invocado ao descobrir que o atendente a quem você pediu cancelamento trapaceou para atingir o resultado exigido pelo Call Center, de evitar cancelamentos, do qual ele, o operador, não ganha coisa nenhuma.

09. Ativação de serviço indevida.
Você coloca crédito em sua linha e vê sumir parte dele instantaneamente. Daí, você liga para a operadora para tirar satisfação. Descobre que se trata da ativação de um serviço que você desconhece e não solicitou. A operadora jura que você fez a ativação. E está disposta a te ressarcir o valor, cancelar a assinatura e bloquear as ofertas do serviço via SMS para você não contratar de novo. Isso se o operador que te atender estiver disposto a fazê-lo — se ele não estiver com seu caráter carcomido por causa da abdução da gestão do call center onde ele trabalha — ou se ele não receber a orientação de falar que o sistema está inoperante para fazer o atendimento, devido ao fato de a fila de ligações estar alta ou ao fato de a operadora ter solicitado não fazer mais ressarcimentos no dia. Essa é a pior das dores de cabeça que os usuários de telefonia móvel têm. E a Anatel não faz nada para mudar isso.

10. Ativação de plano indevida.
Isso é um crime contra o consumidor. Um contato ativo surge de uma central de atendimento, oferecendo a ativação de um plano. Faz promessas enganosas — como o uso do plano por um ou mais meses sem pagar — e quer você decaia ou não da oferta, aparece-lhe uma fatura para fazer o pagamento. Logo, você liga para pedir contestação da fatura, cancelamento do plano e cobertura dos danos morais praticados pelo operador de telemarketing que entrou em contato com você. Nessa, com certeza você vai ouvir “meu sistema está inoperante”, mas, boa sorte assim mesmo.

Colhi essas informações como usuário de telefonia móvel. De pré-pago, obviamente, não sou maluco de fazer um plano. Boa parte delas já aconteceu comigo, algumas eu vim a saber sobre elas e posto a minha dedução sobre o que pode estar por trás. E outras, veio-me o caso de amigos que são usuários de planos.

O que mais me motivou a colocar essa postagem no ar foi ter visto a minha mãe viver uma situação bem degradante por causa de uma jogada dessas e do atendimento irresponsável da pessoa que falou com ela.

Sei que os Call Centers livram a barra de muitos políticos, uma vez que amenizam o desemprego e empregam pessoas que em outro lugar têm dificuldade de se empregar, por falta de qualidade ou por causa de preconceitos. Mas, acredito que há solução para que seja mantida essa iniciativa de forma honesta para o trabalhador e para o consumidor. Eu mesmo tenho muitas ideias para compartilhar.

Essas dez práticas não são todas, são apenas as que listei. Hoje em dia, todo mundo tem celular e é vítima desse dissabor. Seja amigo e compartilhe essa postagem. O que pode moralizar o setor é a irreverência do consumidor. Quando receber o contato de um call center e perceber uma dessas jogadas, simplesmente ignore, pois só querem que você efetue uma ligação para um Call Center. Mas, se não tiveres nada a perder, faça a ligação e seja camarada com o cabide de emprego e garanta o pão na mesa de pessoas desfavorecidas.

Se o aborrecimento for muito grande e for real o prejuízo a ser levado, evite esperar algo da Anatel, vá direto ao Procon.

De onde vem o poder de transformação?

A gente quando chega a certa fase da vida e vê que nem tudo deu certo pra gente como se esperava de dar, passa a acreditar em tudo e a tentar de tudo para sair da frustração herdada. E uma coisa que vem me interessando demais é magia. Branca, negra, não importa.

Uma coisa que já me desvencilhei dela é o conceito de bem e mal, divindade, seres sobrenaturais, deuses e demônios. Tudo isso são invenções humanas e o máximo que existe entre elas para se decidir com qual ficar é antagonismo. O ponto de vista — o que é do bem, o que é do mal ou o que interessa ser cultuado — é você quem escolhe. E ademais, muitos dos que são poderosos e ricaços se dignam a cultuar divindades satânicas e ocultismo e cuidam para que evitemos esta cultura e nos ocupemos com práticas religiosas cristãs exatamente para que não utilizemos das práticas a que eles se lançam e para que não gozemos dos benefícios que eles gozam.

E me lançando às mais diversas leituras e experimentos para se alcançar objetivos por meio de magia — feitiçaria, bruxaria, xamanismo, paganismo, wicca, magia cristã —, me pus a refletir sobre se realmente é possível o homem desencadear algum tipo de poder que modifique algo na realidade dele. E o que seria responsável por fazê-lo?

Alguns métodos mencionam fazer-se orações. Se for possível modificar algo na nossa realidade por meio de orações, o que traria essa modificação poderia ser a força do verbo (das palavras ditas e mentalizadas)? Já que o som materializa-se conforme a frequência de vibração, poderiam ser as ondas que se formam e vagam pelo ar após proferirmos as palavras da oração a entidade facultadora da transformação?

Outros mencionam o simples desejar. Imaginar e desejar profundamente. Seriam as ondas cerebrais emitidas nesses processos as responsáveis pela materialização ocorrida na realidade, caso isso dê certo? E essas ondas, seriam oriundas de sinapses neurais especiais brotadas no cérebro do mago após ter ele praticado algum ritual ou feito alguma absorção sensorial através de algum de seus sentidos humanos? De repente, ao inalar ou ingerir uma fragrância ou um elixir mágico; ou ao se expor à batidas de tambores e se mover em danças ritualísticas?

E ainda há os que sugerem que estarmos de porte de alguns objetos e elementais — como cristais, pedras preciosas, espelhos, tochas, galhos de árvores, folhas de plantas —, bastando portá-los ou tendo que apontá-los para o éter, combinando ou não com um pensamento disciplinador, havemos de receber em troca aquilo que queríamos obter antes de enveredarmos na magia praticada. O poder, nesse caso, estaria na energia — ou em alguma outra coisa — dos objetos ou elementos utilizados?

Em todos esses métodos a figura da crença é fortemente visível. O uso da mente idem. Mas, quando nada acontece após se lançar às práticas de algum método, é com as crenças que nos frustramos. Desencorajamo-nos de valorizar tanto a mente humana ou o cérebro humano por teoricamente torná-los capazes de realizar feitos metafísicos. Decidimos que ambos não têm poder algum de fazer pelo simples pensar modificações na realidade individual ou na coletiva. E procuramos deixar de ser besta e de continuar a apostar nisso. E concluímos de uma vez por todas que o jeito é contar com a sorte de ter um destino mais pródigo nos reservado. Que não seja só o insípido que temos vivido que vá ser a nossa existência. Matamos em nós nossa crença e nosso estímulo para se vir beneficiado por uma técnica que está ao nosso alcance utilizá-la.

Entretanto, se magia existir, se for possível mudarmos nossa vida por meio de magia, é a mente mesmo quem vai observar isso. É a mente quem vai apreender isso. Quem vai constatar o feito e quem vai utilizar o benefício conquistado. Sendo assim, não temos muito o que fazer. A não ser jamais pensar em magia ou jamais imaginar-se bem sem que seja preciso constituir muito esforço.

Deixar de se valer dessa faculdade humana é deixar o destino melhor para quem está disposto a apostar na fé, seja racional ou não, tenha-se comprovação ou não. Estar a imaginar é estar constantemente a se divertir. E divertir é a chave para a felicidade, pois tira o estresse, traz saúde e alegra a mente.

O que está por trás da liberação dos jogos de azar

Agora é assim: O Temer espirra, a imprensa golpista aplaude. O que há de novo nisso que o presidente em exercício quer aprovar: a liberação dos jogos de azar? Quantos não tentaram isso — como forma de acabar com a clandestinidade do jogo e de aproveitar o dinheiro que esse meio gera e que acaba indo para o bolso de clandestinos, com o Governo e a sociedade deixando de pôr a mão em pelo menos um centavo — e as bancadas moralistas do Congresso, principalmente a evangélica, barraram a intenção?

Tem que haver algum motivo para que agora seja diferente. Quem será que vai sair ganhando, quem será que vai administrar esses negócios? Ganhar corruptamente as licitações e monopolizar o mercado?

Não há muito tempo e tinha os bingos competindo com as igrejas evangélicas a compra dos pontos onde funcionavam cinemas de rua. Virou febre, programa para aposentados e incomodou por causa do dinheiro que os donos dos estabelecimentos estavam ganhando (E também porque as melhores rodadas aconteciam aos domingos na hora do futebol na Globo, que ninguém perdia tempo vendo). E não demorou muito e, alegando que muitos jogadores estavam sendo trapaceados, perdendo muito dinheiro e desagregando famílias, deram um basta neste negócio. Ficaram só as igrejas.

Havia também as máquinas caça-níqueis, o Buraco e o Poker em fundões de botecos. Tudo isso aí deve ser agora liberado como se fosse uma ideia brilhante e solucionadora. Do jeito que essa gente que entrou no governo é hipócrita e mal intencionada e a grande mídia idem… Até as rinhas devem entrar na lista de legalizações.

Mas, qual a vantagem em se promover tal liberação? O que deve estar por trás disso?

Para vir assim tão relâmpago,com certeza houve financiador desses políticos ou do golpe cobrando a dívida. Moralizar o jogo, acabar com a clandestinidade do mesmo, pode esquecer, não é com isso que eles estão preocupados. Deve ter fornecedor querendo vender máquinas caça-níqueis e outros jogos, fornecedor de jogos de cartas, donos de cassinos de Las Vegas querendo expandir (de olho nas olimpíadas)… Até roleta deve tá nesse bolo. Eu é que não caio na lábia! Minha conduta vai ser: Boicote. Boicote você também que você vai se dar bem!

Sou a favor da aprovação, mas não da desonestidade do oportunismo. E, ademais, há prioridades maiores para merecerem providências em primeira mão e para serem reportadas pela mídia com entusiasmo. Preocupações típicas de serem apresentadas logo na primeira semana de um governo que se diz solução. Ok, Ministro da Justiça que disse que São Paulo é honesto e o resto do Brasil não?

Ateus, graças a Deus

E entao, a bancada evangélica no Congresso queria tirar do Brasil a condição de estado laico. Usaria todo o poder que lhe foi supostamente concedido pelo novo governo para oficializar o pleito. Acreditava a bancada que os males que assolavam Brasil se devia a falta de crença em Deus e de Jesus no coração por parte da maioria da população.

As pessoas que não tivessem uma crença religiosa ou as que não aceitassem a Cristã, seriam covardemente oprimidas. Aquele que não se satisfizesse com a condição imposta, teria a opção de banir-se para outro lugar ou recorrer ao suicídio. Era o senso de justiça a ser empregado pelo novo jurídico brasileiro.

Obviamente, o congresso não é formado por apenas um grupo de idealistas. A pluralidade de ideias é que faz uma nação estabilizada. Se todos fossemos voltados para o pragmatismo religioso, o Brasil seria uma presa ainda mais frágil para os capitalistas estrangeiros. Veio, então, a contraproposta partindo de um satanista. Ele disse:

— Nós satanistas não concordamos com isso. Se somos nós os causadores de todo o caos que assola o país, vamos usar toda a nossa força para não sermos varridos daqui. E vocês nada poderão fazer, pois, se pudessem, já que vocês têm toda essa moral, teriam feito antes, não teriam deixado as coisas chegar aonde chegaram.

Em mente, um ateu parabenizou a sinuca de bico muito bem dada pelo satanista no líder da bancada evangélica e pôs-se a analisar as duas crenças.

Ambos acreditavam no sobrenatural. Um, em uma figura demoníaca, perversa, capaz de se valer das forças da natureza para promover o mal e alcançar seus objetivos.

O outro acreditava em um ser celestial, moralizador, criador de todas as coisas. Bondoso, ultra caridoso e, por que não dizer, escravizador, uma vez que não aceita que um grupo tenha uma conduta contrária ou bem diferente da que ele implanta. Ou, pelo menos, da que implantam em nome dele.

Um desafio interessante, imaginou o ateu, seria ambos digladiarem utilizando o poder concedido pelas entidades que cada grupo cultua. Um flash de imagem onde um dos sujeitos descruzava os braços e gritava “Shazam”, voltando, frustrado, a cruzá-los novamente por nada ter acontecido, passou por sua cabeça. E, depois, foi a vez do outro. Esse, com a palma de uma mão no cotovelo da outra, tentando disparar raios a la Ultraman. Se chateando por não ter saído uma faísca sequer e ele não ter conseguido atingir mais do que o senso de ridículo do seu oponente.

Ou seja, ninguém ali tinha poder maior do que tinha ele próprio, o ateu. Havia neles apenas crenças, mais nada. Como poderiam perder tanto tempo com aquela preocupação. A mudança pretendida pela bancada religiosa em nada mudaria o quadro social do país. E arrogantemente desejava decidir por toda uma nação. Que mesmo havendo apenas religiosos nela, ainda teria-se que computar outros que sequer se envolvem religiosamente com o cristianismo. Eles próprios — o cristão e o satanista — eram exemplos de que o maior problema dos males que assolam o país é a ignorância do povo.

Fazer amigos é a chave para acabar com os problemas

Melhor do que assumir problemas é fazer amigos. Pare de falar “meus problemas”. Os problemas são gerais, todo o mundo os tem.

Quase todas as pessoas que estão próximas têm os mesmos problemas. Se uma encontrar a solução, ela servirá para os demais. Ou para muitos desses.

Só que aquele que encontra uma solução não divulga publicamente essa solução, pois, uma vez dispersada ela pode ser anulada.

Mas, provavelmente ele vai querer ajudar um amigo a sair da mesma situação em que ele se encontrava. Ele vai se interessar em divulgar para os amigos apenas.

Portanto, adestrar os problemas não leva a nada. Não se combate fogo jogando lenha nele. Combate-se impedindo que ele se alastre.

É melhor gastar o tempo de remoer problemas fazendo amigos. Se pode contar com eles caso eles encontrem soluções. Ou, então, junto deles encontrá-las. Esforço conjunto funciona melhor.

E outra coisa: Procure mais se mostrar ser uma pessoa flexível do que uma pessoa resolvida. As pessoas quando querem passar algo para alguém elas pensam se a pessoa para quem elas pretendem passar uma informação desejariam ou estariam dispostas a aceitá-la. Elas usam como critério de decisão a natureza da pessoa com quem elas esperam compartilhar alguma coisa. Elas analisam se o outro gostaria de que certas informações sejam dadas para ele. Deixa-se de chegar a uma solução importante para si, algo precioso até, só por passar-se a imagem de pessoa que não está aberta a opiniões ou ajuda vindo de qualquer um. A imagem de pessoa definida, superior.

Ao passo que quando passamos a imagem de pessoa aberta a qualquer questionamento ou a qualquer discussão de ideias, mesmo não nos interessando pelo o que quer que seja, o comportamento dos outros perante nós é diferente. Ajudar-nos para eles é um prazer. Além de que, às vezes o que eles querem mais é nos ouvir. E aí é que acontece o milagre da inovação, que pode transformar visceralmente pessoas comuns em celebridades. Problemas muitas vezes são oportunidades.

Como fazer o exótico passar a ser o corriqueiro

“Revolução é quando o exótico passa a ser o corriqueiro”
(Ernesto Che Guevara)
*Frase usada e demonstrada no livro “Os meninos da Rua Albatroz”.

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Protesto não é revolução. Protesto é só um caminho que pode levar a ela. Uma multidão reunida demonstra insatisfação a respeito de alguma coisa, então, as autoridades e as classes opressoras recebem o recado por meio dessa manifestação. O que pode vir a lhes intimidar. Se isso acontecer, o protesto, então, terá sido um grande passo para se chegar à revolução. Se não, as coisas ficam como estão ou pioram, portanto, deve haver meios mais eficazes de se chegar à revolução.

E depois, imagine a seguinte situação:

Contratada por interessados, a grande mídia estoura um boato de que determinado Presidente da República deve ser deposto, pois o mesmo dá cobertura para a corrupção. Toda a grande mídia teria, no caso, recebido dinheiro do grupo de políticos e empresários opositores do tal Presidente e interessados em espalhar o boato para alcançar seus objetivos, os quais têm livre acesso à ela. Os donos dos veículos de comunicação que a compõem, bem como alguns jornalistas e personalidades, acostumaram-se a ganhar o dinheiro sujo desse pool político-empresarial, além de também congregar na mesma fraternidade que eles congregam.

Ilustremos também o motivo de os irmãos quererem denegrir a imagem do tal presidente: Ele anda aprovando leis que beneficiam o pobre e o trabalhador e que dificultam a corrupção e restringem as facilidades que os grupos dominantes têm para crescer economicamente explorando o povo e para chegar ao poder político, principalmente financiando campanhas eleitorais de políticos e partidos, que os favorecerão em algum projeto.

Atos de combate que não são bons individualmente para os membros da fraternidade, que se acostumaram com poder e regalias, e nem para a própria fraternidade. E se não é bom para ela também não é bom para os veículos de comunicação que compreendem a grande mídia, por eles fazerem parte dela e tirarem dela suas receitas. Por isso, estes, além de ganhar o dinheiro pelo trabalho de manipulação, se interessam em cooperar com o golpe por motivos próprios. Eles pouco se lixam se o país pode estar sendo vendido e perdendo soberania, se a democracia é abalada ou se o povo, que é a própria audiência desses veículos, está sendo enganado e podendo sofrer grandes prejuízos. O capital e a sobrevivência no capitalismo falam mais alto. A ética inexiste para o capitalista.

Ao espalhar o boato contratado, a mídia faz parecer junto à opinião pública que se trata de um furo de imprensa, uma notícia inviolável. E assim a massa de espectadores e de leitores cria crença e propaga o golpe.

Só que é óbvio que nem todo mundo dá trela para essa grande mídia — nem todo mundo tem o cérebro lesado por ela. E também, o presidente tem lá seus correligionários, simpatizantes e eleitores. Essa legião não verá o grupo ofensor do presidente articular, sem fazer qualquer coisa. Por não ter a grande mídia a seu lado para que possam expor a um grande público a opinião contrária, e com isso combater fogo com fogo, eles enfrentam problemas de descrença até mesmo dentro do próprio público. Pessoas que recebem ou que já receberam benefícios vindo dos projetos do tal presidente, que são frágeis por se exporem aos veículos de comunicação conspiradores, questionarão, motivadas pela massiva mentira propagada pela Conspiração, a integridade do grupo ofendido, o diminuindo o contingente. Essa história de direitos iguais, quando envolve os interesses dessa elite burguesa e sua maçonaria, é conversa para boi dormir.

Para compensar a falta de visibilidade que tem a sua opinião, o grupo revoltado com a injustiça que sofre e com o boato de acusação, logo prepara uma manifestação nas ruas. Pois, mesmo que a grande mídia não reporte o fato, só não verá ou não saberá do protesto e dos motivos que o fundamentam quem não quiser saber.

A mídia — no caso a informativa — exibe, sim, algo sobre a rebelião. Ela não pode fingir que não está acontecendo um protesto, pois seu público pode desconfiar da integridade dela. Porém, ela o faz minimizando e tornando insignificante a “reuniãozinha” o mais que puder. Se valendo de closes fechados em fotos e filmagens e contando com a ajuda de uma instituição que possui credibilidade junto ao público, a Polícia Militar, que por algum motivo coopera — é sabido que membros de alta patente da instituição pública faz parte da fraternidade conspiradora em questão —, para informar haver, por exemplo, cinco mil pessoas manifestando e que os organizadores informam haver cem mil. Mesmo podendo ser visto no material que a contramídia propaga como pode, geralmente em redes sociais na internet, espaços comunitários e jornais de esquerda de tiragem razoável, uma vez que rádio e televisão são mídias restritas aos grupos opressores, ou, a olho nu, na própria rua onde acontece o evento, que a informação verdadeira está mais para o que informa os organizadores. A estratégia midiática é suficiente para causar depreciação ao esforço do comitê organizador da manifestação. O público que se expõe à grande mídia é treinado diariamente a ser bastante suscetível a essas articulações.

Bem, para que a mídia hegemônica use essa estratégia, o fato depreciado tem que ter sido bastante preocupante. Para se conseguir a total adesão da opinião pública, aqueles que contratam a grande mídia para aplicar o golpe da propagação de informação manipulada típico de guerra psicológica precisam fazer mais do que isso. Eles, então, decidem preparar uma manifestação em resposta. E desejam que a multidão a ser formada seja em número muito maior. Assim, parecerá que a maioria apóia o pleito deles. Só que eles não são bestas de contar apenas com closes de câmeras e contagem amiga feita pela Polícia Militar. Eles precisam articular para colocar um grande número de pessoas nas praças e nas ruas a bradar pelo que eles pedem.

É sabido que em cada cidade de grande porte possui uma elite favorecida. E que essas elites certamente comunicam uma com a outra, através de uma fraternidade em comum. De modo que os interesses da fraternidade são interesses das elites.

Suponhamos que em cada cidade de 50 mil pessoas, cinco mil delas participam da elite local. Chegando ao dobro esse número se contarmos os indivíduos que são arregimentados pela suscetibilidade à mídia e os que têm a vida social impactuada caso não se submeta às solicitações lhes feitas por essas elites, como por exemplo uma babá que cuida da criança de um burguês desses. Teríamos, então, o restante da amostra de 50.000 indivíduos, formada por abstêmios da opinião usada no recrutamento do contingente ou defensores da opinião contrária. Ou seja: a grande maioria não apóia a opinião golpista.

Se a grande mídia propagar informações favorecedoras ao golpe focando em cada cidade dessa será impossível ela não ter que engessar a informação. A solução, por sua vez, é levar cada contingente de 10.000 simpatizantes da opinião para protestar em uma cidade central, que seria a capital de cada estado.

Assim, ficaria fácil de vermos um milhão de pessoas na Avenida Paulista a pedir a deposição do tal presidente. Q que a mídia fatalmente informaria como uma multidão de locais e deixaria para fazer closes nas cidades de origem, com as mesmas pessoas que foram deslocadas, um dia depois.

Com essa ilustração se convence de que protestos não são a forma mais impactante para se viabilizar uma revolução.

Já boicote: sim. O boicote é uma atitude individual que se soma. E o efeito gerado pela insatisfação não é facilmente manipulável.

Vou ilustrar uma situação em que se boicota o voto.

Pelas leis brasileiras 51% de votos nulos ocorridos em uma eleição a anula e força uma nova eleição com candidatos diferentes dos que concorreram na inicial, ficando estes fora de concorrer a cargo político durante quatro anos. Se os oprimidos de um sistema decidirem não apoiar candidato algum com o seu voto ele estará forçando uma moralização no setor eleitoral. Até que o exótico — candidatos sérios e úteis — passe a ser o trivial.

O manual do revolucionário

Continuando a série que mostra os livros citados no livro “Os meninos da Rua Albatroz”, segue texto sobre o “Mini-manual do guerrilheiro urbano”, de Carlos Marighella, escrito em 1969, mimeografado e distribuído, em diversas versões, em junho do mesmo ano.

A célebre obra serviu de orientação aos movimentos revolucionários de esquerda que inflaram o cenário político brasileiro dos anos de chumbo. O livro inspirou a jornalista alemã Ulrike Meinhoff a escrever o seu “Conceito da Guerrilha Urbana”, publicado em 1971, e ajudou na orientação da luta das Brigadas Vermelhas, grupo italiano de combate ao sistema na Itália.

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Em 1980, a CIA — Central Inteligence —, dos Estados Unidos, editou e publicou versões em inglês e espanhol da publicação e usou como material didático na Escola das Américas, que preparava no Panamá militares para combater em guerrilhas.

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O livro instrui a combater o Estado por meio de luta armada e guerra psicológica. A preocupação principal é preparar pessoas comuns para serem guerrilheiros, a fim de destruir ditaduras implantadas e mantidas pelos Estados Unidos pela América Latina a fora.
Além da preparação militar dada pelo manual, há também a preparação ideológica.

No meio militar, o livro tem sua razão de ser perigosa a sua leitura. Mas, no civil ele incomoda muito conservador de hoje em dia. A maioria dos sites que disponibilizam material ou escrevem sobre esse trabalho o degrada e procura torná-lo desinteressante a seus visitantes. Isso tem explicação: o poder didático e de influência que tem o material.

Isso porque quem picha esse trabalho provavelmente faz parte de algum dos grupos que preferem que as pessoas continuem pensando e agindo como pensam e como agem — ou seja, que elas continuem sendo meros e pacíficos contribuintes do sistema e não ofereçam ameaça de mudança de status quo para as classes dominantes da sociedade, que gozam de regalias, precisam do trabalhador para mantê-las e não gostam de ir para o front de batalha defender seu posto. Preferem usar o povo, na figura do policial, para fazê-lo em seu lugar, a troco de um parco salário.

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E tirar qualquer cidadão dessa condição de contribuinte passivo da sociedade é um dos objetivos do manual. Para tanto é preciso que ele se torne consciente da sua situação miserável, saiba quem o torna assim e o explora e esteja capacitado e disposto a lutar por um ideal nobre: a liberdade.

Além da preparação militar, instrução quanto ao uso de armas, de comunicadores e de veículos, o livro ensina sobre sabotagens de obras e programas do governo, terrorismo psicológico, táticas para desviar pistas e para ocupar a polícia, organização de motins, greves e interrupções no trabalho, sequestros e expropriações diversos, como organizar tribunais de justiçamento, a confeccionar armas caseiras, disfarces, comunicação em código e outros itens do “vale tudo” da Guerra.

Literatura indispensável para os dias de hoje. Outrora se fazia aulas de lutas marciais para estar preparado para o caso de necessidade de defesa pessoal, atualmente se passou a precisar também saber se defender do Sistema para garantir dignidade e evitar perda de direitos conquistados. Coisas que estamos ameaçados de ver cair a baixo devido à troca de governo. O substituto é menos confiável do que o anterior.

Se o Sistema não o ajuda, não o quer respeitar, sabote-o. A forma civilizada e altamente funcional de se fazer isso é por meio de boicotes. Boicote de trabalho (greve), boicote de consumo (incluindo uso de serviços), boicote de atenção (negar audiência para a televisão e o rádio, compra de exemplares de jornais e revistas, acessos a sites, blogs e redes sociais), boicote de voto (votar nulo, em branco ou em candidatos menos favorecidos). Não havendo a possibilidade pacífica, o “Minimanual do guerrilheiro urbano” dá o recado.

Ande sempre com uma cápsula de cianeto no bolso

Você votou em Michel Temer na última eleição presidencial? Não, é claro, ele não era candidato à Presidencia da República. Se ele fosse, talvez a eleição atingisse outro resultado. Não exatamente com a Dilma recebendo menos votos por ele não ter sido o vice dela, pois muitos que votaram em Marina Silva o fizeram por causa do vice da Dilma. Temer, então, teria uma votação trágica, se fizéssemos a seguinte observação: “quem votaria em um candidato a Presidente da República cujo vice é o Eduardo Cunha”.

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O caso é que teve golpe e agora Temer é o presidente. Sabe-se lá o que isso representa ou o que nos espera. Se a mídia for bastante condescendente com o governo, que é o esperado, de antemão já digo que não será boa coisa o que vem por aí. Veremos muito gesso, pior do que o que temos visto a mídia engessar a realidade dos brasileiros da divulgação do resultado das urnas em 2014 até quando se consolidou o golpe chamado de impeachment. Se a pintura for a de um “País das Maravilhas” pode ter certeza que vamos ter muita corrupção sendo encoberta e vamos ter que aguardar outra vez o PT ou outro partido de esquerda no poder para destampá-la.

Eu sou da opinião que diz que o último sujeito que alguém gostaria de ver na Presidência da República é o Aécio Neves. Mas, penso que ele tem mais direito de ocupar o cargo após esse golpe do que tem o Michel Temer. Afinal, ele foi candidato em 2014 e recebeu votos. Ou ele ou a Marina Silva ou o Eduardo Jorge ou a Luciana Genro.

Impedimento, para ser um recurso honesto, deveria anular uma presidência, anulando-se a eleição que a nomeou. Deveria-se dar ao povo nova chance de escolher o presidente. Mantendo-se ou não os candidatos que concorreram na primeira vez. A resposta nas urnas é que determinaria se o povo está mesmo caindo na lábia desses políticos corruptos, que queriam assumir cargos sem concorrer a eles e ter o caminho livre, preparado e encoberto pela mídia, para locupletar, tirar direitos do povo e assinar leis e tratados que favorecem seus financiadores. Esses políticos vão vender mais uma vez o Brasil. Seus financiadores, a maioria grupos estrangeiros, devem estar rindo à toa da nossa cara. Terão a preço de banana muitos dos nossos recursos, além de beneficiarem-se da perda de direito que vamos sofrer.

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Bom, agora não adianta reclamar. Aliás, nem antes adiantou, pois o povo foi contra o impeachment e mesmo assim ele aconteceu. A mídia fez parecer que a opinião do público era outra e pronto e acabou. Povo tem que procurar ter é atitude se quiser ganhar alguma coisa e não voz.

Uma coisa se aprendeu nesse episódio: A mídia não representa o povo. O que expõem, defendem ou propagam esses jornalistas e veículos de comunicação mercenários não é o que o povo pensa, se analisarmos sua opinião natural, fora da condução feita pelo controle mental à distância que a mídia pratica. Falo como povo.

O que mais me impressionou foi o fato de esses senadores escolherem fazer a votação à noite. Já é difícil eles gostarem de trabalhar em horário normal de labuta. E justamente no horário do futebol da quarta-feira na Globo. Que mostrava o jogo do São Paulo contra o Atlético Mineiro no Morumbi pela Libertadores, que certamente taparia atenções. Chego a imaginar que este encontro pelas quartas de final da competição foi providenciado. E agora nem mesmo esse campeonato sul-americano de futebol é confiável pra mim. Quiçá a organizadora, a Conmebol. He, he: A elite Global conspira contra a população brasileira.

No livro “Os meninos da Rua Albatroz” há a narração de uma guerrilha entre militantes anti governo e a FEB — Força Expedicionária Brasileira — de Minas Gerais. Logo que a guerrilha começa, um subversivo é surpreendido por soldados do Exército. E para não ser capturado com vida, sofrer torturas e entregar os planos da organização guerrilheira, o militante subversivo já ia enfiando goela abaixo uma cápsula de cianeto. Artifício aprendido no “Mini-manual do Guerrilheiro Urbano” de Carlos Marighella.

Parece que aqueles que não aceitam opressão, arrogância e escravagismo, nessa nova ditadura que se instaurou ontem, 11 de maio de 2016, vão ter que estar dispostos a se valer desse recurso. Direitos de civis comuns e de trabalhadores serão cassados. Meios de estes reportar ou recorrer de abusos serão dificultados o mais que puderem.

O tipo de político que entrou na presidencia, quando determina que quer o patrimônio de alguém para transformar em obra pública, em geral faraônica, ele não mede esforços. Você não vê nunca esse tipo de político mexer no que é dele ou no que é de seus entes queridos. Eles desapropriam e indenizam mandando morar no inferno os donos de direito dos imóveis. É um MST do mal. Falo por já tê-los visto agir assim em imóveis de gente que eu conheci de perto. Essa menção é só para mostrar por alto o que faz essa gente.

Então, prepare-se, pois o tipo de socialismo que esse pessoal faz interessa mais a capitalista. Para quem a ficha ainda não caiu, as antigas lutas voltaram. Pobre contra rico, patrão contra o trabalhador e por aí vai.

Bem, hora de termos atitudes. Como eu disse aí pra cima: Povo só consegue o que quer quando tem atitude. Voz, ficou claro que não temos. E esperar por ser ouvido não é saber. Hora de preservar o orgulho. O orgulho de ser livre, o orgulho de ser respeitado e de ter dignidade. Convicção disso combinado com atitudes, como por exemplo os boicotes que já mencionei por aqui (de trabalho, de consumo, de atenção à mídia e de voto — votar pra quê?) são o bastante para meter medo nesses enganadores. Vamos todos, desde já, soltar o Luther King que existe dentro de nós e pressionar esses que dizem querer moralizar o país.

Early morning
April 4th
Shot gun out
In Memphis sky
Free at least
They took his life
They could not take his pride
(U2. “In the name of love”. — sobre a morte de Martin Luther King, a quem esse mesmo Sistema que tomou conta do Brasil a partir de ontem conseguiu matar. Mas não tirando a sua liberdade e o seu orgulho.)