Parece que virou uma constante pra mim inspirar as postagens que publico neste blog nas besteiras que vão parar no mural do meu perfil no Facebook. E desta vez tenho algo bem idiota para servir de inspiração: alguém compartilhou uma reportagem cujo título é “Deputado propõe emenda à Bíblia para retirar trechos considerados homofóbicos – Você concorda ?“.
Este é um exemplo de como o brasileiro cai que nem patinho nos truques de marketing de guerrilha dos políticos. O cara é contra o Jean Willys, então, ele imagina o que vai fazer certas pessoas revoltar-se contra ele. Em seguida, ele paga o Facebook para fazer aparecer em murais de pessoas com tendência a acreditar e replicar – essa tendência o Facebook consegue coletar por meio de tecnologia de pesquisa própria, baseado no que a pessoa posta e ao que ela reage com curtir, compartilhamento ou comentários – e pronto, tá lá um corpo estendido no chão.
Aonde que fazer emenda na Bíblia é função de deputado? Se alguém pode fazer isso é só o Vaticano porque a Bíblia é uma invenção romana. É só estudar um pouquinho em vez de se tornar fanático religioso que se chega a essa informação. O livro “Os meninos da Rua Albatroz” pode ajudar nisso, pois, discute a questão de maneira bem argumentativa e baseada em estudos sérios e aprofundados, que serviu-se de fontes confiáveis.
Emenda fizeram os protestantes em uma das bíblias que circulam no meio evangélico – que eu estive com um exemplar na mão para comprovar e comparei com a minha Bíblia, na qual consta o termo no original em português – ao inserir a palavra “medium” no lugar de “necromonte”, deturpando a história de Saul em 1 Samuel 28 (veja estudo sério a respeito do caso: http://www.hermeneutica.com/estudos/1samuel28-01.html), tão somente para atacar os espíritas, que também são cristãos e formam o grupo religioso cristão que mais cresce no Brasil e no mundo.
Quanto ao registro da palavra “medium”, temos:
Embora o fenômeno de comunicação com o mundo dos espíritos seja tão antigo e tão disseminado e diversificado quanto a própria humanidade, a palavra médium, com o significado que lhe atribuímos hoje, só foi cunhada por Allan Kardec em 1861, quando da publicação de O Livro dos Médiuns, em que, no capítulo XIV, no item 159, ele afirma:
“Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo, não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns”.
Quanto à Bíblia, vide transcrição da Wikipédia:
A Bíblia é uma compilação de vários textos ou “livros” de diferentes eras, usados nas religiões judaica e cristã. A compilação de vários livros da Bíblia Hebraica em um cânon é o produto dos anos 70 e 80 d.C., o período após o cerco Romano de Jerusalém e a subseqüente dispersão dos judeus. Um cânon do Novo Testamento começou a aparecer no século IV, mas se manteve em fluxo entre as várias denominações cristãs.
Os livros individuais do Novo Testamento podem ser datados com certa confiança entre os séculos I e II d.C., mas as datas de muitos dos textos da Bíblia Hebraica são difíceis de estabelecer. Críticas ao texto os coloca, dentro do primeiro milênio a.C., embora haja uma incerteza considerável quanto ao século em alguns casos. A Torá foi redigida na sua forma de cinco livros em torno do ano 450 a.C., usando elementos de até 1000 a.C.. [1] O Neviim e o Ketuvim foram parcialmente compilados no século VI a.C. de materiais dos séculos VII e VIII a.C., e então expandidos no período pós-exílio entre os séculos V e II a.C.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Data%C3%A7%C3%A3o_da_B%C3%ADblia
Tá para acontecer o dia em que vou ver em meu mural alguém compartilhando que o deputado Fulano de Tal, do PT ou do PSol ou do PCdoB, pretende mudar a estética da estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, colocando-a de mãos postas em vez de braços abertos. E é bem capaz de quem compartilhar uma merda dessas escrever que é muita heresia para com uma obra sagrada de Deus.
Link para a reportagem cara de pau que caí de pau:
Detalhe: olha o nome da fonte da reportagem: Imprensa aloprada.