De onde vêm os craques da Seleção

Estou sempre dizendo para as pessoas que futebol é pura manipulação. Pelo menos esse moderno, industrial e vendilhão que entretem aqueles que não têm opções melhores para ocupar o tempo. Já propus desenhar, mas, mesmo desenhando, deixando bem claro o passo a passo de como se desenvolve e é veiculado o futebol no Brasil, as pessoas preferem não acreditar. Preferem se manter na ilusão, na zona de conforto. Afinal, são anos de lavagem cerebral, dói tentar sair. Não é tirar a tornozeleira eletrônica assim de uma hora pra outra que fica tudo bem. Elas ficam é com raiva de quem tenta livrá-las da atividade que paralisa economicamente a vida delas e as arrasa moral e espiritualmente falando.

Aí me dizem: “Você fala isso porque o time que você torce vive de vender resultados e trai a torcida, por isso você é invocado com o futebol”. Torço para o Atlético Mineiro. Cá entre nós, vender resultado não é manipulação? Tô certo então, ué! Quem acha que com o time que ele torce é diferente é que é um baita de um alienado.

Bom, vamos falar da Seleção Brasileira, então. Apesar de eu não torcer para seleção de país nenhum — aliás, futebol para mim se resume ao Galo, único time que dou atenção, ainda, não sei até quando —, a Seleção Brasileira é unanimidade para aqueles brasileiros que endeusam o futebol e se grilam quando alguém duvida do engodo esportivo do mesmo jeito que gente de pensamento independente e de opinião livre duvida do holocausto de judeus propagado após a Segunda Guerra Mundial pelos aliados para esconder as atrocidades que eles fizeram, principalmente contra os japoneses.

A Seleção Brasileira perdeu para a peruana e chispou da Copa América. O técnico Dunga criticou o fato de o gol da vitória peruano ter sido feito com a mão. Mas, a regra é clara: quem faz mais gol ganha o jogo. O Peru marcou um com a mão, o Brasil não marcou nenhum de qualquer outro jeito, então, perdeu o jogo. Chispa sem choro!

Na minha época, quando eu gostava bastante de futebol — escrevi sobre isso no livro “Os meninos da Rua Albatroz” —, os jogadores que iam parar na Seleção Brasileira ficavam conhecidos porque tinham seus nomes gritados espontaneamente pela torcida de dentro do estádio, graças às grandes partidas que eles realizavam.

Hoje não, os jogadores que são convocados para a Seleção Brasileira ficam conhecidos de tanto locutores esportivos de rádio e de televisão, colunistas de jornal e profissionais (ou não) de outras mídias falarem seus nomes ou escreverem a seu respeito. Ganhando seu Jabá por isso, naturalmente. O profissional e também o veículo de comunicação para o qual ele trabalha. Não se esqueça disso! Quer estejam os supostos atletas dentro de campo, em baladas ou até em programas de variedades, daqueles bem inúteis e idiotas, que existem na televisão. Aliás, é só o que existe na TV (e em toda mídia), incluindo os jornalísticos, esportivos ou não.

Até quem não acompanha futebol sabe quem são esses pseudo atores, cantores, modelos, garotos-propaganda, playboy que se passam por jogador de futebol e que com a força do dinheiro de um investidor se transforma em astro da bola, por menos intimidade ele possa ter com ela, e vai parar num grande clube brasileiro, na Europa ou na Ásia e, obviamente, na Seleção Brasileira, peça-chave para o marketing pessoal do produto de laboratório midiático, no qual a torcida brasileira deposita a sua esperança e espera contemplar, por meio dele, a imensa alegria boba que é o que se consegue com o futebol de hoje aquele que é só apreciador e contribuinte. Quando tudo dá certo, é claro!

E aí, futebol passa de uma jogada para pessoas se darem bem manipulando outras? Nem precisei desenhar, ficou claríssimo. Ou será que é preciso?

O velho truque do absurdo preço do feijão

a corrupção nossa de cada dia, antimídia, desmantelando golpes, minha opinião

1970’s. “O feijão e o sonho”, preconizava o escritor Origenes Lessa. “dez entre dez brasileiros preferem feijão”, cantava As Frenéticas em 1979 na abertura da telenovela “Feijão maravilha”. “Um entre dez brasileiros comem feijão”, parodiava o cineasta Glauber Rocha no programa Abertura da TV Tupi no mesmo ano para criticar a telenovela de Sílvio de Abreu.

Na época jogava no Santos o Rubens Feijão. O feijão nosso de cada dia era dado diariamente. Se podia comer tutu a mineira, feijão tropeiro, feijão de corda, feijoada. Feijão era comida de pobre.

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2016. Em Presidente Médici, Maranhão, o feijão se perde por falta de transporte. No sudeste, o feijão encalha-se por causa do preço absurdo. Vale tudo quando querem criar um assunto que ocupe a mente da população, deixando a atenção dela fora dos assuntos principais.

Alô, Presidente interino Temer, PSDB, PMDB e Rede Globo: estamos atentos, vamos comer só arroz, mas não vamos deixar vocês em paz. Não vamos nos preocupar com o preço do feijão e não vamos deixar voces livres para abafar a Lavajato. Que se dane o feijão!

Esta é a minha opinião’

Às vezes é boa burrice o que faz a maioria

Ué, não era só tirar a Dilma que acabava-se a corrupção? Então, por que noticiam que ministros caem por receber citaçao na Lavajato, Temer pode sofrer impeachment, Aécio é finalmente investigado por Furnas, Cunha sofre cassação e, agora, Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, é ré da corrupção por fazer viagens e comprar utensílios pessoais usando verba pública?

A corrupção aumentou. A Rede Globo enganou os trouxas tudo que foram bater panelas. Kkkkkk

Ninguém se salva, já se sabia. O certo era protestar para todo mundo sair. O questionamento aí é com relação aos argumentos usados por um grupo para mobilizar pessoas a combater a corrupção.

As pessoas acreditaram nos argumentos desse grupo e aderiram à manifestações. Ajudaram-no a atingir seu objetivo e foram enganadas por ele. Hoje, está bem claro que tirar Dilma era o objetivo do grupo e não combater a corrupção. Quem o tempo todo queria alertar as pessoas contra isso, hoje ri à toa. Pra não chorar o tempo todo, né?

Está rindo do balde de água fria que esse pessoal conservador jogou na própria turma que o apoiou, provando que o que falavam que eles não são flor que se cheire e que eles enganavam pessoas em nome do próprio interesse, era tudo verdade. Eles é que não conseguem provar nada do que acusam. Só conseguiram demonstrar que são ciladas o que eles aprontam e aprontaram para as vítimas das acusações que eles fazem para tentar convencer o povo que elas são verossímeis e arrancar-lhe o ódio. Só conseguem se atrapalhar e aumentar o desprezo da população por eles próprios, pelo Judiciário brasileiro, que eles controlam até os juízes, e pela mídia.

Fica uma grande lição disso: se a mídia está convocando, se está bombando na mídia, ignore, pois é serviço contratado a ela por gente que não quer o bem do povo. Não devemos entrar nessa porque é fria. E isso vale para qualquer burburinho que apareça na mídia. Mesmo se de outros assuntos que não política. No meio artístico e no do futebol é danado para ter dessas coisas inventadas para bombar, as pessoas pensarem que são verdades, dar fé, espalhar e terem alguma reação que favorece quem patrocina boatos.

Tanto quem manifestou contra a Dilma, quanto quem manifestou pró-Dilma, tá se ferrando hoje em conjunto. Tem aquele ditado: “toda maioria é burra”. Pelo menos essa particularidade da democracia o brasileiro reconhece: quem decide é a maioria. Então, vamos todos pagar pela burrice da maioria.

“Se a maioria é burra, foi a maioria que votou no Lula e na Dilma”

Eu sempre votei no PCdoB. Meu primeiro voto na vida foi para o Roberto Freire para presidente da republica. O PCdoB ainda não conseguiu chegar a disputar segundo turno de eleição para presidente. E como é um partido de esquerda, sempre apoiou a esquerda que estivesse competindo no segundo turno. Por isso votei no Lula e na Dilma em segundos turnos.

Nunca me arrependi de ter votado neles. Quem nega que para o pobre e para o trabalhador o Brasil é outro depois que o Lula subiu ao poder? A maioria nesse caso pode ter sido burra, mas não nesse momento em que votou no Lula ou na Dilma.

Foi burra em confiar nas trapaças do PSDB e do PMDB veiculadas pela mídia para lhe destruir os próprios direitos conquistados após o PT.

Digo isso porque não é possível que boa parte dessa gente que votou um dia no PT não tenha virado casaca e ido pro lado dos conservadores, afinal a direita foi minoria esmagadora nas últimas eleições. Aécio Neves só conseguiu a votação que conseguiu por causa dos eleitores da Marina Silva, que é esquerda. Houve uma manobra nisso aí, que envolveu até mesmo o acidente com o Eduardo Campos, que foi, pra mim, na verdade um atentado.

E de mais a mais, se analisar como burrice de voto de maioria o voto no Lula e na Dilma quando eles foram eleitos presidentes da república é certo, devo entender, então, que aquelas pessoas votaram no que votaram só para sacanear. Assim como foi o voto dado no Tiririca e no Romário. Voto descompromissado, dado só pra sacanear, manifestação de insatisfação com a falta de candidatos idôneos. Aí é burrice mesmo.

Só que às vezes surpresas acontecem. E nesses três votos dados pra sacanear a maioria se deu bem, pois, com o voto dado no Lula, o povo se aproximou da elite burguesa que tá aí querendo o posto e a diferença social de volta. E Romário e Tiririca impressionam positivamente com as suas carreiras na política.

Votar certo a gente só vai conseguir se a gente primeiro der uma lição nesses políticos todos aí: 51% de voto nulo nas proximas eleições. Topas?

Geralmente o voto do petista ou do esquerdista em geral é ideológico. Por que não colocam o voto, no Brasil, facultativo? Porque só esquerdistas é que vão votar. O restante ficaria em casa vendo o trabalho de manipulação da televisão sabendo que não é obrigado a sair do seu conforto para fazer algo que ele não gosta de fazer.

Aulas de revolta

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Cena do filme “Diário de uma motocicleta”, de Walter Salles.

Em 1985 eu fechava o Segundo Grau na escola e ia prestar o Vestibular no final do ano. E naquele ano eu estava muito influenciado pelas informações que eu recebia dos professores que lecionavam matérias de estudos sociais. Houve o primeiro Rock in Rio e eu já era bastante motivado com o mundo da música, principalmente com o do Rock and Roll. E já compunha algumas coisas, letra e melodia, pois, eu ainda não tocava violão, teclado ou gaita, como depois me foi possível.

Também aconteceu em janeiro daquele ano, a volta da democracia brasileira. Me lembro de ter visto a Paula Toller, o George Israel e o Leoni da banda Kid Abelha e os Abóboras Selvagens subirem no palco do Rock in Rio debaixo da bandeira do Brasil para comemorar o ensejo. Foi a forma triunfante que a banda encontrou para abrir seu show, embora não tivesse conseguido conter as vaias dadas no decorrer da apresentação por aquele público ainda colonizado musicalmente pela música estrangeira e que se achava nacionalista.

Meus professores de história e de geografia caíam de pau no colonialismo que sofria a sociedade brasileira durante os tempos militares, o que está exposto neste episódio acontecido com o Kid Abelha. E eles se sentiam seguros para lecionar suas disciplinas sem cortes e sem ter que dar a interpretação oficializada pelo regime sobre certos acontecimentos e seus expoentes. Estratégia granciana de seletividade editorial, que é de praxe acontecer com a didática e o conteúdo disciplinar regido pelo governo em qualquer que seja o regime. Estratégia que está em uso atualmente, que é fácil notar quando vemos a mídia determinar os assuntos a serem discutidos, quem são os heróis e quem são os bandidos.

Che Guevara, por exemplo, nas aulas que eu recebia pôde ser elevado a herói da resistência contra as ditaduras políticas e contra o imperialismo norte-americano, no qual as elites burguesas por trás das ditaduras se amparavam para garantir seu status quo e seus colonos. Fato que evidencio no Livro “Os meninos da Rua Albatroz”.

E meus professores não deixavam por menos. Íam à forra nos fazendo, nós alunos, admirar os ícones da luta contra o sistema capitalista e aspirar, com a chegada do regime civil, o ideal socialista. E disso saíam minhas letras, que hoje ganharam cifras e partituras e que aguardo publicar.

Aí vai uma, feita em 1985, aproveitando a temática apresentada.

O sol está se pondo devagar
E a lua surge pra retomar seu lugar
Lápis e caderno na pasta, beijo na mamãe
Novidade no caminho pra contar

[refrão]

Aulas de História, doses de revolta
Todo um presente pra reformar
O passado que tivemos, que a nação onde vivemos
Nega os olhos a se olhar

Menino cabeludo que anda de moto
Calça desbotada, cigarro e bota
Tem um rosto agressivo e um coração passivo
Esse médico tem o que falar
Auto-estimas pra remediar
E palavras de ordem que fazem libertar

[refrão]

Aulas de História, doses de revolta
Todo um presente pra reformar
O passado que tivemos, que a nação onde vivemos
Nega os olhos a se olhar

Não deixe a mídia fazer o seu assunto, faça você o assunto dela

“MONSTRO ESTUPRA E ARRANCA CORAÇÃO DE MENINA”
(Jornal Super. Belo Horizonte. 4/6/2016)

Esta foi a manchete de hoje, 4 de junho de 2016, do jornal Super, que circula em Belo Horizonte. Provavelmente, aproveitava o jornal da repercussão do assunto do estupro coletivo, acontecido no Rio de Janeiro, para assediar seu público ingênuo, que se diverte às pampas com notícias típicas do mundo cão. E com isso lucrar vendendo para o povão exemplares do jornal inútil.

O interessante é que os editores deste pasquim sequer preocupam com o português. Agora estão estuprando até coração, não só órgãos genitais?

A manchete me remeteu a uma discussão que tive no Facebook, nos comentários do link para postagem “33 estupradores e uma vítima de estupro: o que pode estar por trás disso”, que publiquei na quarta-feira passada. Nela eu chamava atenção para o perigo de se dar crédito ao material que se divulga na mídia. Tanto a comum, quanto a que se faz via redes sociais.

Eu acredito que nesses meios, um primeiro caso oriunda os próximos, tão somente por ele repercurtir. E muitas vezes esse primeiro caso não passa de uma encenação a fim de causar repercursão e com isso se atingir propósitos. Como, por exemplo, tapar a atenção das pessoas de acontecimentos que dizem respeito a elas.

Para ilustrar isso, eu difundi que só dou crédito àquilo que presencio, pois, está mais do que provado que hoje em dia se falsifica vídeos e se conta com a ajuda da mídia para fazê-los parecerem reais.

Eu dei o exemplo do que eu faria caso eu visse uma pessoa ser violentada por uma ou mais outras. Eu tentaria ajudar a molestada, caso estivesse ao meu alcance, ou chamaria a polícia, caso não. O que eu não faria, certamente, seria me valer do celular para filmar o crime, com o propósito de enviar para mídia fazer show e utilizar para tapar alguma demanda, ganhando ou não, eu, algum trocado por isso. Outra coisa que eu não faria com a filmagem, se eu viesse a realizá-la para apresentar as autoridades e ajudar a identificar os criminosos, seria postar em rede social atrás de compartilhamentos e outras reações que estimulariam meu ego com a atenção ganhada por algo que postei. Eu não me dignaria a nenhuma dessas mesquinharias. Nota-se que estou consciente do que representa, pelo menos neste país, a informação massificada. Compartilhar esses lixos de publicação quando aparecem em meu mural no Facebook está completamente fora de questão. Nem dou trela!

Entretanto, as pessoas estão tão zumbizadas, escravas desse comportamento de ajudar a repercutir o material do mundo-cão que a mídia ejeta, os quais as divertem e viram um brinquedinho, uma distração, para elas, que o tipo de opinião que teço, irreverente a este sistema, as agride, as faz moverem-se contra mim. Como se eu é que fosse o estuprador.

E no meu texto, deixo claro que critico a repercussão do vídeo e não o próprio. Minha preocupação é, no texto, com algo que se refere diretamente a mim: pararem a Operação Lavajato. Afinal, eu não conheço a menina que foi estuprada (se é que foi mesmo) e nem os caras que teriam a violentado. Ou seja: isso não me diz respeito, não tenho que me ocupar com isso. Tenho meus problemas e ninguém vai resolvê-los para mim.

Eu dar atenção para esse caso estarei motivando outros a aparecerem na mídia. Pessoas vão se interessar em produzir coisas parecidas para postar em redes sociais e ganhar 15 minutos de fama. Eu estaria as patrocinando com a minha debilidade e prédisposição pra consumir lixo de informação. Numa dessas pode até sair um caso real, bem facínora, e eu, sendo sensato, não vou poder dizer que não contribui pra isso, se eu ficar nessa de me satisfazer com esses lixos. Que é o que acontece com a manchete com que abri esta postagem.

Já que é pra ajudar problemas sociais a ganhar destaque na mídia, vamos aproveitar, então, e promover os que passamos. Uma pessoa me contou certa vez que seus pais foram agredidos num ônibus pelo motorista. Faltaram com respeito para com os velhos. Isso é acontecimento corriqueiro e não menos grave do que estupro. Só que a mídia não se interessa por este problema. A não ser que sua apresentação possa estardalhar atenções. A não ser que criem materiais que dê boa repercussão. Quem sabe, 33 passageiros batendo nos velhos? Sendo autêntica ou não a filmagem… Afinal, estupros também acontecem todo dia, mas não com esse potencial de repercussão: 33 versus 1. É só por isso que este apareceu.

Isso faz-me lembrar de uma mensagem que passa despercebida em uma música da Legião Urbana que todo mundo gosta por causa da história, da melodia e do tamanho da música: “Faroeste Caboclo”. A mensagem é “Santo Cristo virou santo porque sabia morrer”. O cristianismo, por exemplo, como conto no livro “Os meninos da Rua Albatroz”, é uma invenção romana, um plano político traçado por Constantino Magno para chegar ao poder e formar seu império. O cristianismo não iria muito longe se a morte da personagem central, Cristo, fosse pacata, quem sabe por adoecimento na cadeia, embora existisse o passado de ter sido o Cristo largamente injustiçado, traído pelo próprio povo que ele tanto ajudou a livrar-se do sistema. Se não houvesse a história do Calvário, da Crucificação e da Ressurreição narrada na mídia chamada Bíblia, quem iria se interessar pelo mártir, ainda que conhecendo suas sábias palavras? As pessoas cultuam mais a paixão de Cristo do que propriamente os ensinamentos que ele nos deixou.

O que pode estar por trás da depredação urbana

Esta semana em Belo Horizonte saiu na mídia uma notícia diferente do trivial quando o assunto é depredação urbana. Um pichador que teria pichado a Igrejinha de São Francisco de Assis, que faz parte do conjunto arquitetônico da Pampulha, foi preso como suspeito. Geralmente, quando se trata de reportar pichação em monumentos, públicos ou não, na cidade, se move a população a revoltar-se contra o vandalismo, a se educar quanto ao problema e a sentir pesar quanto à pseudo perda de riqueza e de beleza que sofre a cidade por causa dos temidos pichadores. Falam do dinheiro público que será gasto com restaurações, mas, não apresentam — e nem se preocupam em apresentar — nenhum possível autor dos crimes.

Particularmente, acho uma tremenda de uma bobagem o que fazem esses pichadores de hoje, caso eles tomem a iniciativa de pichar. Antigamente, pichar era algo nobre, ideológico, típico de um ser politizado, que gostaria de chamar a atenção para uma causa ou para uma informação tapada e não encontrava apoio na mídia comum. Ou, senão, de um sujeito esperto que aproveitava os espaços públicos para divulgar e vender o seu peixe. No livro “Os meninos da Rua Albatroz”, cito o exemplo de um comerciante de cães da raça fila, de São Paulo, que pichou vários espaços públicos em várias cidades do país com a inscrição “Cão fila Km 21”.

Outra coisa que já me desvencilhei dela é me preocupar com o patrimônio histórico, com monumento público ou com outros pontos turísticos da cidade. Os administradores da cidade fazem o que querem com ela em sua gestão, quando o povo quer fazer alguma coisa eles nos enchem de taxas. Isso quando nos liberam um imóvel, uma praça ou outro espaço.

E outra, eu às vezes subo ou desço a Avenida Amazonas, e vejo nos dois lados aqueles casarões antigos, bonitos, de arquitetura antiga e requintada, abandonados, depredados, acabados. O que antes abrigava famílias clássicas ou empresas de pequeno porte que contribuíam com a empregabilidade na cidade, hoje hospeda vagabundos e é alvo de descaso. Os donos daqueles imóveis possuem outros em toda a cidade e são especuladores do setor imobiliário. Eles nem os vendem por preços acessíveis, nem os utilizam enquanto não veem vantagem nos pontos onde os imoveis depredados estão.

Eles também não os doam para o patrimônio público, mas gostam de se valer do dinheiro público quando por algum motivo a prefeitura precisa restaurá-los para melhorar o aspecto da avenida, tornar com a harmonização imobiliária mais pacífica a região ou oferecer boa vista para alguma celebridade que em visita ao município passará pelo local.

Eu é que não me deixo fazerem-me de refém do sentimento de orgulho que esses poderosos tentam nos fazer sentir pela cidade e seus dotes paisagísticos só para que desejamos que as regiões onde existem desses imóveis estejam sempre preservadas e transpirando beleza, graças ao poder municipal, quando deveria sair do bolso dos proprietários dos imóveis o dinheiro das restaurações. Eu boicoto mesmo! Boicote de colaboração e de obediência ao sistema.

O que mais me incomoda nessa questão da depredação urbana, que não envolve apenas pichação, mas também quebradeira, como as que aconteciam nas estações do Move quando este foi lançado, são os motivos políticos que justificam os atos de vandalismo.

Muitos pichadores ou quebradores são contratados por grupos empresariais e políticos para promover badernas, a fim de criar instabilidade social, devido à violência, clima de insegurança, descrédito de político-gestor ou da administração pública vigente, necessidade de reparos. Com isso se mantém ou se derruba governos municipais, políticos e partidos. Muito do vandalismo que se noticia é golpe de parlamentar, que está em moda hoje em dia no país e que sempre sustentou administração pública e campanhas eleitorais por essas bandas.

Mantém porque a cidade precisando de obras de reparo dá razão para o trabalho de vereadores e do prefeito, bem como da necessidade de se elegê-los. Nisso, empresas que ganham licitações para prestar serviços ou fornecer material para a prefeitura podem contar com ordens de serviço. A corrupção rola solta nesse sentido. Coisas como fornecedor de vidro para as estações do Move contratar vândalos para apedrejá-las na calada da noite, a fim de criar a necessidade de reposição do vidro e cuidar desta, é passível de acontecer. E a mídia fatura fazendo isso parecer verdade.

Se derruba quando se contrata a mídia para criar a imagem de impotência ou de descaso de uma administração pública face a ação dos vândalos. Tipo de golpe praticado pela imprensa que o belo-horizontino já se cansou de ver a TV Globo golpear o prefeito Márcio Lacerda e o, de praxe, por ser petista e a manipulação da opinião pública que a Rede Globo pratica serem pagas, como se suspeita, pelo PSDB, Governador Fernando Pimentel.

Que se dane a depredação urbana. O caso da igrejinha da Pampulha prova que se for do interesse dos gestores da sociedade o crime de vandalismo não proliferaria.

Nunca se esqueça; escrevo para mim mesmo!

33 estupradores e uma vítima: O que pode estar por trás disso?

O sagrado número 33 é perturbado pela mídia. Eu estava em um local onde mulheres discutiam o caso estourado na mídia brasileira sobre um suposto estupro coletivo envolvendo 33 homens e uma mulher, menor, de 16 anos, ocorrido no Rio de Janeiro.

Uma das moças informava que um dos violentadores havia sido preso e que ele andava delatando os outros. Ela tentava imaginar o que aconteceria ao homem tanto dentro da prisão, tendo que encarar os outros presos, quanto fora dela, quando ele estivesse ao dispor dos líderes da facção criminosa da qual provavelmente fizesse parte os violentadores.

Confesso que eu só soube desse caso recentemente, aleatoriamente, pela TV publicitária que circula dentro de uma linha de ônibus em BH. E vi, de ontem (1/6/2016) pra hoje, em um canal de televisão desconhecido, o resumo da notícia, com o parecer da polícia do Rio, que estaria tendo cobrada pela população — movida pela mídia como sempre — a tomada de providências.

A polícia, obviamente, não se rende ao calor das emoções e é cautelosa quanto a apurar os fatos. Ela é correta em não aceitar acusações precipitadas, prender suspeitos irresponsavelmente e fazer interpretação do vídeo, que teria sido usado para divulgar o acontecimento, com a ótica difundida pela mídia e pela massa que frequenta as redes sociais.

A autenticidade do vídeo é duvidosa, conforme a instituição. A polícia levanta severos questionamentos — entre eles ausência de sangue na vítima no momento da agressão — quanto a natureza não espontânea do ato e sem interesses póstumos da filmagem. Colocando o material como suspeito de ter sido preparado para causar furor nos noticiários.

Mas, claro! Por que não? Uma cabulosa notícia que prenderia atenções, enquanto coisas que devessem ser noticiadas fossem tapadas, serviria bem a propósitos atualmente. Mas, o que por exemplo?

Todos achavam que tirar Dilma Rousseff do Poder fosse um supra-sumo, correto? No entanto, o tiro saiu pela culatra de uma forma que não se omite assim tão facilmente.

Michel Temer enfrenta dificuldades com a economia. Terá que fazer cortes de direitos de trabalhador e de consumidor, tomar algumas medidas que Dilma já vinha tomando e que a oposição criticava, e ele ainda enfrenta o dissabor de ver seus tidos como honestos ministros caírem a cada nova fase aberta da Operação Lavajato. De um jeito que não dá nem para os chatos jornalistas golpistas, simpatizantes oportunistas do governo, que acham que disfarçam seu interesse em manipular a opinião pública, manterem sua oratória que diz que a equipe que Michel Temer montou é indubitavelmente íntegra e eficiente.

Mas, o que mais incomoda e precisa urgentemente ser tapado para esses conspiradores, são as novas gravações e delações que agora aparecem na Lavajato. Elas apontam o dedo, quase sem como tirá-lo da reta, para tucanos e pmdbistas de peso — desses que até aqui são blindados pela mídia e têm as denúncias contra eles arquivadas —, nomes importantes de grandes instituições financeiras do país e mais a confirmação de políticos e empresários que estão enfiados até o pescoço nessa lama e que conseguem adiar as investigações contra si até o momento. Parar a Lavajato tem sido, aparentemente, o grande propósito desse governo que está aí. E sem fugir dos olhos do povo, que não desprega o olho da televisão para saber o que mais se vomitará, não será possível fazer isso.

Mas, e a polícia, com quem essa cúpula sempre conta, não está avisada sobre o possível golpe midiático para servir como tapume, que pode estar por trás desse caso de estupro coletivo? Por que ela causa dificuldades produzindo desconfianças contra a integridade do vídeo?

Muito simples: o comportamento ético da Polícia é um bom álibi para desencorajar a crença popular em teorias que contestam o fato e o colocam como produto para desviar atenções. Polícia que é vista como parceira costumaz da elite que conspira contra o brasileiro e que está entalada na corrupção que assolava os noticiários enquanto Dilma ainda estava de pé. Elite que anda de mãos dadas com o crime organizado e que não tem dificuldade nenhuma de contar com o apoio de membros da facção na produção de notícias como a veiculada. A mocinha que tentava imaginar o que aconteceria com o suposto estuprador preso, na minha opinião errou na previsão: nada vai acontecer com ele, pois ele também é parceiro nessa trama. Nem preso (fora do material de imprensa) ele vai.

PS: Sempre que olho as estatísticas dos textos que publico aqui, constato a visita regular de duas ou três pessoas. Portanto, se você for uma dessas três que vêm aqui ler o que posto, não se esqueça: escrevo para mim mesmo, não se espante!