Estou sempre dizendo para as pessoas que futebol é pura manipulação. Pelo menos esse moderno, industrial e vendilhão que entretem aqueles que não têm opções melhores para ocupar o tempo. Já propus desenhar, mas, mesmo desenhando, deixando bem claro o passo a passo de como se desenvolve e é veiculado o futebol no Brasil, as pessoas preferem não acreditar. Preferem se manter na ilusão, na zona de conforto. Afinal, são anos de lavagem cerebral, dói tentar sair. Não é tirar a tornozeleira eletrônica assim de uma hora pra outra que fica tudo bem. Elas ficam é com raiva de quem tenta livrá-las da atividade que paralisa economicamente a vida delas e as arrasa moral e espiritualmente falando.
Aí me dizem: “Você fala isso porque o time que você torce vive de vender resultados e trai a torcida, por isso você é invocado com o futebol”. Torço para o Atlético Mineiro. Cá entre nós, vender resultado não é manipulação? Tô certo então, ué! Quem acha que com o time que ele torce é diferente é que é um baita de um alienado.
Bom, vamos falar da Seleção Brasileira, então. Apesar de eu não torcer para seleção de país nenhum — aliás, futebol para mim se resume ao Galo, único time que dou atenção, ainda, não sei até quando —, a Seleção Brasileira é unanimidade para aqueles brasileiros que endeusam o futebol e se grilam quando alguém duvida do engodo esportivo do mesmo jeito que gente de pensamento independente e de opinião livre duvida do holocausto de judeus propagado após a Segunda Guerra Mundial pelos aliados para esconder as atrocidades que eles fizeram, principalmente contra os japoneses.
A Seleção Brasileira perdeu para a peruana e chispou da Copa América. O técnico Dunga criticou o fato de o gol da vitória peruano ter sido feito com a mão. Mas, a regra é clara: quem faz mais gol ganha o jogo. O Peru marcou um com a mão, o Brasil não marcou nenhum de qualquer outro jeito, então, perdeu o jogo. Chispa sem choro!
Na minha época, quando eu gostava bastante de futebol — escrevi sobre isso no livro “Os meninos da Rua Albatroz” —, os jogadores que iam parar na Seleção Brasileira ficavam conhecidos porque tinham seus nomes gritados espontaneamente pela torcida de dentro do estádio, graças às grandes partidas que eles realizavam.
Hoje não, os jogadores que são convocados para a Seleção Brasileira ficam conhecidos de tanto locutores esportivos de rádio e de televisão, colunistas de jornal e profissionais (ou não) de outras mídias falarem seus nomes ou escreverem a seu respeito. Ganhando seu Jabá por isso, naturalmente. O profissional e também o veículo de comunicação para o qual ele trabalha. Não se esqueça disso! Quer estejam os supostos atletas dentro de campo, em baladas ou até em programas de variedades, daqueles bem inúteis e idiotas, que existem na televisão. Aliás, é só o que existe na TV (e em toda mídia), incluindo os jornalísticos, esportivos ou não.
Até quem não acompanha futebol sabe quem são esses pseudo atores, cantores, modelos, garotos-propaganda, playboy que se passam por jogador de futebol e que com a força do dinheiro de um investidor se transforma em astro da bola, por menos intimidade ele possa ter com ela, e vai parar num grande clube brasileiro, na Europa ou na Ásia e, obviamente, na Seleção Brasileira, peça-chave para o marketing pessoal do produto de laboratório midiático, no qual a torcida brasileira deposita a sua esperança e espera contemplar, por meio dele, a imensa alegria boba que é o que se consegue com o futebol de hoje aquele que é só apreciador e contribuinte. Quando tudo dá certo, é claro!
E aí, futebol passa de uma jogada para pessoas se darem bem manipulando outras? Nem precisei desenhar, ficou claríssimo. Ou será que é preciso?