Ao caminhar por uma rua, recebi um papel de alguém que entregava em pró de uma igreja evangélica. A pessoa me disse “Bom dia”, me entregou o folheto e desviou-se para fazer o mesmo para quem vinha após a mim. Geralmente, o destino que dou a esses papelotes contendo mensagens evangélicas é embolar e procurar uma lixeira para jogá-lo, sem poluir mais a cidade. Porém, a elegante abordagem, sem militância e sem procurar bater a meta da igreja, um fiel por contato em média, me fez tratar diferente.
Lendo o papel eu encontrei uma mensagem bem interessante. Que dizia que conforme uma análise química, o corpo humano realmente consiste de pó da terra, como diz a Bíblia. Em seguia, um resumo dessa análise química é descrito na mensagem.
O único momento que discordei do enunciado é quando o redator tenta convencer de que o corpo humano não é uma simples máquina que vive experiências e após certo tempo ou à certa condição irá ser devorado por vermes e seguirá-se o ciclo da natureza que nos envolve. Para o redator do texto o corpo humano possui uma alma.
Eu discordo porque na prática se percebe que é a alma que possui um corpo. E ele é humano quando quem o possui quer dotar-se de certo tipo de consciência, a qual só mesmo o corpo humano, neste planeta, como se sabe por enquanto, é capaz de portar.
Qualquer um que acredita em alma, acredita que ela seja eterna. Acredita que ela seja de outra natureza, comumente dizemos ser de natureza espiritual, a qual possui meios de penetrar na essência de um corpo humano e administrá-lo até o fim da existência deste. Após este uso o corpo se deteriora e dará continuidade ao ciclo de transformação que a matéria se vale para que ela também possa ser eterna. Sim, a matéria é eterna. Só não é imutável. Tudo se transforma, como disse Lavoisier.
Já a alma, só podemos especular ou intuir, é claro, continua a levar sua existência em um plano não físico. A se dignar a fazer as coisas próprias deste e a esperar por nova oportunidade de materializar seus desejos novamente, usando um corpo humano. Essa concepção não fere nenhum ensinamento religioso, embora ameace.