Por que se manipula tanto o futebol?

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IMAGEM: El País

Foi exibido ontem pela TV Globo, ao vivo, mudando a grade de sábado de sua programação, a partida final da Europe Champions League (UEFA) entre Real Madrid, da Espanha, e Liverpool, da Inglaterra.

Até pouco tempo a Globo só transmitia as partidas do futebol nacional, mas, como paralelamente e sem saída, pois a Globo sempre procurou exclusividade de transmissão dos jogos de futebol da Seleção Brasileira e dos clubes brasileiros em campeonatos nacionais, estaduais e sulamericanos, outras emissoras testaram com sucesso investir no que restava, que eram os jogos de campeonatos europeus, e, com isso, devido à qualidade das partidas, o público criou um grande interesse pelo futebol europeu, obrigando a emissora dos Marinho, preocupada com a audiência que perdia e de olho no filão que ela podia mexer os pauzinhos e facilmente abocanhar as transmissões, talvez até com exclusividade, a colocar eventualmente em sua grade tais jogos.

Eu não dou atenção para qualquer transmissão esportiva, mas, como eu estava num bar e a TV estava ligada no canal, não pude evitar de ver.

E foi uma partida eletrizante. Muita jogada inteligente. Lances individuais e coletivos bem bolados, lances de perigo de gol lá e cá. Bolas na trave e no travessão. Tudo o que quem vai dedicar um tempo a acompanhar uma partida de futebol pela TV espera para fazer valer seu ócio, que poderia ser melhor aproveitado com outras opções de lazer.

Eu, como quem me lê sabe, sou completamente cético com relação ao que acontece nos gramados dos estádios de futebol. Vejo que tudo é muito tecnicamente orquestrado. Uma bola na trave, lance que é usado pelos que combatem críticas como essa para alegar que não poderia ser armado, eu sei que não passa de paliativo: Se a bola entrar e não era para tanto, o árbitro, os técnicos ou até mesmo os atletas em campo dão um jeito de compensar para o outro lado. E até o futebol europeu eu já encaixava antes no meu ceticismo. Porém, eu era meio injusto, pois, se eu não via as transmissões…

Entretanto, um detalhe no jogo mencionado me fez confirmar que o que acontece no Brasil acontece mesmo também lá fora. Ocorreu uma disputa de bola entre o craque do Liverpool, Mohamed Salah, e o jogador merengue Sérgio Ramos, em qual lance o egípicio teria machucado bruscamente.

Quem vê as imagens desse acontecimento sabe que não era para tanto. Pareceu daquelas coisas que se vê muito no Brasil em que um jogador previamente encarregado de deixar a partida, para enfraquecer o time e proporcionar a derrota dele dando um álibi para o torcedor justificar o fato ou para poupar o jogador de sofrer realmente uma contusão e prejudicar um evento seguinte. O que teria ocorrido nesse caso para mim seria essa segunda opção, pois, o próprio narrador da Globo didaticamente deu a resposta, educando seu público a aceitar a perda, pois, em menos de um mês tal jogador estará na Copa, a enfrentar a seleção do Uruguai, e será uma das atrações do evento fantasioso da FIFA.

Então, pus-me a acompanhar o que viria depois. Depois, então, veio a compensação para voltar o suposto equilíbrio entre os clubes e o torcedor britânico se reanimar: o jogador do Real Madrid, Daniel Carvajal, também teria se machucado e foi substituído. Também pareceu ter simulado sua contusão e assim como o outro jogador deixou o campo supostamente chorando.

Depois disso veio o primeiro gol do Real Madrid, num lance patético em que o goleiro do Liverpool teve a bola interceptada ao tentar sair jogando com as mãos. O qual parecia não estar no script, que não era a hora de acontecer. Por isso, em pouco tempo depois o Liverpool empatou num lance em que a defesa merengue pareceu ter sido bastante generosa.

Bem, voltando o foco para o Brasil, a Globo só investe em transmissões esportivas, principalmente do segmento futebol, porque não restou mais nada para ela investir. Suas telenovelas têm sido um fiasco (Quem prefere abandonar uma opção do Netflix se tiver que gastar um tempo vendo vídeo?), seus telejornais estão completamente desacreditados, programas de auditório e reality show dão o título de sujeito imbecil para quem assiste. E por aí vai a evasão de audiência.

Logo, se ela depende de transmissões do futebol para continuar alavancando receita, ela não pode correr o risco de as partidas não passarem de uma disputa entediosa, sem ação, cheia de técnica que impede de haver lances de perigo, chutes a gols, defesas milagrosas de goleiros, bolas nas traves e até mesmo o gol em si. Aquela coisa truncada no meio de campo, com um escrete estudando o outro, que não sai do zero a zero e não interessa nem ao torcedor, telespectador ou presente no estádio, e nem ao patrocinador das competições e transmissões esportivas. Quando isso começou a chatear, colocaram a vitória valendo 3 pontos e o empate 1 não foi à toa, foi para obrigar os times a saírem em busca do gol e evitar retrancas.

Daí fica as manipulações que a gente vê nas partidas. Tem os momentos da televisão e os momentos “tá valendo” (lembram do Ronaldinho Gaúcho dizendo “quando tá valendo, tá valendo”?).

Nos momentos da televisão tem a hora de certa equipe atacar. Se vê fácil fácil os jogadores adversários telegrafando passes ou até entregando a bola de bandeija para os da outra equipe iniciar seu ataque. Os ataques geralmente terminam em bola na trave, defesa fenomenal de goleiro – que saberia onde a bola será chutada caso a defesa não consiga parar os atacantes -, bola fora por cima do travessão ou pela lateral do goleiro, gols perdidos milagrosamente. Tudo ensaiado.

Não pode sair gol nos momentos fictícios. Se sair, o árbitro conserta dando a compensação para o time que aceitou perder a bola e sofrer o ataque para favorecer a transmissão de TV. Quando se vê um pênalti bem cabuloso acontecer, um sujeito jogando infantilmente o outro no chão dentro da pequena área ou pondo a mão na bola como se estivesse jogando vôlei, pode saber que é esquete para o árbitro dar a compensação. Exceto quando é para goleiro pegar pênalti e melhorar o potencial de venda dele para o estrangeiro.

Os gols legítimos ou as jogadas legítimas, essas só acontecem – ou podem acontecer – nos momentos “tá valendo”. Os lances fabricados englobam aquelas expulsões sem sentido de estrelas ou jogador importante, geralmente no começo da partida e num ponto do estádio onde a câmara de TV pega bem nítido para convencer o público que era mesmo um lance para cartão vermelho; supostas contusões para entrada de jogadores que o lobby quer que entre mas o dono da posição está muito bem no jogo; substituições sem cabimento feito por um técnico, que posteriormente pode fazer – como esperam os marqueteiros do lance – com que o torcedor exija a saída dele.

É nos momentos “tá valendo” que saem os nomes que vão ser convocados para a Seleção do país. Isso quando esses convocados não são os produtos de lobby (agentes que firmariam contrato com a CBF – no caso do Brasil – para receberem convocação, como é muito divulgado nos antros onde nada obscuro escapa de ser sabido).

Por fim, tudo é muito bem ensaiado nos CTs e muito bem orquestrado dentro dos estádios. Ficou claro? Se quiserem cercar essa conduta, colocar a vitória valendo três pontos apenas ajuda a expectativa de sair gol na partida. As suspeitas de haver manipulação ficam melhor sanadas se a regra para os empates forem os dois times ganhando um ponto cada nos zero a zero e o time anfitrião ganhando um ponto a mais nos empates com gols. É só uma sugestão a ser analisada!

Eu sei que você pode dizer que é muito achar que a Globo interfere no futebol europeu e consegue maquear as partidas de lá para tornar dinâmica e interessante para o seu público suas transmissões. Se eu escrever aqui que ela não precisa fazer isso porque as partidas por lá são naturalmente dinâmicas você vai me jogar para escanteio dando a solução que seria aprender com os europeus como tornar dinâmicas os jogos nacionais. Só que – ontem eu acabei de confirmar isso – a manipulação de jogos teria começado lá. O que a Globo teria aprendido por lá foi o know how de como manobrar eventos esportivos. Não só o futebol. Vou mais longe: eventos ao vivo. E estaria (escrevi “estaria”) aqui, junto com a CBF, aplicando o que teria aprendido. Teria se aliado ao esquema de lá e os jogos internacionais ela só teria que transmitir, a manipulação já viria no pacote. Garantia de sucesso de público e venda de exemplares e isso podemos comprovar por nós mesmos, sem ter que recorrer à institutos corruptos medidores de audiência de TV, rádio ou de venda de jornais e revistas.

É claro que toda a Grande Imprensa esportiva (emissoras de rádio e de TV, jornais e revistas) saberia e se beneficiaria disso. Os donos dos veículos comungam em fraternidades e decidem que o que é bom para os negócios tem que ser respeitado. E ter garantido o silêncio total.

A imprensa esportiva alternativa e a de pequeno porte não. É lógico que os veículos desta, assim como nós, só repetem o que veem nos estádios. E tudo funciona perfeitamente.

A manipulação por trás dos resultados das partidas e das demandas de títulos, quem vai ganhar certo jogo ou certo campeonato, outra coisa que já é manjada pelo menos no futebol sulamericano, escreverei sobre isso em outro post.

Greve dos caminhoneiros: divisor de águas

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IMAGEM: El País

Um desses momentos em que um blogueiro que adoraria ser lido se regozija de não alcançar leitores. Somente quem não tem a cooperação das pessoas pode realmente expressar sua opinião. E a opinião que se segue pertence a outra pessoa com quem debati esta tarde e concordei completamente com o que ela me falou. E aqui estou neste veículo a prestar uma honrosa homenagem a compartilhando.

Discutia eu com um rapaz. Falávamos sobre essa greve que está esfregando o despeito na cara dos barões que se sentem donos do país e dessa elite burguesa que tudo pode, deixando bem claro que se tocam na cerne do capitalismo idiota que sustentamos a sua fraqueza todos os brasileiros são respeitados.

Um de nós tem que trabalhar amanhã, domingo. E depende de ônibus para ir para o trabalho. Pode ser que não vá ter a opção de locomoção até o local de trabalho no dia incomum. Consideram o domingo um dia recreativo, logo, todo o combustível que puderem poupar nesse dia será de inteira importância guardar para os de maior produção que estão por vir.

Se fosse apenas uma greve de motoristas, que deixam os ônibus indisponíveis, os empregadores fretariam veículos e se fosse preciso buscariam em casa seus empregados. Mas não.  O que falta é o combustível. Fretar veículo com tanque vazio de nada adiantaria. A ganância sofre uma amarga derrota.

Cercaram tudo para o Brasil parar. Os grevistas deram a cartada certa. A única que intimida esse governo ilegítimo e totalitário e essa elite burguesa que aí estão a nos dar ordens sem nos dar chance de recusar.

A grosso modo de analisar e sem medo de estar a ser ingênuo, concluo que estamos no mesmo barco. Nós, os pobres, e eles os ricos. Todo mundo sem combustível. Sem poder ir aos compromissos pelos meios tradicionais e aceitos.

Há quem esteja com o tanque do carro cheio e pode dar seu rolé a esnobar sua boa aventurança na cara dos desprovidos. Foram priorizados na fila de abastecimento ou possuem contatos que faz com que essa privação não lhes sejam próprias. Porém, estes estão tendo que pensar duas vezes antes de desperdiçar o líquido precioso.

Uma emergência pode determinar que o destino do gás petrolífero existente no reservatório do carro deva ser um hospital para levar um ente querido em estado de risco de saúde. E isso será feito havendo muita esperança no coração de que tudo correrá bem para o enfermo. Igualzinho é para o pobre que tem que se deslocar de ônibus até onde precisa ir, mesmo nas situações de pronto atendimento.

Igualzinho porque pode ser que o paciente consiga chegar ao pronto socorro, mas, o médico não. A enfermeira não. O funcionário que emite o prontuário não. Pode ser que eles não gozem de prioridade para conseguir combustível ou dependam de transporte público para chegar aonde trabalham.

Pode ser que pessoas com perfil de prioritário estejam passando por aperto, mesmo que apenas por não conseguir seguir normalmente seu curso de vida de grande bonança. E a estes é bom que se diga que nós fora dessa linhagem estamos pouco nos “fudendo” – como disse meu interlocutor – para as dificuldades que esses tais “melhores” possam estar passando. É agora cada um por si. Antes eles se “fuderem” do que eu. É bom que eles provem um pouco do que é privação.

E então, as lágrimas nos olhos que banham o desespero do bem abastado economicamente passam a ser as mesmas que banham a do pobre miserável. É por isso que eu acho que essa greve é um divisor de águas. E mostra para o brasileiro, que despindo-se as regalias dos afortunados, mesmo não afetando os realmente afortunados, somos todos iguais.

E devemos deixar de mesquinharias como achar que há distinção entre nós habitantes do Brasil, que mereça aceitarmos dar regalia para uma classe. E precisamos também deixar de cooperar com aqueles que aparecem na mídia amiga deles recrutando o povo para a causa “deles” e como resultado de seu recrutamento esse mesmo povo recebe um grande pé na bunda. É o que estamos vendo receber aqueles que bateram panelas, torceram para o time do Sérgio Moro e do STF malograrem o Lula, dão asas para a mídia corporativa ou os que acham que para o Brasil melhorar basta entrar no poder um governo de direita, como o PSDB ou o PMDB, para que o país retome o caminho do progresso. Pura ilusão e predisposição para continuar a levar golpe de político esse pensamento torpe.

Nada disso é comprovável e essa greve tira a dúvida quanto a isso. E é bem possível que o que estamos vivenciando seja uma articulação da Esquerda, a fim de deixar bem claro que quem pode mover as massas a levantes que preocupam as elites não está vencido como se suspeita.

Eu preferiria não nascer

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A maioria das pessoas cresce alimentando a ideia de um dia se tornar famoso, ser conhecido de muita gente, bem sucedido, admirado, influente. Rico e poderoso poderia estar entre as aspirações.

Mas, essa maioria acaba é fazendo com que os poucos que conseguem tudo isso tenham êxito. Ou seja: a maioria de nós vira contribuinte, patrocinador dos sonhos de outros, mero sonhador.

E isso, para esses dessa maioria, acaba, lá pelos cinquenta anos de idade, virando frustração, decepção, sensação de fracasso e de ter perdido tempo ou de não ter se empenhado o bastante e por isso não cumpriu o suposto objetivo da vida e outros  arrependimentos.

Só que tudo o que nos inspira a ter ou a ser para podermos dizer que fizemos valer nossa existência foi produzido pelo homem. Nada é natural e nada é deveras importante ter ou ser.

Fazer valer a própria existência é aproveitar cada momento fazendo o que se quer, tendo liberdade de fazer o que quiser, guardando para isso a qualidade de ser natural, vindo da natureza à mente o que fazer. Mesmo que coisa que aos olhos do propagado como “o destaque” seja coisa taxada como pequena, que está ao alcance de qualquer um fazer.

A Terra vista de Alpha Centauri, por exemplo, parece um grão de areia. Cada um de nós, então, não há sequer medida que conhecemos para comparar. Quem de lá nos enxerga, mesmo que um humano com as mesmas proporções de um humano médio, não consegue dar valor à qualquer coisa magnânima que possamos ter feito. Nada do que fazemos ou fizemos é percepitível lá por aquelas bandas. Todos nós, até mesmo o que se acha melhor do que todo o mundo, somos um nada sem importância para uma consciência que nos observar até mesmo de distância menor do que a que se encontra o sistema estelar mencionado.

E o nosso tempo? É brincadeira! Cada dia terrestre significa uma volta da Terra sobre si mesma. O que chamamos de cansativas 24 horas que gastamos trabalhando, estudando ou se ocupando com coisas medíocres, como por exemplo o futebol, não se poderia medir sequer nos desprezíveis nanosegundos que utilizamos para informar o quão rápido gira um processador de computador. Uma vida de longos anos de um velhinho passa para quem de lá nos vê com uma rapidez que parece que nem existimos.

O que é cada conquista humana perante isso? Cada orgulho e cada humilhação? Momentos de alegria e de dor? Comemoração por ter atingido o sucesso ou frustração por só se vir fracassado?

Nada. Exatamente nada. Com tanto dinheiro que se pode ter conseguido na vida, se a sua vida foi pelejar para acumular esse dinheiro ela não valeu de nada. Todo o tempo gasto contribuindo para o sucesso dos outros em vez do próprio idem. É melhor fazermos mais por nós mesmos nos mantendo iguais e fazendo um pelo outro o melhor possível para tornar esta existência coletiva que estamos nela válida para todos nós. O próprio planeta agradecerá por termos tomado essa iniciativa. O que chamamos de Deus idem.

Não perder tempo com coisas fúteis, com os nossos costumes torpes, com disputas, com atritos ou mesmo com celebrações sem nexo é crucial para se vir cumprindo, deverasmente, o objetivo da vida.

Já pensou se tivéssemos a chance de escolher virmos ou não a essa existência? Quantos de nós, de repente, preferiria sequer ter nascido? Pra que valorizar tanto a vida com base nos interesses que nos impregnaram na mente, se os mesmos diante a uma conscientização legítima do nosso papel e da nossa posição no Universo não passam de mero lapso de tempo mal aproveitado?