Estive em uma estação de metrô de Belo Horizonte para confirmar a veracidade da notícia disparada pelo jornal Estado de Minas e por alguns colegas meus que votaram em Jair Bolsonaro.
O aumento da passagem do metrô, de R$1,80 para R$3,40, foi tentado no meio do ano pelo Governo Temer. Porém, sofreu pressão de sindicatos e de outras forças vivas da sociedade e teve frustrada a iniciativa.
Durante todo o governo Lula/Dilma, o metrô de Belo Horizonte, além de ter sua malha ferroviária aumentada, circulou com a passagem com o valor inferior à R$1,80. A última tarifa bateu recordes sem aumento.
Mas, agora não teve jeito. Michel Temer ganhou força por causa do voto dado em Jair Bolsonaro e a tarifa do metrô de BH passou a ser a mais alta do páis. Cada voto dado à Bolsonaro disse à Temer que ele podia fazer o que quisesse, pois, todos que eram contrário a ele votaram em Fernando Haddad e Haddad perdeu a eleição.
E o presidente eleito não faz qualquer oposição quanto ao aumento dado. E assim vai ser para um monte de outros assuntos. Que o ano acabe logo! Gás de cozinha a 200 reais ninguém aguentará!
Dentre aqueles que votaram na viabilização deste aumento há os que foram afetados pelo acréscimo do valor da tarifa, mas usam disfarçar seu arrependimento com o argumento: “ah, que se dane, eu ganho vale-transporte mesmo”.
Pra estes eu digo: “até quando”. Vai dizer que não sabe o que significa o “L” na sigla do PSL. Não é liberal? Então? Assim que Bolsonaro concluir as prioridades da sua política trabalhista ele vai atacar o vale-transporte.
Política do trabalho que prevê que o empregador pague o transporte do empregado até o trabalho é socialista. A ideia é fazer a transição total de modelo. Começam eliminando o 13º salário e as férias, passam pela eliminação do vale-refeição e do desconto de INSS e por fim o vale-transporte.
Você foi doutrinado a caçar socialistas, humilhá-los e exigir a cabeça deles pela equipe do Bolsonaro, não foi? Se você está pensando no que dizer para não se sentir culpado pela perda desses direitos trabalhistas significa que você é adepto do sistema socialista que o Brasil vive nele desde Getúlio Vargas 1930. Ou seja: você estava exigindo sua própria cabeça. E conseguiu!
Pode ser que você se ache não atingido porque vai todo dia para o trabalho de carro. É fácil explicar para você que em pouco tempo é isso que vai te quebrar. Fazer média para o patrão e aliviá-lo da despesa do seu transporte pode parecer um puxa-saquismo beneficente à manutenção do seu emprego, mas, o que se pode esperar é que você pague para trabalhar.
A gasolina não vai dar refresco no preço do barril para um governo que quer criar intempérie com o mundo árabe e ainda entregar o Pré-Sal pro Tio Sam. Vai ter aumento catastrófico de preço sim e quem sabe greve de caminhoneiro mais intensa. Mesmo Bolsonaro intencionando transformar em terrorista quem fizer greve.
O que pode aliviar a sua barra, você que votou Bolsonaro, é saber que se ele implantar tudo o que intenciona e veicula, o trabalhador inevitavelmente terá que ter condições para suprir seus gastos mensais ou do contrário o sistema quebra e o barco afunda é pra todo mundo. Você está certíssimo de chegar à essa conclusão.
Só que em isso acontecendo você vai ver o outro lado, que está rindo até os cantos da boca de se vir livre de um monte de imposto e de provento para arcar para seus empregados, reclamar de ter que pagar o que seria o salário mínimo. Eu calculo uns 4 ou 5 mil reais.
Todos os empregadores pagam mais ou menos isso para cada empregado que ganha salário mínimo de aproximadamente mil reais hoje. Não era para eles se assustarem e deixarem de dar risadas até o canto da boca pela tomada no rabo que toma o trabalhador com essa política liberal.
Exceto, é claro, pelo fato de que eles sonegam impostos. Dão pedaladas para lucrar o máximo possível. E com essa articulação política, se Bolsonaro for mesmo íntegro, como ele não faz parecer ser, não vai haver refresco para o empregador. Por uma razão até matemática. Nem precisa ser moral.
O jeito é ficar à espera de qual lance vai ser o vencedor no leilão da sociedade brasileira. Enquanto isso, viajemos de metrô à R$3,40 a passagem, podendo somente o eleitor de Fernando Haddad reclamar.
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