Está uma piada o emprego do tal árbitro de vídeo nos estaduais brasileiros. Se um sujeito marca um gol dentro da área tumultuada, então, o narrador – do rádio e da TV – não podem gritar gol na expectativa de emocionar sua audiência e aproveitar para injetar mais apropriadamente o merchandising dos patrocinadores da transmissão; do lado da torcida favorecida, o torcedor não pode pular imediatamente, no calor da emoção, como tem graça e é o que justifica a paixão pelo futebol, para comemorar o gol, porque há o risco de ter o mesmo anulado e transferir a comemoração dupla – por ter o gol sofrido anulado e por ver os rivais pagarem mico – para a torcida adversária.
A maior parte das anulações de gol ocorre por causa da regra ultrapassada do impedimento. O certo a fazer, pelo menos neste caso, é acabar com essa regra.
Mas, nisto eles não querem mexer, pois, é o principal álibi nos jogos armados, os que são tecnicamente manipulados pela arbitragem. Armado não somente no sentido de manipulação de resultados, mas, de aumento de nível de emoção; aumento do entusiasmo do torcedor pela partida, presente em campo ou a prestigiar transmissões esportivas; ou de potencial para arranque de feedback pelos veículos de imprensa – aquela coisa da repercussão que um lance polêmico causado pelos árbitros gera -, para venda de tiragens de jornais e para obtenção de audiência para a semana dos programas esportivos.
A princípio, o VAR é um instrumento a mais nas partidas. Encarece mais elas. É mais gente para faturar com arbitragem. E, no mínimo, o aparato eletrônico deve render royalties pelo uso para alguma instituição ou algum esquema de favorecimento financeiro corruptos. Suspeito da FIFA como administrador do esquema hipotético.
Ou seja: além de não acabar com a mamata do cadenciamento de partidas com administração da regra do impedimento, algum grupo enche os bolsos com esse argumento de reduzir as injustiças no futebol, que já fizeram muitos clubes campeões, mas, nenhum deles pequeno ou fora do esquema de formação de histórico de clubes e de imagem de atletas, que geram bons dividendos dentro da obscuridade do futebol. Convenhamos.
Vão sempre fazer o número do uso do VAR nas partidas com boa expectativa de atenção. Não só para sugerir o acerto na adoção, mas, também para ser um elemento gerador de bafafá. Como já dito: os bafafás – ou a manipulação do comportamento do torcedor – são lucrativos. E ainda auxiliam na política cegando o torcedor quanto à alguma aprontação dos governos ou das empresas.
Há casos em que realmente se torna válida a ideia. Bola que bate de maneira duvidosa na mão de jogador; ocorrência de faltas, não só dentro da área, principalmente nos empurra-empurra; bola que nem quem tá debaixo das traves sabe se entrou ou não; cartões merecidos e deixados de serem aplicados.
Agora, o impedimento, meu, esta regra já era pra ter acabado. Já até houve essa discussão outrora. Em especial quando o jogador está na mesma linha da zaga. Se o centravante está na banheira, bota gente vigiando, ué! Não é assim na várzea?
A única situação que seria inadmissível é um jogador estar avançado no campo de ataque esperando a bola quando todos os outros, fora o goleiro adversário, está no campo contrário. Ele pode até estar nesta mesma situação de adiantado, porém, em seu campo de defesa e até o limite da linha horizontal do meio campo.
Portanto, meu, vai nessa de uso da tecnologia para aperfeiçoar o futebol que você posa de babaca. O que é na verdade é a aplicação de mais uma tática de cativação de público, administração de partidas e captação de receita. De avanço não tem nada, é mais do mesmo.
E é você, torcedor, quem paga a farra. Ou tirando dinheiro do próprio bolso pra pôr num ingresso ou num outro produto vinculado ao esporte, ou direcionando sua total atenção a tudo que menciona a sua paixão, quando esta só faria sentido se tudo que você vê em campo é verdadeiro e a emoção de presenciá-lo possa ocorrer com dinamismo, no momento que o lance acontece. Sem depender que uma câmera de vídeo decida qual vai ser essa emoção.
O livro “Os meninos da Rua Albatroz” discute quando começou essas artimanhas de administração no futebol. Leia!