
Frank Delano Roosvelt e Getúlio Vargas em Natal, Rio Grande do Norte, em 1943. (Fonte)
Paulo Guedes sabe que o antipetismo foi estratégia montada para que o atual governo fosse instalado democraticamente, sem intervenção militar. Os problemas do Brasil não têm nada a ver com o que é propagado.
Os problemas do Brasil começaram em 1930 com Getúlio Vargas. Quando iniciou-se uma política socialista no campo do trabalho e macro intervenção do Estado na economia. João Goulart ampliou isso e os militares mantiveram e criaram mais estatais e mais benefícios sociais.
Veio a redemocratização e encheram a máquina pública de cargos políticos e servidor público. Regalias para todos, que sobrecarregaram o sistema tributário e a seguridade social. Parte da conta sendo empurrada para a iniciativa privada e o grosso do orçamento saindo dos cofres públicos. Já se sabia que a partir de 2000 a corda arrebentaria e que o Estado não daria conta de pagar as proezas.
Fernando Collor foi o primeiro encarregado de fazer o rompimento com o getulismo. Tentou, mas, sofreu impeachment porque mexeu com barões, que nem Guedes parece estar mexendo. FHC herdou de Collor a tarefa, mas, só fez a parte mais fácil: as privatizações, que viraram privatarias.
A bola passou para Lula – Luís Inácio da Silva. Porém, o ex-metalúrgico encheu-se de soberba por causa das transformações sociais que proporcionou ao país, sendo ele tachado de incapaz por causa de seu baixo alfabetismo.
O resultado econômico e trabalhista que atingiu fez aumentar a conta pro Estado pagar. Ficou ele, também, de olho grande na descoberta do Pré-Sal, que calculou que traria a independência financeira do pais, se, ao exemplo da Noruega, em vez de aumentar impostos para custear os benefícios sociais, os royalties ganhos com a exploração do petróleo brasileiro os custeassem.
Já em fim de mandato, e não podendo ser re-eleito, Lula teve que abdicar-se do plano totalmente viável. E torcer para que seu sucessor – que seria um tucano, conforme mandava a versão da política do café com leite estabelecida às escuras entre petistas e tucanos, cito que a fonte desta especulação é conspiracionista – continuasse o projeto.
Talvez Lula não tenha cumprido com os termos de seu primeiro discurso de posse – realizar as reformas política, agrária, trabalhista e previdenciária – porque achou que os cálculos previstos para o estouro do orçamento público fossem ser alterados pelo advento do Pré-Sal. Jamais o público saberá a verdadeira história.
O fato é que as reformas, que Temer começou, eram urgentes. Mas, se o PT fosse fazê-las, pra quem encheu de benefícios os mais pobres, tirá-los seria o mesmo que dar com uma mão e tomar com a outra. E está se vendo que é imprescindível tirá-los.
Fizeram, então, um plano pro PT sair do poder em 2010, sem que lhe fosse acarretada uma má fama e o tirasse de estar de volta após o novo octênio tucano.
Escolheram Dilma Rousseff como sucessora de Lula. Uma candidata muito fraca em termos de popularidade graças à histórico político. O Vice dela, Michel Temer, conforme o Wikileaks havia trocado telegramas com a Casa Branca nos EUA, tramando um plano que visava colocar um nome do PMDB no posto presidencial naquele ano.
Dilma fez por onde não ser eleita, uma campanha eleitoral muito insípida. Faria isso parte do plano? Mas, não deu certo, o povo a escolheu, pensando no próprio umbigo, a manutenção dos projetos sociais criados. O concorrente tucano, José Serra, foi honesto em suas insinuações de que acabaria com eles. Era necessário.
Eleita, construíram a imagem de comunista pra Dilma. A de terrorista, suposta ex-integrante do COLINA e da VAR-Palmares, estava era lhe favorecendo. E começaram a rechaçar ideais impostos como comunistas. Qualquer atitude que Dilma tomasse e que lhe afirmasse no posto era tachada de comunista.
Criaram as manifestações de 2013 para abalar ainda mais a imagem dela. Que até que abalou, mas, novamente por meio democrático Dilma foi eleita para presidir o Brasil em 2014.
Acharam que seu oponente, o tucano Aécio Neves, era muito fraco em termos de popularidade ou de simpatia do público. Marina Silva venceria facilmente Dilma Rousseff no Segundo Turno naquela ocasião se o embate fosse entre as duas.
Outros, mais ideológicos, passaram a perceber que o ponto não era rechaçar a imagem da Dilma e sim a do PT e a do Lula. Então, criaram a Operação Lava-jato, que seria dirigida para atingir o propósito de criar o antipetismo.
O resto é a história recente: a criação do mito Jair Bolsonaro e sua estranha campanha eleitoral que contou com a cooperação de todos os outros candidatos à presidência da república, cada um se autossabotando, de maneira invisível aos eleitores desavisados, inclusive Fernando Haddad. E a prisão de Luís Inácio Lula da Silva, que se não ocorresse o plano iria por água a baixo, como ficou demonstrado pelas pesquisas.
Prisão que junto com a de outros parlamentares de peso, como Eduardo Cunha, faria parte do plano. Vai saber se esses caras estão mesmo presos! A maioria dos conspiracionistas acerta em seus palpites.
Se tivermos tempo para refletirmos melhor à respeito, duvidaremos do resultado da eleição presidencial de 2018. Que o número de abstêmios no Segundo Turno foi maior, isso é indubitável, fora de questão cogitar ter sido maqueado. Mas, que Bolsonaro venceria já no Primeiro Turno, eu não tenho dúvida. A forma com que William Bonner noticiou ao vivo que haveria Segundo Turno foi muito teatral e óbvia de estar ele no controle da verdade que propagava.
Deixar para que a decisão se voltasse para o Nordeste, logo onde se propagava que o candidato do PSL era mais repugnado, foi outra traquinagem muito sacada. Para cumprir algum propósito – tipo disfarçar melhor a maquinação ou até mesmo cogitações absurdas como melhorar a venda de jornais e a audiência de veículos de imprensa radiotelevisiva – fizeram o eleitor ir às urnas no dia 28 de outubro. Votar esperançoso no que já estava decidido.
Então é isso, para que o povo aceite quebrar o vínculo com a política de Getúlio Vargas e, acredite, Franklin Delano Roosevelt, que modelam o Brasil nos setores trabalhista e econômico desde antes da Segunda Guerra Mundial, foi preciso criar um teatro inconfessável e com grande ar de teoria conspiratória para jamais receberem créditos aqueles que o intuirem e propagarem o fruto de sua intuição.
E o que vem por aí é muito sentimento de traição. O público, tanto o de esquerda, quanto os de direita e centro, se sentirão traídos com seus representantes ao vê-los tendo que tomar decisões que parecerão absurdas e fora do combinado. Principalmente as imprescindíveis que viabilizam o liberalismo econômico e o minimalismo.
Desde vinte anos atrás eu venho me informando sobre as filosofias que estipulam o Liberalismo Eeconômico e o Estado-mínimo. Caminhos inevitáveis para o Brasil. O caminho correto, na minha opinião, seria o Comunismo. Porém, as forças interessadas na manutenção do atual regime político brasileiro existe em maior número o contingente atuante. Medir força com elas é ir pra lugar nenhum.
A batalha polar que vemos mais em redes sociais na internet do que na imprensa mais séria, onde tanto o material de direita quanto o de esquerda propagados são imensamente duvidosos, fazem parecer que foi estabelecida como as esquerdas simplesmente querendo recuperar o poder e os conservadores gozando de supremacia barata, fundada em desejo de chacotar o lado vencido, desviando a atenção dos feitos que seu representante vem realizando.
De forma alguma deixam transparecer, mas, quem vem se pronunciando como esquerda e liderando os ataques contra as decisões na economia não tem nada a ver com comunista. E sim com os grandes alvos do liberalismo: os servidores públicos e ocupantes de cargos políticos que necessariamente irão se extinguir.
Estão também olhando para o próprio umbigo nessa luta. Muitos destes votaram em Jair Bolsonaro e agora se encontram arrependidos.
Engana-se quem acha que Paulo Guedes abandona o trabalhador. Ele tem sido coerente na maioria de suas aparições em público. Existem vários fatos noticiados o envolvendo onde é nítido que suas medidas irão fazer todos pagarem a conta.
As mesmas moralizarão trabalhador, empregador, consumidor. E ainda acabarão com o vagabundo e com os baderneiros, sujeitos inúteis a economia e ao progresso, que encontram no sistema atual meios de gozar de serviços públicos sem prestar qualquer cooperação para a formação do bolo que gera os subsídios.
Só que nem o eleitor do Bolsonaro sabe disso. São estes os que terão as regalias mais comedidas. E são também o maior obstáculo para a implantação das severas medidas já inadiáveis que tentam tramitar no Congresso Nacional.
*Este texto se vale de conteúdo informativo encontrado em material oficial de história mesclado com focos de opinião do autor.