Política e tragédias: uma questão de egrégora

hotelmarina

Fui a um bar para sair um pouco da rotina de ficar em casa em pleno dia de folga. Na TV do boteco era exibido o jogo do Atlético Mineiro contra a Caldense. Durante a transmissão, muita tristeza com relação ao que aconteceu no Rio de Janeiro, Ninho do Urubu, CT do Flamengo. Sim, o incêndio que até então havia deixado dez vítimas fatais. Jogadores praticamente mirins do Flamengo, que perderam a vida precocemente.

Eu havia postado no Facebook, que governos trágicos atraem tragédias. Isto é fato. Temer entrou no poder ilicitamente e viveu a tragédia da Samarco, o rompimento da Barragem do Fundão em Mariana, Minas Gerais, e o fatídico acidente de avião ocorrido com o time da Chapecoense, que na selva da Colômbia ceifou mais de 70 vidas de atletas, comissão técnica da equipe e jornalistas. Jair Bolsonaro vem colecionando tragédias: Ondas de ataques violentos no Ceará; rompimento da Barragem do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais; flagelamento devido ao ocasionamento de chuvas na Favela do Vidigal, Rio de Janeiro; e também no Rio de Janeiro e na área do futebol, incêndio ocorrido no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do Clube de Regatas Flamengo, no bairro Leblon Rio de Janeiro.

De alguma forma, a natureza encontra meios de mostrar para a população de uma pátria que ela fez a opção errada. Uma egrégora nacional é criada. Aceitar a corrupção do impeachment de Dilma Rousseff e votar em Jair Bolsonaro movido pelo ódio criado pela grande mídia ao PT, por exemplo. Pra não parecer exagerado, lembro que todas essas tragédias foram ocasionadas pela negligência dos governos em situação, que preocupados em acabar com a imagem do PT e implantar o liberalismo econômico, no qual as empresas dão as cartas quanto ao próprio funcionamento, deixaram correr solto, inclusive, a necessidade de arcar com termos dos alvarás de funcionamento.

O Atlético Mineiro é o grande rival nacional do Flamengo. No entanto, assim como as cenas que vi na transmissão de TV que eu assistia de uma manifestação no Rio de Janeiro contra o episódio fatídico, em que torcedores vestidos com camisas do Vasco, Botafogo, Fluminense e outros clubes fluminenses se juntavam à flamenguistas para exigir justiça, meus amigos atleticanos se sensibilizaram. E o que quer que acontecesse no campo no jogo que assistíamos não conseguia nos tirar a tristeza. Era melhor se a rodada de todos os estaduais fosse adiada, como ocorreu no Rio de Janeiro.

O mais deprimente para mim era a notícia de que o Corpo de Bombeiros carioca havia aplicado mais de 30 multas ao Flamengo por não providência de contorno de irregularidades que poderiam provocar acidentes no CT do clube. Ora, mais de trinta recomendações? Pra mim, como minha cabelereira me falou, o Corpo de Bombeiros só podia estar a fazer vistas grossas para permitir que a responsabilidade do clube autuado fosse atenuada ou nunca arcada. A instituição de segurança pública não está limpa nisso. Por que já não bateu o martelo condenando o clube por não cumprir exigências da instituição já na terceira ocorrência de multa?

Foram crianças que morreram. Jogadores de 14 a 16 anos de idade. Com um futuro certo pela frente. Seus familiares dependiam de suas carreiras. E assim como as vítimas de Brumadinho ou do Vidigal, primos pobres de sofrimento, serão abandonados e o público esquecerá de cobrar a quem deve as providências. É o privilégio que têm os poderosos que está em foco.

A Rede Globo, certamente, vai ser convocada para cuidar de tudo para que o público sáia do pé das autoridades exigindo que todas essas tragédias sejam responsabilizadas e esqueça todos os fatos. E, ainda, esqueça que Flávio Bolsonaro e várias das celebridades invioláveis do Governo Bolsonaro saem ilesos de qualquer das acusações que vêm sofrendo. Pare o público até de pensar que o Caso Marielle só não está resolvido porque não querem.

Neste, quem não consegue ligar que sendo ela vereadora e membra da Alerj, onde conta a mídia que Flávio Bolsonaro mantinha um esquema de funcionários fantasmas, e que a mesma teria sido assassinada por membros de uma milícia, que, conta também a mídia, o senador mais eleito do Brasil tinha relações com os chefes dessa milícia, a falecida vereadora do PSol pudesse ter descoberto algo que comprometeria Flávio, que certamente estragaria a eleição do pai candidato à presidência da república?

Até eu, que sou dado a teorias conspiracionistas que nem é o ministro das relações exteriores do atual governo concluiria isso. Daqui a pouco vem o Carnaval e também o Brasileirão, o Big Brother está em curso. Pronto, fica tudo resolvido como sempre se resolveu no Brasil: sem respostas convincentes.

Bom, o post é só para deixar reflexões e lamentar a perda de mais vidas. A desses inocentes do Leblon e do Vidigal, mortos e flagelados. Venho até apoiando o novo governo, embora eu não tenha votado nele, sobretudo no que diz respeito ao Trabalho e à Economia, mas, não posso deixar de lembrar que governos trágicos atraem tragédias e que esse atual só está começando. Parece que não será aquela história bonita em que o Hotel Marina se acende e ilumina o Vidigal para dar um toque de glamour aos romances.

Espero que Jair Bolsonaro deixe o número do presidente no hospital, que daqui a pouco inventarão que morreu, e cobre de suas autoridades ações para que negligências de corporações militares ou de entidades civis ou políticas deixem de existir e tenhamos mesmo, não só os bolsonaristas que já se encontram confusos, a impressão de haver mudanças no país com essa última eleição.

E que o Judiciário não sucumba aos mecanismos que empresas responsáveis por tragédias utilizam para se livrar da culpa e de indenizações, como vem acontecendo em Minas Gerais, onde se vê a parte mais frágil dos responsáveis, os engenheiros da Vale, ser acusada da responsabilidade da tragédia de Brumadinho, pagando o pato em vez dos tomadores de decisão da empresa.

Proteger as empresas e instituições públicas, como fazem com o corpo de bombeiros no Rio, dessas responsabilidades, só para proteger o capitalismo, é também corrupção. Disso, pensam que precisam os governantes, mas, certamente, nós povo não precisamos.

A necessária trajetória do brasileiro até o fascismo – Pt.4

Eu venho me esforçando para acreditar que os fatos que acontecem na mídia ligando os Bolsonaro à corrupção não passam de potes de mel para pegar incautos que propagam descriteriosamente o que sai na mídia e os desmentirem, ficando a família fortalecida com o atributo de incorruptível e a imprensa que jorra as notícias também sem credibilidade. Mas, um brilhante vídeo do jornal The Intercept me obriga a deixar isso de mão. Veja o vídeo:

Para satisfazer meu ego de conspiracionista, o melhor que dá para fazer, depois desse excelente trabalho de apuração de fatos e posterior esclarecimento sobre eles, que a TV Globo deveria procurar aprender com os produtores o know how, é supor que essa presidência incoerente, que para todos os efeitos foi eleita democraticamente para comandar o Brasil, participaria de um plano muito minucioso e ousado.

No plano ela teria o comprometimento de implantar as políticas que vem implantando para, como eu já publiquei antes, do ponto de vista econômico consertar o Brasil, da única forma possível, e que não poderia ser feita, por razões que também já expliquei em publicação anterior, pelo PT. O caso de corrupção seria o gancho escolhido para a hora de deixar o posto.

Inclusive, para favorecer isto, talvez anulando o mandato de Bolsonaro, andam espalhando boatos que a TV Globo teria algo a revelar sobre o suposto atentado sofrido pelo atual presidente da república durante sua campanha eleitoral. Pesquisa sobre isto no Google só me retornou links de sites sem qualquer credibilidade, que não vale a pena o clique para no mínimo saber qual é a pegadinha.

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O PSL entraria – como entrou -, faria as reformas, e deixaria o posto presidencial, sabendo que o mesmo foi indevidamente tomado de Dilma Rousseff e que se não fosse a arbitrária prisão política de Luís Inácio Lula da Silva ainda pertenceria ao PT. Tendo sido esta executada por um juíz que hoje é ministro de Jair Bolsonaro e se vê alfinetado pela opinião pública, da qual não fogem os próprios eleitores de Bolsonaro.

O povo aprenderia a dizer “corrupto por corrupto, fica o PT mesmo” e o PT, para justificar a razão de não reverter o que houver sido implantado e reformado pelo PSL, apareceria com propostas que casariam o neoliberalismo com o neosocialismo, como a política denominada “new deal verde”, em análise nos Estados Unidos, e procuraria proximidade com estadistas dos Estados Unidos que flertam com o socialismo e possuem chances de chegar à Casa Branca, como o senador Bernie Sanders.

Cá entre nós: Se for mesmo a verdade uma arquitetura dessas, eu não sei porque o Brasil, com tanta gente “inteligente da porra” não consegue sair da merda que está. É só por isso que eu prefiro deixar claro que adoro escrever teorias conspiracionistas.

Tragédia de Brumadinho: Nada melhor para salvar Flávio Bolsonaro?

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IMAGEM: Él País

Eram por volta de 13:30 quando uma amiga me mostrou no celular dela, com ar de exclusividade, imagens do socorro à vítimas do rompimento da barragem de Fundão. A TV ligada no pátio onde eu ocupava ao lado da amiga um dos bancos, ligada na TV Globo, não informava nada. Mas, foi só eu entrar para dentro do galpão por ter findado meu horário de almoço e o Whatsapp avisou para toda a galera, que mesmo sendo proibido utilizar celular na operação se amontoava aos grupinhos nos postos de trabalho, que era para ficar antenado pois nas vizinhanças uma tragédia acontecera.

O local onde ocorreu o desastre era bem próximo de nós. Pode até ser que por alguns dias tenhamos que sofrer com racionamento de água potável. Alguns de nós, que moram nas imediações do local catastrófico, haveriam de ter problemas com a locomoção de carros e ônibus para ir embora depois do expediente.

Rapidinho, uma senhora contaminou a todos com sua observação que legava a culpa pela tragédia ao governo Bolsonaro. Esta mesma senhora, na parte da manhã expunha sua indignação com o caso de corrupção envolvendo Flávio Bolsonaro, o filho do presidente da república. Ela achava que o novo governo será o pior de todos os tempos e que só acontecerá coisa ruim. À ela foi perguntado “quem é o mais corrupto: o filho do Lula ou o do Bolsonaro”. E ela respondeu irresoluta: os dois.

A tragédia da Samarco, em Mariana, também Minas Gerais, aconteceu há quase três anos. Na presidência estava Michel Temer. O governo atual é só uma extensão deste outro. Daí, fica muito difícil a gente não suspeitar de conspiração. De ter sido criminosa a fatalidade. Mas como? E por quê? Se pelo menos a Vale ainda fosse estatal dava pra saber que rolava uma operação fraudulenta visando privatização.

Bem, sabem que eu adoro inventar relação entre os fatos e os factóides que a grande mídia noticia. Então, no meio dos operários eu arranquei alguns risos. “Bolsonaro disse que precisam morrer 30 mil brasileiros e mais o FHC, não foi”, “Bolsonaro temia um ataque terrorista, só não contava que usariam armas climáticas”, “estão dizendo que petralhas sabotaram a represa para vincular a culpa e inibir a adesão ao governo Bolsonaro”, “Bolsonaro disse que queria acabar com o Ibama por causa da multa que levou por pesca ilegal, então, o Ibama respondeu arrumando uma tragédia ambiental para o presidente perceber a importância do órgão de defesa do meio-ambiente”.

Ah, e veio mais, afinal, minha mente é fértil para baboseiras. Não é pouca bosta não! Cheguei a articular um motivo que colocaria a bancada ruralista na roda. “Mais terra para plantar e menos para minerar”. Se bem que, conforme o Jornal GGN, há um surto econômico no campo da mineração. O preço do minério estaria em alta e as mineradoras têm pressionado os governos para obterem licenças para a ampliação das atividades no setor. Operando de forma predatória, totalmente irresponsável para aproveitar a safra.

Seguindo o que noticiou o El País, o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, disse que a barragem que rompeu estava desativada há três anos. E ainda deixou todos nós espantados com a sua explanação: “Nós não sabemos o que aconteceu”. Putz! Imagine nós que estamos tão distantes da administração das minas e sujeitos ao cotidiano delas! Que se for nefasto pagamos o preço. Enquanto eles não pagam nem se todas as evidências os responsabilizarem.

Bem, pode ser que outros soubessem que a mina estava desativada. E de maneira a pagar um preço bem baixinho pela área afetada tivessem providenciado uma hecatombe de leve. Podia ser que um governo integralista visse a área como uma rota entre a produção realizada em um ponto do Brasil e o escoamento em outro.

O Ministério da Agricultura liberou o uso de agrotóxicos proibidos nos Estados Unidos e na União Européia. Talvez o presidente tóxico não estivesse satisfeito com o envenenamento dos grãos e começa por Minas o envenenamento da água potável.

Só que um trem tombou na lama. E conforme a Agência Brasil: “O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, anunciou em um vídeo publicado nas redes sociais do ministério, que o governo planeja lançar três novas concessões de ferrovias até o início de 2020, num ‘programa ambicioso, mas possível'”. E o primeiro trecho ligará Tocantins à São Paulo. Ou seja: passará por Minas. Queimada de filme? Não, né: limpeza da área.

Passado brainstorming de teorias conspiratórias vieram as místicas. Uma jovem colega lembrou que nos últimos quatro anos, só o ano passado não aconteceu tragédia em Minas Gerais. 2015 foi a vez da Samarco em Mariana; 2016 o acontecimento fúnebre foi em Janaúba, quando um maluco chacinou crianças e professores em um jardim de infância; e agora acontece rompimento de barragem em Brumadinho, mais uma vez tendo a Vale como protagonista.

Eu não quis lembrar à essa jovem que ano passado teve a tragédia de elegerem Jair Bolsonaro porque ela votou nele. Então, pra manter conexão com o realismo fantástico lembrei que é só o começo, pois, não esqueçamos da “data limite” para o homem se consertar, 2019, dada por extraterrestres e psicografada por Chico Xavier.

Bem, se alguém ganhou alguma coisa com essa fatalidade trágica, esse alguém foi o Flávio Bolsonaro. Diante à suposta peleja da grande mídia para ligar os Bolsonaro à corrupção, que começou com os cheques pagos pelo motorista da casa à patroa do chefe, Flávio poderá respirar, pois, os holofotes que mostram ao público a verdade para ele acreditar não estarão acendendo seu terno.

A Folha de São Paulo, que parece ser o veículo da grande imprensa que Bolsonaro elegeu para perseguí-lo e confundir o público com notícias calamitosas que servem ao propósito de cegar a população para que projetos obscuros possam ser aprovados, lucra com suas denúncias.

Até mesmo aquela ridícula em que Bolsonaro, na cerimônia de formatura de novos procuradores de justiça, rola em uma mesa, providentemente debaixo do fucinho do jornalista da Folha – que não era nem pra estar na cerimônia se Jair anda mesmo evitando o jornal, um bilhete querendo saber se Fernando Collor era candidato a presidente do Senado.

Pode até ser que nesta o esperto presidente da república quis fazer aparecer o bilhete logo pra eles da Folha caírem na armadilha de propagar suspeitas de que o mesmo estaria a buscar aliança com alguém implicitamente lhe eleito inimigo por seus admiradores. Depois era dizer que o bilhete existiu e levar às claras do que se tratava, fazendo tudo muito sentido, e pronto: o jornal se lasca. Mas, eu acredito no mais duvidoso: a parceria obscura de Bolsonaro com a imprensa corporativa para que esta faça o trabalho de ir distraindo o povo ao mesmo tempo que supostamente dá notícias.

O mesmo jornal paulista diz agora que “Flavinho” lucrou R$813 mil com transações relâmpagos de imóveis. Cem mil de um deles teriam sido pagos em dinheiro por um ex-jogador de vôlei. Vai ver não tem nada de anormal nem nisso e nem no caso do Queiroz. Quando for o momento explicam tudo e só aqueles que são para ser desacreditados é que levarão tinta. Os acusados sairão com a imagem fortalecida de gente incorruptível.

A casa cai pra esse grupo manipulador se o excesso desses motes pró manipulação social fizer criar senso crítico. Se sim, as pessoas entenderão direitinho que a mesma didática foi utilizada para criar a imagem hoje gerada na massa de que Dilma é incompetente e cometeu deslizes dignos de um impeachment e de que Lula é ladrão e por essa razão está na prisão.

Essas manobras em que os mesmos que criam as crises dão as soluções e os mesmos que criam os réus dão as sentenças, esse fascismo que adora criar no povo a doença da indignação contra um corrupto e dar a ele a satisfação pela lavagem da alma dada pela punição ao mesmo, se essa didática, que em nada difere da corrupção literalmente descrita, não for abandonada, vamos ter um país bem pior do que aquele que os que votaram em Jair Bolsonaro diziam querer mudar.

A necessária trajetória do brasileiro até o fascismo – Pt. 3

No dia 2 de janeiro de 2019, notei uma diferença enorme no meu cotidiano. De cara, a desordem e a violência urbana nos locais por onde passo caíram de maneira completamente esdrúxula.

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Fez-me pensar que estavam esperando o novo governo entrar para acabarem com o que seria uma peça teatral que vinha sendo encenada desde o segundo mandato do Fernando Henrique Cardoso. O caos social que reinava antes pareceu ser para mim coisa artificial, já que pôde ser consertado logo no dia seguinte à posse de Jair Bolsonaro.

É lógico que a minha cabeça não aceita versão única. Então, eu também refleti sobre outra: Aqueles que provocavam o caos anterior pertenciam ao grupo (ou grupos) por trás do governo que se estabeleceu ou eram financiados pela gente dele. E depois de dezesseis anos de campanha de desestabilização da civilidade no país para tentar com isso responsabilizar o governo vigente e forçar a população a derrubá-lo e eleger outro, de preferência um candidato do grupo conspirador, alcançaram seu objetivo e pararam de atuar, voltando-se à rotinas que colaboram com a nova situação.

Se esta for a versão verdadeira, olha o poder que esses camaradas têm sobre a realidade do país e o tanto que podem fazer para realmente melhorá-lo agora que estão no poder!

Teve também mais uma versão para eu analisar. Os baderneiros tinham o aval dos governos anteriores (ou de grupos ligados a eles) para realizarem suas badernas e com o advento do novo governo os agentes judiciais que relaxavam prisões, davam alvará de soltura ou simplesmente evitavam que os baderneiros fossem responsabilizados perderam a capacidade de dar guarita e por isso os meliantes estão pianinhos e pararam, em peso, de atuar.

As badernas que eles faziam teriam o objetivo de desestabilizar a sociedade para esta aceitar a necessidade da administração provida pelos governantes em situação ou o objetivo de provocar caos que tampa notícias inaceitáveis pela população, como, por exemplo, as relacionadas à corrupção.

A polícia agora pode atuar sem medo de pegar um meliante hoje e ele ser solto amanhã e os membros da instituição policial, vítimas, denunciantes ou testemunhas sofrerem represálias. Por isso tenho visto constantemente viaturas policiais fazendo ronda e gente nas paredes, com as mãos para cima ou para trás, sendo revistada e até autuada pelos agentes da lei.

Diminuiu bem o pessoal que pula roleta nos ônibus depois que colocaram um aviso dentro deles dizendo que “evasão de passagem é crime” e alguns cabuladores de passagem serem detidos e responsabilizados pelo ato para servirem de exemplo.

Até aqueles babacas que colocam aqueles funks nojentos no mais alto grau de volume em seu som automotivo e sai tocando o terror sonoro pelas ruas nas periferias tenho visto sumir. Espero que todas essas ações de segurança sejam intensificadas.

A mesma coisa eu senti na economia. Senti mesmo, não só ouvi a grande mídia repetir exaustivamente que os mercados estavam pulando de alegria com a nova administração do Brasil.

Vi lojas cheias, promoções em shoppings sendo visitadas, pessoas arrumando emprego com facilidade, crescimento de oportunidades de negócios dantes inviáveis porque a probabilidade de assalto à estabelecimentos comerciais era grande.

Mesmo esse cenário econômico e trabalhista pode ter tido manipulada a alteração. Empresários e associações comerciais poderiam estar fechadas com Bolsonaro para logo que ele fosse eleito acabarem com a crise que ficticiamente provocavam. Seria uma negociação política seguida de promessa cumprida efetivado para o bem de todos.

Os cenários apontados neste texto descrevem ações que foram ou podem ter sido efetuadas por entes tanto de direita quanto de esquerda e também gente de lateral política nenhuma. E todas: ações fascistas, totalitárias, extorsivas, obscuras, corruptas.

Com exceção dos acontecimentos no Ceará, que ainda estão sob suspeita de ser armação política, a paz que aparentemente vem relatando experimentarem várias pessoas desde a posse do JB, à medida que se desenvolve o novo governo se cogita que o mesmo beneficiará todos os brasileiros. Logo, o fim justifica os meios.

Na próxima postagem falarei sobre oposição sadia e esquerdismo. Convido você a ler o livro “Os meninos da Rua Albatroz“, cujo texto à medida que anda o governo Bolsonaro parece ter servido de inspiração para as implantações do governo.

E se a liberdade cair outra vez?

Este texto fala sobre censura. E como gente tal qual Gal e Caetano podem fazer muita falta para aqueles que nos dias de hoje os repugnam.

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Você precisa saber da piscina, da Margarina, da Carolina, da Gasolina e de mim.

Nos anos 1960, da voz da Gal Costa saía aos ouvidos da juventude – o contingente social que em qualquer época é capaz de provocar mudanças na sociedade – versos escritos por Caetano Veloso. A dificuldade de entendê-los fazia tanto sentido quanto fazia sentido buscar entendê-los.

Os generais militares estavam no poder e era preciso desviar da atenção deles as mensagens passadas para o público no meio público. Para evitar que inocentes absorvessem essas mensagens e compactuassem com o que o Controle chamava de subversão, o rádio, a TV, os jornais impressos eram censurados. No caso dos veículos da mídia corporativa, a censura era só fachada para não excitar a audiência a buscar o material que os fora desta mídia eram impedidos  de publicar.

Quanto mais embalado fosse aquilo que se queria dizer, maior a chance de se chegar ao êxito de informar. Para isso foi preciso desenvolver uma cultura jovem. Suportado o desenvolvimento dela pelos próprios conservadores da sociedade. Foi preciso enganar pai e mãe, padres, educadores, fazendo-os pensar que andava por linhas certas quem estivesse dentro do padrão de comportamento definido pela cultura.

Esta cultura jovem tinha que ter aspecto de direita, de conservadora. Com cara de não ameaçar o sistema e de não fazer mal a alguém. Ir à uma sorveteria ou a uma lanchonete podia ser um programa de jovem. Ouvir as ingênuas canções do Roberto Carlos e da turma da Jovem Guarda idem. Também era preservado o espaço religioso.

Como era o Tio Sam quem estava por trás da capa, aprender inglês era coisa fundamental. Mais de direita impossível. Super aceito. Em Minas Gerais, o MAI – Modern American Institute, por exemplo, se dava o luxo de ter propaganda na televisão.

Então, era hora de usar as armas do inimigo. E “Baby” convidava as pessoas para irem tomar um sorvete na lanchonete para… “andar com a gente”, “me ver de perto”. E aí se quebrava as pernas dos ditadores. Mensagens sendo passadas em locais permitidos e fora de suspeita, da maneira mais eficaz do mundo: de bocas diretamente para ouvidos, não podiam ser contidas com vociferações autoritárias ou armas de fogo descarregando munições.

Quando “Baby” instruía que as pessoas deviam aprender inglês, os marechais, coronéis, generais imaginavam que a garotada estava sob controle. Ela própria estaria a fazer nela mesma os trabalhos de manipulação psicossocial que eram da obrigação dos militares.

Os cursinhos de inglês faziam a festa. Ao mesmo tempo que contribuíam com a sustentação do regime implantado em solo brasileiro pelos que na América herdaram o idioma que lecionavam, condicionavam os alvos da contra-conspiração a interpretar as mensagens de seus pretensos representantes.

Sem hesitar, Marighella escreveu seu “Mini-manual do Guerrilheiro Urbano” em inglês. Foi sarcástico ao chacotar com sua obra os generais que nas mesas de discussão dentro das lojas maçônicas, virados para os pilares Jaquim e Boaz regozijavam com o material midiático que os irmãos de fraternidade que atuavam na indústria cultural e de entretenimento espeliam em seus veículos. Distrair era a melhor forma de governar.

Só que não! Não contavam com a astúcia dos tropicalistas. Esses orientavam as pessoas a aprenderem inglês para enfim lerem palavras de ordem estampadas em camisetas. Andar na moda, curtindo a distração permitida, era a melhor maneira de se subverter.

A velha e boa T-Shirt já era famosa por carregar a foto de grandes ícones do meio subversivo; ficou também famosa por transportar estampado no peito da juventude lemas que alertavam sobre os mais diversos assuntos.

Convocando com frases como “Você precisa saber o que sei”, o modo alternativo de comunicação derrubava a poderosa indústria gráfica e audiovideográfica em termos de comunicação útil à sociedade. A louvada comunicação subversiva.

A “gasolina” nos versos colocava pulga atrás das orelhas para elas se antenarem quanto ao mundo do petróleo. O Pré-Sal, por exemplo, foi descoberto naqueles idos de 1968. Com “Margarina” poderiam já naquela época estar denunciando a contribuição que a indústria alimentícia dava à médico-farmacèutica produzindo doentes para ela. Do pão com margarina que cai no chão fogem até as formigas.

E hoje?

É grande a presença militar no Governo Bolsonaro. Disseram que a responsabilidade está pesando para a classe. Mas, é fala demagoga. Eles estão adorando estar nos pontos de poder, podendo cercear as liberdades individuais sem mesmo ter que ferir a Constituição Federal. Vai me dizer que a democracia acabou? Acabou não. Continua de pé. Mas, está todo mundo censurado.

Hoje, os generais não precisam calar ninguém à força. O Google, o Twitter, o Instagram, o Facebook e a desinformação faz isso por eles. O Ustra no túmulo deve estar bastante decepcionado com essa ditadura banho-maria instaurada. O próprio presidente da república é um blogueiro e faz seus pronunciamentos de um perfil de rede social na internet.

Acharam de fazer o jovem pensar que ser dessa faixa etária é curtir afazeres ditados, por exemplo, pela escolinha medíocre da telenovela Malhação na TV Globo. Hipnotizaram a massa e a obrigaram a se submeter à verdade imposta que diz que ‘nesta terra de gigantes a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante‘.

A imprensa maldita dá ao público a historinha do espírita acusado de estuprar clientes. E porque esta só colheu questionamentos de gente comum, alegando se tratar o assunto de bode-expiatório para apagar o Caso Queiroz ou a pedido da Bancada Evangélica jogar entes de bem da sociedade contra o espiritismo, doutrina cristã muito mais coerente, verdadeira e puritana e em crescimento no Brasil, arrumaram um pastor evangélico para elevar a ele a mesma acusação. E assim esperam garantir a inocência dos governistas evangélicos nas acusações que eles sofrem quanto ao furo de reportagem “João de Deus”.

Tá certo que também parece ser o golpe a Globo pondo pilha pra fazer rodar o robozinho que faz os zumbis que ela forma se jogarem contra a comunidade evangélica e fazer, com isso, esta comunidade perder força no Congresso com a acusação de moral duvidosa dada por um membro do grupo, ainda que anônimo. A moral rígida e rústica que esse movimento com poder no Congresso quer fazer voltar mata muitos dos meios de enriquecimento da organização dos Marinho. Aliás, a sociedade se dignar a novos hábitos, muitos deles libidinosos, foi crucial para a contenção da crise econômica vivida nos anos 1970 e para a volta da democracia no Brasil. Erguimento dos grupos sociais marginalizados pela moçada evangélica idem.

Na minha opinião, não é preciso mais do que noticiar o dia a dia mercenário desses politicistas para se suspeitar da moral deles. A tal Escola sem partido não é mais do que um meio de minar a capacidade intelectual das crianças e botarem elas para todo o sempre dentro de currais eleitorais do PSL. Quer escravizar alguém? Evangelize-o. Tudo começou assim no Brasil. Depois é que veio: “Ô Clide, fala pra mãe: que tudo que a antena capta meu coração captura“.

Alguém posta a ofensa que for ao sistema e fica satisfeito da vida por fazê-lo sem perder a sensação de que é seguro dizer o que se quer sobre qualquer um que se queira atingir. Mal sabem que dentro do grupo conspirador se sabe tudo sobre quem o ofende. Os dedos-duros são, entre os clássicos de todos os tempos, as grandes redes sociais, que coletam tudo que os membros fazem em seus celulares ou microcomputadores. Incluem-se, até, mecanismos de comunicação residentes na deep web. Só mesmo rejeitando a tecnologia é que se está seguro no meio onde ela impera.

A conspiração age de um jeito que faz parecer que tanto Julian Assange quanto Edward Snowden são funcionários dos inimigos da liberdade individual e de imprensa. Teriam feito revelações bombásticas em seus dispositivos de comunicação patrocinadas pela CIA entre outras organizações obscuras. Os mesmos vigilantes por trás da criação do Google, do Yahoo! e do Facebook, por exemplo. Propagar que cumprem exílio por terem traído suas pátrias seria peça de um jogo de moldagem da opinião pública.

A outra sensação ingênua pertinente do mundo nerd das mídias sociais: “meu post alcança um monte de gente”. Alcança nada! Ninguém que não pode saber o que você sabe recebe o que você revela. As redes de relacionamentos, na internet, não deixam que as publicações que trafegam nelas sejam vistas sem o controle da rede. Só obtemos sucesso com aqueles que já estão acostumados com o que revelamos. Estes já sabem o que sabemos. Se derem corda ao que postamos, só vão ser catalogados por causa da reação dada. Nada mais!

O comportamento da sociedade na internet sofre total monitoramento do Sistema. Poucos têm ciência ou admitem isso. Menos gente ainda suspeita disso. Se com a informação obtida saírem da linha, só assim os carrascos entram em ação para impedirem profusões de ideias ou maiores estragos. Pouquíssimos casos o governo ditador verá necessidade de holofotar os autores e marginalizá-los.

A censura atual é feita, normalmente, sem apontar armas, sem derramar sangue e sem torturar os censurados. Só produzindo desinformação para alastrar pelas mesmas redes sociais e ainda pela televisão, rádio, jornais, sites e blogs, escolas, igrejas e a mídia. Ninguém perde o direito de ir e vir sem ser molestado, mas, ninguém fica livre de ser monitorado. Um monitoramento consentido, pois, usa a internet quem quer, usa celular quem quer e rejeita os livros para se informar sobre como se proteger de invasões de privacidade quem quer.

O resultado do grass marketing executado pelo novo governo militar deixa sem credibilidade qualquer aspirante à militante subversivo influente. E sem visibilidade seu material de contestação. Isso o torna incapaz de movimentar um levante. Nem é preciso criminalizar manifestações para aquietar as massas. Basta usar a internet desse jeito  fascista eficiente quem tem meios de fazer a sua mensagem chegar a todos.

No anonimato, deprimido, pretenso ao suicídio patrocinado pela opressão que se sofre com a falta de expressão massiva e pela alimentação da impressão de que há liberdade e instrumentos para se expor para um grande público, e até ganhar dinheiro com isso, simplesmente parar de tentar fazer chegar informações e pontos de vista ao mundo é lucro. Pois, em se insistindo em nadar contra a correnteza, nesta guerra contra a psique humana, se alguém der um tiro, esse tiro quem dá é o próprio oprimido. Em si próprio.

Para não ter que ser tão rude consigo mesmo, bancar a antena pára-raio ou o papagaio de pirata fazendo análise própria de notícias ouvidas aleatoriamente ou lidas em manchetes alarmantes é uma forma de amenizar esta sofrida realidade de quem até tem o que dizer mas não tem quem o escuta ou o lê.

E ficar a ver navios, esperando que alguém se interesse em aportar no porto onde se encontra sua análise é uma espécie de sonho de consumo. Pode ser que um dia se realize. Se, com toda certeza será com a condescendência da ditadura, autorizando seus instrumentos de contenção popular a afrouxar o policiamento e permitir a passagem.

É a neocensura, a neotortura. Repressão sem ditadura. Garantida pelo voto democrático. E aqui termina o post e começa minha estadia na praia a ver navios.

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os nerds a publicam na rede social.
(Adaptação de versos da canção “Admirável mundo novo”, Zé Ramalho)

A necessária trajetória do brasileiro até o fascismo – Pt. 2

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IMAGEM: Metropoles

Se procurarmos entender porque o brasileiro elegeu Jair Bolsonaro vamos concluir que o eleitor estava cansado de colocar na presidência da república políticos e partidos veteranos e estes serem envolvidos em escândalos.

O eleitor não é capaz de saber se procedem os escândalos e supostas roubalheiras com que seus candidatos são tecidos, mas, sabe que cansa ver a imprensa noticiar exaustivamente, supostamente apresentando material comprobatório do que acusa, os fatos que o levam a se encher de dúvida e a sofrer com sentimentos destrutivos como a frustração, a indignação e a cólera.

A imprensa é paga é para fazer isso mesmo. Criar ambiente para enganar seu espectador e obter dele o resultado exigido por um contratador. Quem a paga é que é o grande interessado que o eleitor colabore não mais elegendo quem ele anda elegendo e procure dar seu voto para outro candidato ou senão abster-se de votar.

É esse contratador que quer tirar do caminho quem estiver no poder e não o eleitor. E o motivo de ele querer isso não é exatamente o mesmo com o qual ele induz a massa a rejeitar políticos e partidos.

Às vezes, a trama não sai bem sucedida. Ultimamente, o público não tem confiado nos veículos de comunicação como já foi outrora. Então, os conspiradores forjam situações nefastas na realidade coletiva e associam essas situações aos seus adversários.

Eles inventam crises econômicas, alta de inflação, operações judiciais, caos social, aumento de violência, aumento de desemprego, rebeliões de toda sorte.

Sentindo na pele, vendo com os próprios olhos os problemas alegados, não tem como a didática não funcionar com quem quer que seja. A experiência é a melhor instrutora.

A coisa pode complexar ainda mais. O próprio adversário pode estar concubinado com a conspiração. Pode ele ou eles muito bem fazer parte dela. Apenas se faz de vítima e de resistência para que a massa não perceba a conexão.

Quando esse conluio contra a opinião pública acontece, a eleição pode ser forjada, caso não saia tudo conforme o plano. Se de-repente nas pesquisas a preferência de voto favorecer o candidato que deve ser derrubado, entra em ação a manipulação das urnas ou da contagem de voto.

Quem tem acesso a esse material e aos registros são pessoas que podem muito bem estar comprometidas com o esquema. O eleitor só sabe de seu próprio voto. Ele até estranha quando faz sua pesquisa particular com as pessoas que conhece e verifica no cômputo das respostas que quem deveria ganhar não é o que ganhou.

Quando a trama é bem armada, esses questionamentos não perturbam a conspiração. O ambiente de aversão ao partido ou político injustiçado e de suposto desejo de mudança proferido pela população serve como álibi até mesmo para os próprios questionadores se convencerem de que sua pesquisa particular está errada.

Só que nessa última eleição presidencial a manobra citada não funcionaria a contento se Lula tivesse concorrido. Por essa razão é que supostamente o colocaram numa prisão. E supostamente com o seu consentimento.

Seu substituto na eleição, Fernando Haddad, e a vice dele, Manoela D’ávila, em diversos momentos de suas campanhas eleitorais demonstraram fragilidades para disputar. Como se quisessem sutilmente se autossabotar.

Na minha opinião, não deveria sequer ter acontecido o Segundo Turno. A conspiração teria achado melhor que tivesse. Daria muito na cara se não tivesse? Conforme minha especulação eu creio que não seja esta a conclusão.

Jair Bolsonaro fez até mais do que a dupla do PT para que o eleitor não o elegesse. Não apresentou em público proposta alguma, permitiu que se levantasse vários factóides que manchavam sua imagem, não foi aos debates, sofreu várias acusações de concorrência irregular. Desde o atentado duvidoso que protagonizou até o emprego de fakenews.

Questões que inclusive dão margem para se suspeitar de haver conspiração, uma vez que o TSE apareceu como aliado do PSL não as apurando judicialmente e a grande mídia se negando a por em ação o contundente jornalismo investigativo que lhe é peculiar quando o interesse no caso tem bom valor-notícia.

A atitude da imprensa corporativa na investigação do caso da morte do jogador de futebol Daniel e agora na perseguição ao João de Deus mostra o quão desinteressados estavam em tirar a dúvida do eleitor quanto a pelo menos o episódio do atentado à faca. O mock “A facada no mito”, que circulou pela internet, deixa claro, pelo menos, que o agressor de Bolsonaro não agiu sozinho. Conclusão contrária chegou a polícia em questão de horas.

A campanha de Jair Bolsonaro pareceu que havia medidas duras demais para ele aplicar em sua gestão se eleito. Medidas que o povo não aprovaria se informadas antecipadamente. E que queriam ter certeza de que se o público o escolhesse perderia o direito de reclamar de qualquer implantação ou corte que adviesse em seu governo. Era a expressão legítima do bordão “é melhor Jair acostumando” pronunciado e escrito fartamente pelos simpatizantes da candidatura do PSL.

Bem, hoje já sabemos que medidas eram essas. E realmente, a maioria dos que elegeram Jair Bolsonaro não o faria se as conhecesse com antecipação. Em resumo, tudo aquilo que o PT proporcionou ao povo em seus mandatos será perdido. E mais a mudança na forma do país lidar com a economia e com o trabalho. Ruptura total com o que se acostumou o trabalhador desde os tempos do Estado Novo de Getúlio Vargas.

E nada disso ocorrendo por vaidade do governo e sim para socorrer a nação. À manter a política que vinham adotando os governos anteriores, não só o petista, o Brasil quebraria economicamente sem que tenha havido qualquer fato real de corrupção e roubalheira.

A tática embrenhada para se atingir o objetivo, conforme essa ilustração especulativa de minha autoria, é própria do fascismo. E foi usada para o bem. É verdade que o fascismo é fascinante e deixa a gente ignorante e fascinada. E também que é mais fácil ir adiante e esquecer que a coisa toda tá errada.

Do contrário o PT perduraria no posto e seria o partido o responsável por cumprir o papel que Bolsonaro e suas equipes junto ao STF terão que cumprir. E isso não funcionaria tão bem quanto se espera de funcionar com o governo implantado, pois, a quebra de identidade a que se sujeitaria o PT geraria crise social seguida de instabilidade governamental.

O povo se sentiria traído e predisporia a dar total crédito à corrupção atribuída ao PT. Uma onda de insegurança tomaria conta das cidades. Os ataques que temos visto noticiarem acontecer no Ceará ocorreriam por todo o país. E sem resquício de suspeitas de não serem naturais.

Por pressão popular a Operação Lavajato não pararia e prováveis imposições de verdades cometidas pelos juristas seriam descobertas. Cabeças iriam parar real e devidamente na cadeia por motivo de falsidade ideológica. Nada do que está mal contado escapará de ter prestado pela imprensa, sem truques, a informação correta.

Na próxima postagem novas especulações acusarão de ser esse panorama um plano de esquerda. A extrema-direita implantada no Brasil e no mundo seria só uma fachada para se chegar as coisas no eixo. O liberalismo econômico a advir não seria apenas uma ferramenta para salvar o capitalismo. Seria também uma última tentativa para que os conservadores não tenham que se sucumbir ao comunismo já neste final de década. O comunismo é um caminho inevitável.

Contribua para que o seu inimigo cometa os erros que ele quer que você cometa

Esta postagem, porque me sinto apressado para expor a opinião que é tecida nela, também está sendo antecipada. Logo publicarei a segunda parte da série “A necessária trajetória do brasileiro até o fascismo”, cuja primeira parte foi muito acessada.

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Desde a campanha eleitoral vemos Bolsonaro se ancorar em táticas de manipulação de opinião. No primeiro momento, essas táticas eram usadas para que ele conseguisse se eleger. Agora, parece que seu governo depende de enganar ou distrair o público para que suas medidas sejam implantadas.

Primeiramente, quero expor uma visão própria sobre o trabalho das imprensas. A corporativa, que é a hegemônica ou a que mais aparece, noticia de acordo com sua demanda. Ela é paga para noticiar. E a alternativa, também chamada de imprensa livre, busca sua visibilidade, que lhe gera receita com base principalmente na doação feita por leitores, oriunda da natureza de militância amiga que ela ostenta, se opondo ao que é noticiado pela outra, sabendo ela que é o que aqueles que a contratam querem que o povo pense e repercuta.

Para continuar a dissertação, crio aqui uma convenção para ficar fácil de entender as personagens envolvidas nessa trama. Simpatizado é aquele com quem um grupo receptor de informações simpatiza. E antipatizado é o oposto, é aquele a quem esse grupo combate, repele, quer ver sair do caminho. O primeiro é o mocinho e o segundo é o vilão.

E lembro que o complexo empresarial brasileiro, limitando às grandes corporações de toda sorte, seus proprietários comungam na mesma fraternidade e que dentro desta fraternidade eles tomam as decisões de como cada um vai proceder dentro de seu mercado e qual papel irá cumprir quando um teatro tiver que ser armado para que ações de contorno de crises ou nomeações para cargos públicos tiverem que ser desferidas contra a sociedade. Os donos dos grandes veículos de comunicação também são membros dessa sociedade restrita, que também agrega políticos e militares.

Esses que contratam a grande imprensa para fazer trabalho de moldagem de opinião é que são o foco dos jornalistas independentes. O ataque destes aos veículos hegemônicos de comunicação é chamado de ataque indireto, pois, quem eles querem atacar, os contratantes das informações despejadas pelos hegemônicos, não aparecem, se mantêm invisíveis por trás da cortina com a qual essa imprensa lhes cobrem.

É importante também verificar que tem hora que a grande imprensa – ou noticiadores de direita – publica conteúdos que interessam à oposição de seus clientes. Parece até que os veículos estão do lado dela, fazendo denúncias contra seu cliente. Vimos muito disso durante a campanha eleitoral, quando, por exemplo, a Globo se fazia de combatente da candidatura de Jair Bolsonaro. Mas, é bom não cair nesta, pois, não passa de estratégia que favorece os combatidos.

Essa estratégia estranha pode ter vários objetivos. Se fazer parecer do lado do oprimido é se infiltrar no meio dele. É se fazer de amigo e conquistar sua adesão. Dar o que uma pessoa gostaria de receber é tudo que se precisa operar para cooptá-la, trazê-la para o seu lado, colocá-la sobre o seu comando. Ter toda condição de discipliná-la e aos poucos fazê-la mudar de ideia quanto a um ponto de vista.

Tal mudança se faz oferecendo aos cooptados notícias falsas ou duvidosas sobre o simpatizado ou sobre o antipatizado, que proporcionam ao receptor reflexões que podem, sutilmente, sem que ele perceba, fazê-lo mudar de opinião.

Na minha opinião, até a Folha de São Paulo se fazer de perseguida pelas equipes de Bolsonaro é suspeito. Pode ser que seja típico da jogada mencionada. O atual presidente da república pode ter sido instruído a eleger dentre os irmãos de fraternidade um órgão forte de imprensa como adversário para com isso facilitar a implantação de seus interesses. A Folha seria quem joga iscas no aquário onde se encontram pescadores que querem pescar seu cliente. Iscas que ela sabe que ele facilmente consegue escapar delas. Muitas vezes, material que ela recebe dele para publicar.

Alguns dos interesses possíveis de terem facilitada a implantação com os golpes midiáticos são espúrios. Logo, se o público receber a notícia de um órgão jornalístico tido como oficial e de grande credibilidade devido à sua história e preferir confiar nos demais com a mesma atribuição, que se mantiveram na neutralidade ou a omitir a informação prestada pelo suposto companheiro desagregado, o governo não teria mentido ou enganado o público não tendo prestado a informação da medida que teria adotado. Teoricamente teria apenas deixado a imprensa mais acessada do que o diário oficial à vontade para noticiar e o público teria tomado sua decisão de modo totalmente voluntário.

Os outros órgãos jornalísticos se mantendo na neutralidade de opinião ou omitindo o que o órgão marginalizado ou em perseguição informa é uma excelente tática para colocar como duvidosa uma informação oficial. Sem se correr o risco de perder a credibilidade de seu conteúdo para com o público os que praticam essa imparcialidade gerida e sem atrapalhar os planos do cliente, no caso o governo.

Discorrido, então, sobre o comportamento duvidoso dos organismos de comunicação e sobre a fragilidade da integridade das notícias que são nos impostas, vou discorrer sobre os objetivos das informações que nos chegam.

Já mencionei que ora intencionam desinformar – prestar informação falsa, sofismática – e com isso induzir o público a cometer erros úteis e ora intencionam desviar a atenção para que assuntos importantes passem despercebidos ou, quando é necessário que a informação seja conhecida e aderida, sejam passados no limiar da percepção.

Um exemplo de indução ao erro útil: O grupo contratador prepara ataques em uma localidade – reais ou não e com vítimas verdadeiras ou não – e a imprensa joga holofote em demasia no caso, deixando a população em pânico, sujeita a aceitar qualquer proposição de medida que a devolva a sensação de tranquilidade.

No caso dos ataques ocorridos no Ceará nessa primeira semana do ano de 2019, uma sugestão que o grupo controlador daria seria intervenção militar no Estado ou na cidade específica. Poderia também o grupo sugerir medida mais federal, como a aprovação da Lei Antiterrorismo, que tira as liberdades individuais das pessoas e autorizam o Estado a entrar onde bem entender, sem a necessidade de mandatos, ou prender quem quer que seja, não necessitando sequer se tratar de alguém suspeito.

Outro exemplo desse tópico, mas que também serve para distrair o público, é o Caso Queiroz, o motorista dos Bolsonaro que teria efetuado depósitos supostamente indevidos na conta corrente de Michelle Bolsonaro, a esposa do presidente da república.

O Caso Queiroz segue com a imprensa – todas elas – botando lenha para que todos os interessados na queda do presidente repercutam as supostas evidências de corrupção. É tudo muito mastigadinho, facílimo de deglutir, mas, a distância que mantém o Judiciário do caso não dá segurança nenhuma de que o que informa a imprensa é íntegro. A acusação de isso se dever à arrendamento do poder é facilmente combatida com o argumento de não existir registro de inquérito ou elementos jurídicos suficientes para se iniciar um processo. Quem vai fazer esse registro com base em notícia de imprensa? Quem vai fornecer esses elementos?

Os militantes de Bolsonaro, orientados pelo marketing dele, andaram espalhando para todas as imprensas, incluindo a Globo, fatos falsos que atacavam o presidente e seus auxiliares ou familiares e depois eles próprios desmentiram esses fatos, levando o público a desencorajar-se de acreditar na imprensa sob a alegação de conspiracionismo de oposição. O objetivo era exatamente este. Só que é ser ingênuo demais achar que a Globo cairia nessa jogada antiga e propagaria os fakes, senão por condescendência – acordo, melhor dizendo.

Quando chegar o momento, Queiroz vai aparecer e tudo será contundentemente explicado, Bolsonaro se fará de vítima, associará a propagação de fakenews às esquerdas, atacará o uso de tática de marxismo cultural para iludir o público, pedirá para que as pessoas não deem atenção para a mídia e procurem ajudá-lo a consertar o país, que é o que interessa a todos. E todos que aparecem como personagens nessa história sairão ilesos e com seus objetivos alcançados.

Outros possíveis fakes ou esquetes – esquete é quando se trata de um cenão ou uma gafe que repercute, por exemplo, como as cometidas por Damares Alves em seu discurso de posse – que vêm se propagando e distraindo a atenção das pessoas do movimento no Congresso são: A prisão do João de Deus; o suposto descontentamento de Bolsonaro com seu ministro da economia; a suposta censura ao Coaf.

Informações que a imprensa corporativa quer que passe no limiar da percepção são enterradas, dadas quase no rodapé, nas páginas dos jornais ou são exibidas sem busca de emoção do telespectador, em blocos intercalados entre dois com característica inversa (cheios de sensacionalismo), nos noticiários do rádio e da televisão.

Já o que querem que vire crença e repercuta recebe tratamento de notícia de capa. É tratado como matéria especial e incondicionalmente arrancam alterações emocionais de quem se expõe a ela. De acordo com o que for repercutido serve de feedback e o noticiador do fato deixa claro para o seu cliente seu poder de alcance.

Portanto, conforme este texto, desconfie sempre do que ganha destaque demais e vira febre na mídia, geralmente de indignação. Indignar o público é tática para viabilizar intenções. Proceder de modo contrário é se transformar em massa de manobra, ou seja, contribuinte da cúpula, que trabalha de graça e que às vezes atira no próprio pé.

Da’mares’ usa azul no nome, e aí?

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IMAGEM: Manifestação da Trident sobre a nova era de Damares Alves.

“A liberdade é azul”, “A igualdade é branca” e a “A fraternidade é vermelha”
(Do filme “Trilogia das Cores”, de 1993)

Não tem como deixar pra depois. Eu ia falar sobre o liberalismo econômico ou o fim do trabalho escravo e da exploração do patrão com o fim da Justiça do Trabalho (o quê?). Quem sabe sobre a violência urbana ou o que vem a ser realmente esquerdismo. Provar que Jair Bolsonaro é de esquerda e não sabe (como assim???); dar um “ulala” para a iminente libertação do Lula. Mas, infelizmente, Damares Alves conseguiu me fazer interromper a série “A necessária trajetória do brasileiro até o fascismo” pra eu falar sobre a frase dela.

A pastora evangélica deu a sua primeira de tantas gafes que ainda irá nos proporcionar. Ela sim, podemos dizer, vai querer nos mostrar que direito é o mano em seu ministério trino três vezes desnecessário.

É até engraçado, pois, Bolsonaro queria dar exemplo reduzindo ministérios e quer provar que as questões do trabalhador podem ser resolvidas no ministério da justiça, que eu também acredito que sim, e ignora que também não o podem as questões relacionadas à mulher, à família e aos direitos humanos.

O que ele queria era agradar um amigo que ficou de mal dele, dando-lhe um cargo  de ministro, o ex-senador Magno Malta. Ou então usar o poder de seu cargo para pagar dívidas pessoais para com um cabo eleitoral. Mas, o Oscar foi para a secretária do também pastor evangélico, Damares Alves.

A atrapalhada ministra entrou para a história dos memes com a frase “menino veste azul e menina veste rosa” proferida em um discurso. Querendo ela dizer que o Brasil, com o novo governo, entrou em uma nova era. Como se nunca no país aos bebês meninos se destinassem as mamadeiras e chupetas na cor azul e rosa as mesmas coisas para as meninas. Até no livro “Os meninos da Rua Albatroz” isso aparece bem lembrado.

Com isso ela moveu uma multidão a manifestar a sua gozação contra a frase infeliz. Vamos ver muito disso com essa turma de subproduto do Youtube nos governando nesses quatro anos por vir. E Damares vai dar trabalho para os outros no ranking. Mal veio essa e ela já emendou outra criticando a regra do Sisu que diz que filhinho pode estudar longe da mamãezinha.

O que me irritou foi vê-la tentando se redimir da trapalhada. Proferiu um “Eles falam que menino não nasce menino e menina não nasce menina”. “ELES QUEM?”. Gritei irritado de frente para a TV. Esperei resposta dela, mas, não veio. “As esquerdas, você quis dizer”. Continuei conversando com a televisão.

Sem conhecimento de causa e sem principio ético, levantando falso testemunho, como não deveria quem se diz cristão afinco levantar, ela expôs sua psicologia das cores da sexualidade sem apresentar embasamento científico. Usando de política pra moldar a opinião do público e jogá-lo contra os adversários. Coisa que faz quem não sabe ao certo o que propõe ou que propõe o que se for analisado por uma razão não poluída pela desinformação que as igrejas espalham jamais seria aceito pelas massas.

“Outubro rosa”, campanha contra o câncer de mama; “novembro azul”, contra o câncer de próstata. Entendeu?

Entendi que você de alguma forma está querendo vincular a imagem dos LGBT ao câncer. Seria a homossexualidade um tipo de câncer? É isto que você quis dizer? Seria isso assunto da disciplina de biologia da escola sem partido?

“Os homossexuais já podem adotar, e nós não queremos mudar isso. Nenhum direito adquirido vai ser violado pelo governo Bolsonaro, que isso fique claro.”

Que fique claro que ele não tem direito de violar direito algum. Nem mesmo armando onda de violência urbana para instituir lei antiterrorismo para acabar com as liberdades individuais e sair prendendo quem ele achar que deve.

“Meu filho vai vestir rosa”. “É você quem vai obriga-lo a não vestir”, “Se ponha no seu lugar”. A revolta nas redes sociais se alastrou e todo mundo desabafou.

Tiraram sarro até mesmo aqueles conservadores que depois que viram que quebraram a cara com o voto que deram, andam dando força para que os esquerdistas saiam dos esconderijos e iniciem a clássica oposição que só eles sabem fazer e corrijam com ela a cagada que esses conservadores fizeram na urna em vez de fazer em casa antes de sair para votar.

O fato de você ocupar um cargo que te dá acesso fácil, ou de repente direito, a um microfone e exposição na midia pra você ofender quem você quiser sem ter que lidar com tréplica na mesma proporção, ministra, não garante que o que te incomoda devido à sua dificuldade de compreender o mundo vá ser resolvido levando outras pessoas ao mesmo para que você não se sinta sozinha. Monte sua zona de conforto com quantos imbecis forem, mas, tracem um círculo no chão e não ultrapassem a linha.

Todos que tentam dar as cartas para as pessoas que consigo dividem o mundo só conseguem morrer cheio de companhia. É aquela história da galinha que acompanha pato.

Eles quem? Cite o nome dos bois. Consigo te dizer que são bois que pastam nos mesmos pastos que você. Estão de todos os lados, forçando a barra para que haja o preconceito e a resistência a ele.

Se existiu kit gay ou mamadeira com bico em forma de um pinto (não tenho essa de dizer ‘isso daí’ não) é esse pessoal que age nas sombras que inseriu no imaginário popular através das bocas de gente como você e esses seus aí. Gente que está infiltrado, colhendo resultados, em todos os meios. Inclusive no seu. Sem trocadilhos!

A necessária trajetória do brasileiro até o fascismo – Pt. 1

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Empossaram Jair Bolsonaro. Uma campanha iniciada por volta de 2012. Dois anos antes, o eleitor dera o recado de que faria perdurar na presidência da república o PT. As intenções do petismo eram claras, o pais rumaria para o socialismo. No máximo, inauguraria um tipo de capitalismo próprio, suficiente para posicionar o Brasil na condição de, juntamente com os poderosos clássicos, dar as cartas para outras nações. Isto incomodou bastante esses poderosos.

O Brasil petista impressionava o mundo. Internamente, as façanhas de Lula e Dilma em termos de avanço social e redução da desigualdade entre os naçãos motivava os que idolatravam o socialismo, mas haviam desistido do sonho de ver novamente o regime superar sua antítese, o capitalismo.

Lula chamou de marolinha uma crise econômica que abalou os Estados Unidos. Fez este país lembrar da União Soviética durante a Grande Depressão norteamericana. A participação do Brasil no Mercosul e no Brics intimidava as maiores corporações do planeta com a ameaça de perderem elas o posto de comando dos mercados mundiais de toda sorte.

Cuba e Venezuela, na América Latina, recebiam investimentos do governo brasileiro. Em outros continentes, de alguma forma a expectativa de ter o Brasil como parceiro em negócios era muito grande. E o principal de tudo: o Brasil encontrou petróleo em larga escala em seu território e tinha governo macho o suficiente para não deixar o Tio Sam e as seis irmãs do petróleo botarem a mão. “O petróleo é nosso”, como em campanha nacionalista dizia em seu tempo Monteiro Lobato.

Viabilizaram então estudos para descobrir o que levava o povo a não largar o osso. O grande avanço social, erguimento das classes então desfavorecidas e redução da pobreza e do analfabetismo eram premissas óbvias. Mas, em contrapartida, facilmente manobráveis para deixarem de ser. A mão que balança o berço da população, a mídia, sempre esteve à cupula invisível à disposição.

A cúpula do poder invisível, dona dos negócios que viabilizavam os avanços que Lula e Dilma proporcionavam, dona também dos veículos de comunicação da Grande Midia e dos principais cargos do Judiciário, poderia articular crises financeiras e de emprego, que levariam a população ao estado de choque, que a faria repensar se eram mesmo duradouros os benefícios sociais que bancavam sua prosperidade. Tanto podiam que o fizeram.

De uma hora para outra, pessoas começaram a perder seus empregos; a inflação voltou a assombrar; protestos sem causas claras e greves ganhavam – obviamente – destaque na mídia. Até banqueiros resolveram fazer greve – ou pelo menos veicular a informação de que estavam parando por não suportarem a suposta instabilidade econômica que experimentava o Brasil. Midiaticamente, o país virava uma Venezuela.

Nem precisavam se lançar à mascaração da verdade no campo socioeconômico. Dependendo tanto do Estado, a relação entre patrões e empregados e entre mercados e consumidores, com o Estado equilibrando as contas de cada parte, ora dando deduções de impostos, ora incentivos fiscais; ora aumentando a empregabilidade aumentando o número do funcionalismo público, gastos de políticos e ainda cuidando da manutenção de benefícios sociais como o SUS, o Prouni, o Fies ou o Bolsa Família, por exemplos, em alguns anos o país quebraria.

Os cofres públicos quebrariam tão logo as empresas iniciassem suas quedas devido à alta de juros e excesso de direitos trabalhistas para arcar com os empregos. Tendo que enfrentar o próprio governo em certos mercados. Como o do petróleo, por exemplo. Não bastavam escolas, hospitais, transportes, creches, restaurantes públicos para diminuir o empenho de empreendedores e aumentar o número de funcionários a mamar nas tetas dos impostos que a iniciativa privada com muito suor arrecadava e transferia para o Estado.

Desde Fernando Collor de Melo era preciso romper com a política socialista que afetava a economia e o trabalho originada no Estado Novo de Getúlio Vargas. A conta que os implementos de Vargas gerava tinha data-limite para estourar os cofres públicos. Lula foi um dos que tinham o compromisso de fazer as reformas trabalhista, previdênciária, agrária e política. Mencionou todas elas em seu discurso de posse de seu primeiro mandato. Mas também não o fez.

Em vez disso o PT, aliado à várias esquerdas, e também liberais-conservadores, partiu para estatizar ainda mais o Brasil. Foi dado ainda mais direitos para o trabalhador, o que deu um soco na capacidade dos empregadores de empregar. O liberalismo econômico passou a ser um mal necessário, mas, não era Lula ou quaisquer dos partidos socialistas a colocar a cara à tapa para realizar essa mudança inevitável, que já se mostrava inadiável. Seria auto assassinato de reputação e traição ao povo as esquerdas metidas nisso. O povo jamais entenderia se por ele Lula se sacrificasse mudando extremamente de lado, de ideologia.

Só que a difusão dessa conscientização toda não foi suficiente para levar o eleitor a não reeleger em 2014 o PT. Dilma assumiu a presidência da república em 2010, tendo muito, em campanha eleitoral, contribuido para não ser eleita. Coisa que voltou a fazer em 2014. Nas duas vezes ela até que correu o risco de atingir seu objetivo, porém, com o voto da maioria dos eleitores indo parar na candidatura de entes de esquerda. Aí de nada adiantaria o esforço.

Precisaram, então, refazer os estudos para saber como recrutar o voto dos eleitores. Daí veio a percepção de que o PT formava curral eleitoral. Teoricamente, empregava táticas de marxismo cultural para isso. Mas, não era nada disso. As forças organizadoras por trás de cada componente desses currais é que se submetiam ao PT, o elegendo como padrinho de causa. Foi de tabela que o partido ganhou fama de amparar os excluídos da sociedade.

A elite golpista – neoliberalistas conservadores, donos de negócios e de altos cargos na sociedade, gente rica – passou a articular ataques ao PT nesse sentido. E todos os grupos que se destacavam nesses currais foram acusados de crescer de contingente graças a incentivo do PT e de seus aliados de esquerda. Criaram rejeições implícitas e explícitas à homossexuais, nordestinos, negros, trabalhadores sem terra, drogados, índigenas, quilombolas, latinoamericanos. Até o crime organizado foi associado ao partido. Ateus, comunistas e intelectuais tiveram suas marcas sociais abaladas e malquistas pela sociedade, mas, por serem habilidosos os membros desses grupos a marginalização deles foi tiro que saiu pela culatra. Graças a Deus!

O homossexualismo, por exemplo, passou a ser propagado como coisa de petista e de esquerdista. E para que o eleitor-alvo não deixasse de dar importância a isto, dizendo coisas como “e o que tem isso a ver“, marginalizaram o grupo. Colocaram na cabeça de boa parte da população que havia nesse fato o risco de acabarem com a boa moral e os bons costumes ou de acabarem com a família e com a necessária para o Sistema fé em Jesus Cristo. O canal principal de propagação dessa marginalização foram as igrejas. O bichinho que propagava a revolta contra os homossexuais fora colocado no sangue da população. Era o embrião do futuro ódio ao PT.

Só que o culpado do crescimento do homossexualismo não foi o PT. E nem as esquerdas. Os mesmos que fizeram com que os homossexuais ganhassem voz e fizessem reivindicações a partir da gestão de Dilma Rousseff estarão atuando durante a gestão do PSL. Eles são marxistas livres de partidos. E são invisíveis. E têm poder. Corrompem a sociedade a atingindo a cerne de muitas maneiras, utilizando vários grupos sociais. Incluindo os mais ferrenhos na defesa do capitalismo, os mercenários encripados evangélicos.

O que é possível usar para vincular as esquerdas ao crescimento do que o ex-senador Magno Malta chamou de “ditadura homossexual” é o fato de muitos políticos defensores de causas sociais segmentadas se associarem às legendas esquerdistas. Eram só elas que os aceitavam. Se elas o faziam para construir seus cercadinhos de eleitores já é outro assunto. E com toda certeza era pra isso que faziam. Todos querem acesso ao poder, no fundo ninguém se preocupa com o povo. Politicamente, esquerdistas em nada se diferem dos seus opostos.

Políticos se constituirem em bancadas específicas para representarem grupos sociais não é privilégio de nenhum governo. O próprio governo Bolsonaro se organiza assim. Tem nele a bancada da bala, ruralista, evangélica. Permitir que hajam representantes no parlamento só de grupos que interessam ao governo ou a seus financiadores de campanha é antidemocrático. Fere a Constituição Federal.

Logo, os bolsonaristas vão ter que engolir lidar com questões que para movê-los a eleger quem elegeram eles foram doutrinados a lutar contra. A diferença em seu favor é que Bolsonaro se diz determinado a dar prioridade para consertar tudo o que é necessário para salvar o país. Com isto pronto se poderá virar para cada interesse individual. Sem dar privilégios para ninguém. Esperemos que ele cumpra o que às claras não prometeu. E por essa razão eu não votei nele.

Continuando a história, jogar o público contra os membros dos currais eleitorais do PT não foi derradeiramente eficaz. Novos estudos de psicologia social levou à articulação do golpe do rechaçamento de imagem do partido. Associá-lo à corrupção de uma vez por todas jogaria o povo contra o partido. Daí nasceu a Lavajato, por exemplo.

A Lava-jato foi só um braço de uma articulação visando manchar a imagem do PT e das esquerdas para que o povo não voltasse a eleger o PT e fizesse perdurar o partido e suas perigosas políticas socialistas no poder. Na próxima postagem o passo-a-passo desse golpe será explicado. Das mãos de Michel Temer iniciou-se o impeachment de Dilma Rousseff. Delas, também, sua tomada do posto legítimo de Dilma e a prisão estratégica de Lula – que provavelmente teve sua condescendencia – foram traçadas. E desembocou seus planos na eleição do mito Jair Bolsonaro.

As táticas fascistas para implantação de medidas sociais ou de qualquer outro tipo demandadas para o estabelecimento do liberalismo necessário no Brasil não são diferentes das adotadas para a implantação do socialismo na União Soviética, na China ou onde quer que o sistema vermelho foi implantado. Sem autoritarismo, nenhum regime se estabelece. O povo não se sujeita às revoluções, elas são impostas. O povo sempre se acostuma ou aprende a gostar do que vive quando se torna assimilado. E inclina-se para a direita, virando conservador, para evitar que mudem. 2018 foi a primeira vez em que se viu conservadores querendo mudanças políticas.

A maioria da população – que não votou em Bolsonaro para presidente da república – durante muito tempo chamou de golpe na democracia os passos que foram dados até a posse de Jair Bolsonaro e sua explanada. Mas, com a atenção livre de revanchismo voltada para a dissertação dada neste e nos próximos textos desta série deste blog passará a chamar, possivelmente, do que Ernesto Geisel chamou de prudência democrática.

Pode ser que num esforço de liberais e progressistas, comungado com a experiência da Grande Mídia em doutrinar pessoas, a democracia brasileira seja salva e passe a ser cultuada pela população da maneira como se deve. Sem o equivocado “tudo pode”, que para ser contido teve que nos conduzir ao fascismo. Ainda que para mantermos o estado de direito nos custe algo de nossa soberania e riquezas. Precisamos, as esquerdas, dar o braço a torcer e cooperar com o governo instalado. Se trata, visivelmente, de cuidar das nossas próprias aspirações. Solução imediata não se tem melhor, infelizmente, do que o que a quadrilha empossada tem a oferecer.

Às vezes, para continuar na luta é preciso acovardar“.

15M2017: O dia em que o povo não falou só pra ele

Libertas Quae Sera Tamen“. (Liberte que serás também – inscrição na bandeira de Minas Gerais)

inconfidencia-mineira

IMAGEM: Blog do professor Rodrigo Mateus

7:55 da manhã. Mais do que o prazo que tenho para sair para ir trabalhar. Passei a mão em uma camisa vermelha e vesti. Ouvi minha irmã comentar que a Globo se omitia ante ao que acontecia nas estações de ônibus de Belo Horizonte. Não era de se esperar que a emissora de TV fosse noticiar o que contraria seus interesses e os dos seus. Uma paralisação social geral para conter a aprovação de uma lei abusiva, pretendida pelo Governo ilegítimo de Michel Temer e das elites por trás do mesmo.

Por sorte minha irmã conseguiu se esquivar da lavagem cerebral que sofre, que faz com que as pessoas busquem informações na rede de televisão maldita em vez dos poucos veículos de comunicação sérios que existem, e zapeou pelos canais. Encontrou a TV Record informando a situação caótica na estação Vilarinho, que por aquela hora estava fechada. A Record é uma emissora do PIG também, capacho do Governo também. Preparava ela para sua audiência do horário números circenses como selecionar pessoas e gratificá-las para falar que estavam furiosas com a greve dos ônibus e dos agentes de saúde, pois, tinham cirurgias para fazer. Daria um ar de que a greve geral não passava de um movimento idealizado e mantido por vagabundos revoltados, sem causa, contra o sistema.

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IMAGEM: Twitter @opinoaberto

Pelo menos deu para eu saber que o destino que eu tinha intenção de seguir não seria mudado. Me mandei para a Praça da Estação. Eu encontraria por lá o pessoal do partido político que sou filiado, o PCdoB, e participaria dos eventos programados para o dia. Enquanto eu os procurava, deparei-me e adentrei em um clima carnavalesco. Com alas de baterias, como a do Levante Popular, e jovens e idosos trajados alegoricamente. Fantasias de protesto.

Não se tratava da quadra da Salgueiro, mas o vermelho e branco predominava. O azul da UNE – União Nacional dos Estudantes – e de outros grupos estudantis, de universitários e de secundaristas, o amarelo, mais reforçado na pele dos carteiros, que apareceram em peso vestidos à caráter, e o laranja dos trabalhadores da SLU – Serviço de Limpeza Pública – disputavam as posições posteriores. Balançavam bandeiras, subiam cartazes e faixas, gritavam gritos de guerra e riminhas sarcásticas envolvendo quase sempre o sobrenome de Michel Temer.

Gente do PT, do PSTU, do PSol e do PCdoB se unia às entidades sociais para tratar a mobilização. Cinco caminhões, munidos de aparelhagem de som e palanque com microfones estavam de prontidão para primeiramente darem seu recado os palestrantes – líderes de movimentos estudantis e de outros nichos representantes de classes, sindicalistas, políticos de esquerda. A visibilidade maior era da CUT. A mestre de cerimônia em cima do caminhão da entidade – Central Única dos Trabalhadores – era uma das organizadoras do ato público em Minas Gerais. O levante em Belo Horizonte recebeu gente não só da Capital.

A jovem senhora da CUT, preparando o pessoal para a marcha até a Praça da Assembléia, teve a brilhante ideia de fazer uma dinâmica. Orquestrou o público para que toda gente envolvida na ação de protesto se concentrasse em frente ao palanque do caminhão da CUT. Um mar de cabeças humanas se teceu. Em seguida ela chamou a imprensa presente, tanto a vermelha, quanto a marrom, e pediu aos fotógrafos e jornalistas para que eles olhassem e registrassem com suas câmeras possantes a quantidade de gente que estava presente. Mais tarde a TV Globo, por exemplo, diria para a agora parca audiência do MGTV, que não havia mais do que seiscentas pessoas no ato. “Manda a Polícia Militar subir e contar também“. Gritei. Ela ouviu meu grito e solicitou a presença da PM no alto do carro. Dificilmente conseguiriam convencer à população que havia menos de 100 mil participantes no manifesto contra o Governo em BH. A praça totalmente lotada, em dias de shows que interessam à Globo noticiar volumosamente o público, pois ela própria os promove, com menos do que aquilo ela anuncia cem mil. Parece que é a capacidade do local. A dinâmica foi bem sacada, pois, fez com que a grande mídia tivesse sabotada sua contrainformação usando sua própria moeda. Era um contragolpe.

Emfim, saímos da Praça da Estação e fomos em direção à Assembléia Legislativa. Haveria por lá uma audiência pública. Políticos e manifestantes protagonizariam uma acariação. Discutiriam a punição dada – boicote do voto aos traidores do país que votassem à favor da falsa reforma – àqueles que não respeitassem o desejo do povo de quedar a PEC 237, que acabará com o atual sistema previdenciário brasileiro, deixando as pessoas sem aposentar, e os demais termos da reforma trabalhista. Me mantive longe da multidão, às margens apenas, devido aos ataques de labiritinte que tenho quando sinto claustrofobia. Herdei do trabalho e querem que eu trabalhe mais do que me falta para aposentar para que eu me trate quando isso acontecer.

Balas no bolso, garrafa com água dentro da mochila que eu levava nas costas, panfletos recolhidos aos poucos em uma das mãos. Segui viagem solitariamente. Bem diferente das militâncias dos velhos tempos de juventude. Mas: “tá limpo”! Adaptações politizadas para marchinhas de carnaval eram cantadas no alto do caminhão que eu seguia, enquanto os palestrantes conscientizavam os populares que transitavam. Revelavam para eles à força tudo o que eles não ouviam da Grande Mídia ou por não dar atenção à imprensa de esquerda. Os que não aderiam ao movimento por se submeterem às falácias da imprensa corporativa tremiam nas bases ao tocarem no assunto “vão ficar sem aposentadoria“, “vão ficar sem férias e sem 13º salário“. Até os informais ambulantes pararam para pensar se não deveriam engrossar o levante. Afinal, muitos deles vendem coisas para aposentados e gente curtindo férias.

Não durou muito tempo, em pleno Pirulito da Praça Sete, alguém pôs em minhas mãos a ponta de uma faixa. Subi a Avenida Amazonas até o destino conduzindo um dos lados da faixa que ficou estendida horizontalmente. Olhei primeiro do que se tratava a inscrição. Achei interessante se tratar de uma cobrança ao Governador de Minas, Fernando Pimentel, o piso salarial dos trabalhadores em educação prometido. Uma tremenda alusão de que a luta não era partidária e era honesta, não deixando de chamar à responsabilidade políticos das próprias coligações ou predileções. Coisa que direitista tem que aprender para fazer oposição com justiça em vez de convocar a ingenuidade do povo para dar golpes unicamente em nome de seus interesses.

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IMAGEM: Twitter @opinoaberto

O lema era “Ai, ai, ai, ai / Acaba com a Reforma ou o golpista cai“. Tinha também o clássico “um, dois, três, quatro, cinco, mil / ou pára a Reforma ou paramos o Brasil“. E BH mostrou que está disposta. A essa altura, após a brilhante fala de uma líder do Movimento Negro, aplaudida pela imensa maioria branca que subia a Amazonas em ritmo de procissão, uma jovem em nome dos estudantes secundaristas me emocionou. “O homem deve ser livre. O amor é que não se detém ante nenhum obstáculo, e pode mesmo existir até quando não se é livre. E no entanto ele é em si mesmo a expressão mais elevada do que houver de mais livre em todas as gamas do sentimento humano. É preciso não ter medo, é preciso ter a coragem de dizer.“Proferiu ela a frase do revolucionário Carlos Marighella.

Não bastasse isso, até o sindicato e vários representantes das polícias Civil, Municipal e Federal aderiram ao levante e fizeram palestras ao microfone, tendo como fundo musical “Até quando” do Gabriel Pensador, e tudo mais. Aí senti firmeza! Não estamos tão sozinhos! Se fudeu, Bolsonaro!

A diversificação de temas me chamou a atenção. Mostrava que o povo está consciente dos diversos problemas que estamos precisando resolver, mas, tirava um pouco o foco da luta, que era a votação da “Reforma da Morte”, a mudança na Constituição Nacional e na CLT que interessa somente aos banqueiros e aos ricaços do país e põe o povo para pagar as contas de um corpo político que quis tomar o poder para preparar o país para as elites deitarem e rolarem. De deficitária a Previdência do país não tem nada. Muitos especialistas mostram isso nas redes sociais contundentemente, para qualquer um entender, mesmo não sendo bom entendedor e sem precisar desenhar.

O outro ponto sabotador de intenções e manifestos e que sempre está presente nos movimentos eram os infiltrados. Os que criam focos de briga, estouram foguetes, passam por onde a organização disse que não foi permitido passar. E os que acendem e fumam cigarro de maconha no meio da passeata. Gente que trabalha para os golpistas e que a imprensa que vai fechar close neles para fazer reportagem maldosa e minimizadora sabe onde está para ir lá fotografá-la ou filmá-la. Os que ficam em casa à espera do resultado e veem pela TV vão ter essas cenas para desprezar a luta.

E foi assim. Eu tinha que relatar o meu dia. Já na Praça da Assembléia Legislativa, em frente ao órgão, pessoas se aglomeraram e o ambiente virou o de um Parque Municipal em um dia de domingo. Só que com batucadas, cornetadas, cantigas de protestos e faixas expostas no chão. Até um cemitério para o professor aposentado pela reforma do Temer foi montado. Muita irreverência em um evento bonito. Vendedores faturaram mais do que nos dias normais. Ganhei um boné da CUT e preguei na camisa uns bótons adesivos. Ouvimos o que tinham a dizer os deputados que participariam da audiência pública e tomamos conhecimento da agenda da CUT e das outras entidades que brigavam pela nossa aposentadoria. No Brasil todo teve protestos anti Temer e seu governo, contra a mídia golpista e o Judiciário vendido, que nós brasileiros pagamos os salários dos membros com o nosso trabalho, consumo e atenção.

Tuas Terras que são altaneiras
O seu céu é do puro anil
És bonita oh terra mineira
Esperança do nosso Brasil

Tua lua é a mais prateada
Que ilumina o nosso torrão
És formosa oh terra encantada
És orgulho da nossa nação

Oh! Minas Gerais
Oh! Minas Gerais
Quem te conhece
Não esquece jamais

Oh! Minas Gerais

(Trecho do hino de Minas Gerais)