Fui a um bar para sair um pouco da rotina de ficar em casa em pleno dia de folga. Na TV do boteco era exibido o jogo do Atlético Mineiro contra a Caldense. Durante a transmissão, muita tristeza com relação ao que aconteceu no Rio de Janeiro, Ninho do Urubu, CT do Flamengo. Sim, o incêndio que até então havia deixado dez vítimas fatais. Jogadores praticamente mirins do Flamengo, que perderam a vida precocemente.
Eu havia postado no Facebook, que governos trágicos atraem tragédias. Isto é fato. Temer entrou no poder ilicitamente e viveu a tragédia da Samarco, o rompimento da Barragem do Fundão em Mariana, Minas Gerais, e o fatídico acidente de avião ocorrido com o time da Chapecoense, que na selva da Colômbia ceifou mais de 70 vidas de atletas, comissão técnica da equipe e jornalistas. Jair Bolsonaro vem colecionando tragédias: Ondas de ataques violentos no Ceará; rompimento da Barragem do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais; flagelamento devido ao ocasionamento de chuvas na Favela do Vidigal, Rio de Janeiro; e também no Rio de Janeiro e na área do futebol, incêndio ocorrido no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do Clube de Regatas Flamengo, no bairro Leblon Rio de Janeiro.
De alguma forma, a natureza encontra meios de mostrar para a população de uma pátria que ela fez a opção errada. Uma egrégora nacional é criada. Aceitar a corrupção do impeachment de Dilma Rousseff e votar em Jair Bolsonaro movido pelo ódio criado pela grande mídia ao PT, por exemplo. Pra não parecer exagerado, lembro que todas essas tragédias foram ocasionadas pela negligência dos governos em situação, que preocupados em acabar com a imagem do PT e implantar o liberalismo econômico, no qual as empresas dão as cartas quanto ao próprio funcionamento, deixaram correr solto, inclusive, a necessidade de arcar com termos dos alvarás de funcionamento.
O Atlético Mineiro é o grande rival nacional do Flamengo. No entanto, assim como as cenas que vi na transmissão de TV que eu assistia de uma manifestação no Rio de Janeiro contra o episódio fatídico, em que torcedores vestidos com camisas do Vasco, Botafogo, Fluminense e outros clubes fluminenses se juntavam à flamenguistas para exigir justiça, meus amigos atleticanos se sensibilizaram. E o que quer que acontecesse no campo no jogo que assistíamos não conseguia nos tirar a tristeza. Era melhor se a rodada de todos os estaduais fosse adiada, como ocorreu no Rio de Janeiro.
O mais deprimente para mim era a notícia de que o Corpo de Bombeiros carioca havia aplicado mais de 30 multas ao Flamengo por não providência de contorno de irregularidades que poderiam provocar acidentes no CT do clube. Ora, mais de trinta recomendações? Pra mim, como minha cabelereira me falou, o Corpo de Bombeiros só podia estar a fazer vistas grossas para permitir que a responsabilidade do clube autuado fosse atenuada ou nunca arcada. A instituição de segurança pública não está limpa nisso. Por que já não bateu o martelo condenando o clube por não cumprir exigências da instituição já na terceira ocorrência de multa?
Foram crianças que morreram. Jogadores de 14 a 16 anos de idade. Com um futuro certo pela frente. Seus familiares dependiam de suas carreiras. E assim como as vítimas de Brumadinho ou do Vidigal, primos pobres de sofrimento, serão abandonados e o público esquecerá de cobrar a quem deve as providências. É o privilégio que têm os poderosos que está em foco.
A Rede Globo, certamente, vai ser convocada para cuidar de tudo para que o público sáia do pé das autoridades exigindo que todas essas tragédias sejam responsabilizadas e esqueça todos os fatos. E, ainda, esqueça que Flávio Bolsonaro e várias das celebridades invioláveis do Governo Bolsonaro saem ilesos de qualquer das acusações que vêm sofrendo. Pare o público até de pensar que o Caso Marielle só não está resolvido porque não querem.
Neste, quem não consegue ligar que sendo ela vereadora e membra da Alerj, onde conta a mídia que Flávio Bolsonaro mantinha um esquema de funcionários fantasmas, e que a mesma teria sido assassinada por membros de uma milícia, que, conta também a mídia, o senador mais eleito do Brasil tinha relações com os chefes dessa milícia, a falecida vereadora do PSol pudesse ter descoberto algo que comprometeria Flávio, que certamente estragaria a eleição do pai candidato à presidência da república?
Até eu, que sou dado a teorias conspiracionistas que nem é o ministro das relações exteriores do atual governo concluiria isso. Daqui a pouco vem o Carnaval e também o Brasileirão, o Big Brother está em curso. Pronto, fica tudo resolvido como sempre se resolveu no Brasil: sem respostas convincentes.
Bom, o post é só para deixar reflexões e lamentar a perda de mais vidas. A desses inocentes do Leblon e do Vidigal, mortos e flagelados. Venho até apoiando o novo governo, embora eu não tenha votado nele, sobretudo no que diz respeito ao Trabalho e à Economia, mas, não posso deixar de lembrar que governos trágicos atraem tragédias e que esse atual só está começando. Parece que não será aquela história bonita em que o Hotel Marina se acende e ilumina o Vidigal para dar um toque de glamour aos romances.
Espero que Jair Bolsonaro deixe o número do presidente no hospital, que daqui a pouco inventarão que morreu, e cobre de suas autoridades ações para que negligências de corporações militares ou de entidades civis ou políticas deixem de existir e tenhamos mesmo, não só os bolsonaristas que já se encontram confusos, a impressão de haver mudanças no país com essa última eleição.
E que o Judiciário não sucumba aos mecanismos que empresas responsáveis por tragédias utilizam para se livrar da culpa e de indenizações, como vem acontecendo em Minas Gerais, onde se vê a parte mais frágil dos responsáveis, os engenheiros da Vale, ser acusada da responsabilidade da tragédia de Brumadinho, pagando o pato em vez dos tomadores de decisão da empresa.
Proteger as empresas e instituições públicas, como fazem com o corpo de bombeiros no Rio, dessas responsabilidades, só para proteger o capitalismo, é também corrupção. Disso, pensam que precisam os governantes, mas, certamente, nós povo não precisamos.