Olimpíadas do Exército

Para reforçar a campanha que utilizava a revista “Turma do Dedinho”, o Governo Militar lançou em 1970 as “Olimpíadas do Exército”, que ocorria cada ano em uma capital brasileira  e a edição de 1971 foi realizada em Belo Horizonte. Assista ao vídeo que foi utilizado para tecer as informações contidas no capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz”.

*Observação: Apesar de o capítulo 2 do livro apresentar projetos do Governo Militar, embora sem tecer opinião a favor ou contra, o livro não tem postura definida com relação à experiência vivida pela população brasileira nos idos que são mencionados no livro. Mais adiante, informações que destacam o outro lado ideológico que seduzia a população do mundo em tal época também serão apresentados, de igual forma, sem tecer opinião contra ou a favor. Cabe ao leitor do livro estabelecer a sua opinião. O livro tem essa intenção de providenciar ao leitor visões fora das subsidiadas para que ele próprio faça julgamentos a respeito de cada assunto tratado na publicação e aplique o aprendizado nos dias de hoje.

Turma do Dedinho

Ainda capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz”, o garoto Tôim revisita o projeto do Governo Militar Brasileiro destinado à cooptação do interesse da população para o Esporte. A intenção do Governo era formar uma população sadia por causa dos exercícios físicos e melhorar, com isso, os resultados brasileiros nas competições internacionais, como as Olimpíadas por exemplo. O projeto era uma revista em quadrinhos, como objeto principal de marketing, chamada “Turma do Dedinho”, que tinha o compromisso de levar informações de vários esportes para a criançada e criar adesão a eles. Junto com o programa foi criada nas escolas a disciplina Educação Física, que se tornou obrigatória. O projeto impresso recebeu um investimento jamais visto em termos de campanha publicitária no Brasil até então. A revista era distribuída gratuitamente nas escolas. A pesquisa para compor as informações registradas no livro contou com uma tese de mestrado informando sobre a campanha do Governo Militar.

Saiba mais sobre a revista: Museu dos Gibis: Dedinho

turmadodedinho

Paladino do Oeste – Editora Ebal

Outra preocupação do garoto Tôim que é narrada no capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz” é deixar para trás a banca de jornais que havia aparecido no bairro em frente a única padaria que se situava na região. Na banca os garotos compravam, quando podiam, as figurinhas dos álbuns de figurinhas que colecionavam e também algumas revistas em quadrinhos, entre elas as de faroeste que a editora Ebal lançava todo mês, mais particularmente a do herói “Paladino do Oeste”, cujas aventuras se podia ver na televisão em versão seriado (Clique para ler matéria a respeito!), porém, por não haver luz elétrica, na casa dos Vítor não se podia acompanhar os episódios e por isso se recorria à versão de banda desenhada.

paladino

Visite o site dedicado à Ebal, onde é possível baixar quadrinos completos: http://guiaebal.com/aimocinho7.html

Veja um episódio completo do seriado, com dublagem original em português.

Cesta de bambu e bolinhos de chuva

O capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz” também remete aos comes e bebes de emergência, bem como ao “jeitinho brasileiro” para se conseguir algum trocado. Tôim e sua irmã Deia certa vez colocaram em uma cesta de madeira os bolinhos de chuva – aqueles feito com farinha de trigo, açúcar, manteiga e ovos – que a mãe havia deixado em casa para eles utilizarem no café da manhã, uma vez que a região não contava ainda com padaria e comprar pão francês não era muito fácil. Os irmãos, aproveitando haver um conjunto de casas populares a ser construídas em uma avenida abaixo da casa onde moravam, passaram a mão na cesta e foram angariar alguns centavos por unidade de bolinho de chuva, que eram vendidas informalmente para os operários que construíam o conjunto habitacional.

cesta com bolinho de chuva

Álbum de figurinhas Brasil Novo (1973)

Ainda capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz”, o garoto Tôim, ainda despedindo-se de sua rotina na moradia que a família irá deixar, remetia à sua memória as vezes em que revirava o lixo de um lote vago atrás de sua casa e encontrava vez ou outra figurinhas do álbum de figurinha que colecionava na época, o “Brasil Novo”, uma bem ufanista publicação para colar cromos ilustrados, que tinha o objetivo de levar por meio de mídia impressa àqueles que não podiam desfrutar de todas os meios de trânsito de cultura de massa disponíveis à sociedade, informações pertinentes do campo cultural, político e de desenvolvimento do país. O Governo Militar utilizava dessa forma de colonialismo cultural para arrancar adesão comercial e política por parte dos colecionadores que eram, sem chance de rejeição, formados pela indústria cultural. Através de álbuns de figurinha os generais arrancavam reverência e cooperação ao regime e a indústria cultural formava dependentes para os seus produtos e, consequentemente, dinheiro para utilizar dentro da nação e para destinar às suas matrizes no exterior. O Brasil começara a afirmar-se como um grande centro captador de devotos para esta indústria – que incluía editoras gráficas, emissoras de rádio e de televisão, gravadoras de discos, cinema – e arrecadador de divisas. Dinheiro que as metrópoles utilizavam, além de outros investimentos, para investir em ditaduras e prisão de mentes pelo mundo a fora. Por trás do colecionismo inocente havia um grande plano traçado.

brasilnovo

Visite o álbum: http://albumefigurinhas.no.comunidades.net/brasil-novo

Borboletas e bruxas

Ainda no capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz”, o garoto Tôim, ao saber que seus pais venderam a casa onde morava e que em breve iriam todos migrar para outro local, decide se despedir de tudo que fazia parte de sua rotina. E entre suas despedidas estava caçar borboletas e bruxas, das tantas que apareciam nos quintais naqueles idos, as quais hoje em dia, com a urbanidade, abandonaram a região e não se vê mais como era visto. É possível que essa urbanidade tenha feito desaparecer algumas espécies. Eram muitas as que existiam em Belo Horizonte, Minas Gerais, e ajudavam a tornar os ambientes mais vivos, ricos e com ar de haver prosperidade para todos. O progresso não se importa com os seres humanos, quanto mais com a participação que os insetos possam ter na vida destes. Coisa que só uma criança é capaz de perceber.

borboletas

Lamparina e lampião

O capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz” também faz referência a dois utensílios que era utilizado naquele tempo em que no Brasil, embora emergente tecnologicamente, ainda havia residências que não contavam com energia elétrica por não ser o conforto tão acessível. Isso acontecia na casa da família protagonista, que no referido capítulo tem os patriarcas a levar uma discussão à luz de lamparina e de lampião, duas lâmpadas que funcionavam à base de querosene, que era queimado para gerar chama e esta era engrandecida devido à redoma de vidro, no caso do lampião, ou ao pavio alto, no caso da lamparina. A fumaça que saída do utensílio tinha um cheiro marcante e provocava fuligem nas paredes dos cômodos onde elas eram fixadas para iluminar. A solução serviu a muita gente em pleno centro urbano, mesmo em capitais brasileiras que já estavam em desenvolvimento há bastante tempo de então.

LAMPARINA

Ramiro da Cartucheira

O capítulo 2 do livro “Os meninos da Rua Albatroz” faz uma referência ao perigoso bandido Ramiro da Cartucheira. Se tratava de um ladrão cruel, serial killer, natural de Jaboticatubas, Minas Gerais, município próximo à cidade de Santa Luzia. Ramiro era notícia toda semana nos jornais impressos e no rádio. Muito do noticiário era forçado, havia o intuito de explorar, até esgotar-se, a audiência que estava dando colocar medo na população valorizando um criminoso que ainda não havia sido capturado. Ou sim, havia sido capturado, mas rendia mais dizer que ainda estava a ser procurado. Ou sequer existia o fato, mas a publicação exaustiva sobre qualquer assunto faz com que o mesmo se torne uma verdade na mente dos que se expõem à informação e ao veículo comunicador. Desde aquela época, 1974, a imprensa já agia valorizando mais os números de audiência e respectivas vantagens comerciais, como venda de exemplares no caso da mídia impressa, e iludindo aquele que dirigia sua atenção aos produtos informativos que era lhes impostos. Em nada isso mudou se observarmos a grande imprensa nos dias de hoje. Verifique o link a seguir para saber mais sobre o meliante: O Desmanipulador: Ramiro da Cartucheira

Ficha do bandido
Ficha policial do bandido Ramiro da Cartucheira

*A imagem pertence ao blog O Desmanipulador