Como saber se temos ímpeto de empreendedor?

Empreendedor é aquela pessoa que tem uma idéia, uma vontade ou uma intenção e se vale de métodos para atingir o objetivo. Pode ser lançar um produto ou enveredar em um negócio, comprar um objeto ou conquistar alguém.

Em negócios, particularmente, a pessoa empreendedora necessita ter mais algumas características, que a torna única, pois dos outros tipos de empreendedorismo todos nós temos um pouquinho, e entre elas a de ser dona do seu nariz.

Sim, o sujeito empreendedor não pode ficar à espera de decisões acontecidas em reuniões de terceiros para ver sua idéia, vontade ou intenção em ação. Falar que seres assim são bastante inteligentes é redundante.

[CONTINUE LENDO EM: http://sellyourfish.blogspot.com/2013/01/como-saber-se-temos-impeto-de.html]

Já tínhamos convicção, agora, temos também a prova

“Não temos provas, temos convicção”. Essa frase dita por Deltan Dallagnol ao indiciar Lula no caso que indevidamente lhe meteu atrás das grades fez muito efeito em 2016. Viralizou, deu origem à uma série de memes. Ironizando ou usando como bandeira para seus anseios odiosos, todo mundo se esbaldou com ela.

freelula

O estrago que a frase fez na democracia do Brasil, no entanto, não foi nada engraçado. A convicção mudou de lado – os admiradores de Lula, ex-presidente do Brasil, acusado de corrupção, não tinham dúvidas de que ele era inocente –, porém, sem provas libertar alguém é bem diferente do que prender. Isso porque quem prende tem credencial de magistrado e isso costuma ser suficiente para que todo um sistema sucumba às decisões judiciais.

Eis que do hemisfério norte veio parar no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante, um salvador da pátria. A nação esquerdista estava prestes a ser exterminada. Totalmente desesperançosa, sofrendo abusos e ataques da ralé conservadora, que teve a irresponsabilidade de colocar no posto que foi de Lula um bárbaro disposto a promover todos os caprichos com que a elite burguesa brasileira quisesse se lambuzar.

Entre esses caprichos: surrupiar direitos do povo, dizimar inimigos e grupos étnicos e raciais à essa elite desprezíveis, desfazer de parte do território nacional e das riquezas do país. Enfim, rifar o Brasil.

Com um monte de gente sofrendo de hipnose coletiva dando seu aval para lastimáveis perdas de direitos, desde que isso significasse se vingar de esquerdistas. E da suposta roubalheira atribuída só ao PT mercantilizada ao público pela Grande Mídia.

Glenn Greenwald é um dos três fundadores do The Intercept. Jornalista, advogado constitucionalista e autor de quatro livros entre os mais vendidos do New York Times na seção de política e direito. Ficou famoso ao levar à público as revelações de espionagem contra civis que Edward Snowden – aquele que avisou Dilma que o governo brasileiro e a Petrobrás estavam sendo espionados, tal fato viabilizou a implantação da Operação Lavajato – desferiu contra a NSA, a agência de segurança dos Estados Unidos. Na época como jornalista do The Guardian.

E talvez imbuído no espírito dos pássaros das fontes de água límpida, ele botou seu jornal para dar ouvidos a um anônimo, que fazendo uso da mais avançada das mais avançadas das tecnologias colocou Deltan Dallagnol para produzir a prova de que precisava o admirador do Lula para mostrar para todo o Brasil que era treta aquilo que Dallagnol chamava de convicção.

Pareceu até que gente graúda e provavelmente metida com as falcatruas desse sistema judiciário sentia o cheiro podre de sua própria podridão vindo à tona, numa velocidade estonteante, agredir o nariz de toda a nação, que não gostou nada do cheiro. Em meio a “não dar braços a torcer” e teimosias em sustentar adesões para não deixar dúvidas de ter estado errado e de ter Q.I. menor do que aqueles que criticava, crenças da ralé conservadora titubearam. E popularidades de políticos idem.

Trataram de arrumar casos para tapar as atenções o mais possível. A imprensa aliada dos verdadeiros corruptos cortou um dobrado para noticiar exuberantes tragédias e crimes acontecidos no mundo todo; dívidas astronômicas de célebres clubes brasileiros de futebol. E até o garoto Neymar teve seus 15 minutos de fama de estuprador introduzidos nessa cronometragem.

Sacrificaram segredos que viam guardando, desejando imensamente estarem a chamar todo o regimento do Corpo de Bombeiros para apagar uma guimba de cigarro acesa no meio do deserto. Acharam que ganhariam tempo para sair do pesadelo.

Mas, não funciona mais desviar a atenção do público por muito tempo com relação à política. Agora, todo brasileiro sabe o que realmente o afeta e por isso o fútil é logo descartado.

E assim, graças ao impávido, apaixonante e infalível The Intercept, um objeto resplandecente de comunicação, a conversa – sadia para os corruptos combatentes da corrupção – tecida num aplicativo de comunicação, o Telegram, foi apresentada de um modo bastante explícito para a platéia mantida longe da verdade dos fatos sobre a prisão do Lula. Quiçá também sobre a eleição de Jair Bolsonaro. E com isso, as esquerdas foram reanimadas e estão de volta à luta, companheiros.

Fatos muito turvos começaram a ficar muito claros. Como, por exemplo, por que o STF – Supremo Tribunal Federal –  ou o TSE – Tribunal Supremo Eleitoral – não chamou o VAR (alusão ao árbitro de vídeo) para consultar as imagens da facada no mito em Juíz de Fora.

Afinal, se um forte candidato à reeleição fora tirado do páreo, um agredido por um nominado integrante do PSol – partido de esquerda – se torna para a grande massa manipulável a melhor opção.

O esfaqueador, o tal do Adélio, pra não ser prejudicado por ter cumprido o único papel na trama que daria alguma coisa desagradável para alguém fora providentemente considerado maluco e provavelmente, enviado pelo Judiciário amigo, cumprirá pena em um manicômio paradisíaco. Quem sabe chegará também nas mãos do Intercept a verdade sobre esse fato, não é mesmo? Torçamos unidos, nós que não somos trouxas!

Como Greenwald disse, pode até ser que não cáia o juíz investigador Sérgio Moro, o algoz fabricado pela CIA, agência de inteligência dos EUA, que teria condenado Luís Inácio Lula da Silva sem provas e orquestrando a parte acusadora e que virou herói nacional para um monte de babacas por estar em evidência no comando do sensacionalismo barato chamado Operação Lava-Jato.

Mas, as coisas não continuarão como estavam, sabendo-se que se de repente você precisar da Justiça contra uma parte muito forte, como um patrão, por exemplo, atrás de compensações vindas de quem pode dar, o juíz poderá ser o seu acusador. A realidade não é o seriado “Justiça Final”. Lembra?

A verdade vindo à tona vai provocar consequências grandiosas para a Esquerda. A dificuldade para o Governo Bolsonaro atingir seus objetivos vão aumentar. E as esquerdas podem cogitar, já em 2022, voltar para o posto após o término do governo indevidamente eleito, que terá sido, a partir do baque sofrido por seu ministro da justiça, em banho-maria.

Não sou ingênuo de pensar que o PT colherá novamente louros ou que Lula retornará ao posto de presidente da república. Mas, personalidades competentes e com grande credibilidade a esquerda poderá colocar na disputa pelo cargo. Eu aposto na dobradinha Flávio Dino/Jandira Feghali e deixa o pau cair a folha.

E aquilo que nesse momento se revelou aos povos
Surpreendeu a todos não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando era o óbvio
(Trecho, adaptado, da canção “Um índio”. Caetano Veloso.)

Leia o livro “Os meninos da Rua Albatroz”.

E NUNCA PERCA NOSSAS POSTAGENS!

Vire leitor para ser respeitado como eleitor

livros

O grande aliado da grande mídia do Brasil e consequentemente dos políticos é o fato de o brasileiro não ler ou ler pouco. Há muito que os dominadores das sociedades capitalistas chegaram à conclusão de que se tirassem do indivíduo o hábito de ler e ainda substituisse nele esse hábito pelo de dar atenção para mídias sonoras e de audiovisual, como o rádio e a televisão, se conseguiria moldar-lhe a forma de pensar, destruir-lhe o senso crítico e colocá-lo bem suscetível à mudança de comportamento graças ao poder de hipnose que as mídias eletrônicas têm sobre o cérebro humano. E ainda fariam isso remotamente, o que baratearia o processo.

A instrução em mídia eletrônica, principalmente a audiovisual, é programática. Ela tem o poder de programar o raciocínio a que se chega quando exposto o senso analítico de alguém a um produto dessa mídia. A informação falada sai didática, associada a uma pessoa de verdade, que é quem a injeta no ouvinte. A qual recebe o reforço de elementos visuais e textuais, que são enriquecidos com efeitos de transições entre imagens e outros recursos que a edição de vídeo permite, para distrair ou para prender a atenção de quem se submete ao produto. As defesas do subconsciente para não aceitar doutrinação vão a zero nos indivíduos não treinados para se defender dessas estratégias.

Já com o texto puramente escrito isso não acontece. A informação é impressa nas folhas de papel e tudo com que o captador dela pode contar para entendê-la é a sua leitura e a sua interpretação. Ele depende dele próprio para assimilar o que quer transmitir o texto. Tem que se virar. A não ser, é claro, quando permitimos que alguém leia para nós e nos dê a sua interpretação.

Sendo assim, por ser passivo, o livro não é bom como indutor de raciocínios, porém, é bom como despertador deste. Por isso é que a mídia livro é poderosa e preocupa os manipuladores da sociedade a população voltar a aderí-la como nos tempos em que as demais mídias não existiam ou não eram populares. Detalhe sobre a imprensa: os jornais e revistas, que contam com recursos de imagem misturados ao texto, conseguem manipular opinião com mais eficiência do que os livros, mas, bem menos perigosamente do que as mídias eletrônicas. Portanto, uma leitura neutra, livre de indução e apta a ser de grande utilidade para o leitor, só reside em livros.

O livro foi a primeira grande mídia que o homem experimentou. Tanto é que até hoje o que dá importância através dos tempos a um homem é o fato de ele ter deixado para a posteridade um livro. E tanto é que o maior instrumento de orientação da conduta humana é um livro: a Bíblia. Que ainda que hoje se possa encontrar o instrumento nas mais variadas mídias, ninguém abre mão de ter a versão impressa em casa e procurá-la quando quer consultar algum versículo.

Disseram que o livro de papel ia acabar. Logo quando o CD-ROM apareceu. Vinte anos se passaram e cadê o CD-ROM? Não foi falsa previsão e sim má intenção da indústria que conspira contra as sociedades. Se nós tivéssemos acreditado no que diziam para que déssemos fé, aí sim a intenção deles de acabar com o hábito da leitura prosperaria. E olha, esse papo de que acabar com o papel ajuda a ecologia é uma verdade relativa e não passa de estratégia para corromper o gosto pelo livro impresso. Migrando a literatura para os dispositivos eletrônicos se está transformando o silício em equipamento que gasta um bom tempo para ser reciclado e espalhando o câncer nos vegetais e nos animais com a alta emissão de radiofrequência.

A leitura está de volta. Você está lendo quando utiliza as redes sociais para se comunicar. Lendo e escrevendo. Está lendo quando acompanha as legendas de um filme no cinema. Está lendo quando acessa um blog ou uma matéria de reportagem em um site. Está lendo em muitas situações, entre elas quando se vale de placas de sinalização ou escolhe produtos na prateleira do supermercado ou se orienta pela bula de um remédio.

E “Eles” continuam conspirando. Te dão muitos vídeos na internet para você optar por eles; te dão músicas; te dão audiobook; te dão aplicativos para celular. Todas essas mídias têm o percentual de controle deles, têm a maquinação que vai diretamente para o cérebro desprotegido, que qualquer meio eletrônico proporciona. Parece ironia, mas o PDF que eles popularizam sob o nome de e-book serve para desencorajar você de buscar o poderoso livro impresso. A frequência medida em hertz da tela de seu computador, de seu tablet ou de seu smartphone cansa a sua vista e te distrai. Você sofre hipnose com isso e não consegue entender bem o que lê se o texto não for curto como os encontrados em blogs e sites. Dão uma volta nos conspiradores aqueles que agradecem pelo livro gratuíto ou barato em forma de PDF e vão a uma copiadora imprimí-los para ler em papel.

Tá na hora de fazermos a engenharia reversa. Seja um adepto da volta do livro versão papel. Una-se a uma legião de pessoas que já faz isso. Olhe à sua volta, por onde você for irás constatar que as pessoas já sabem do bloqueio que os poderosos da sociedade fazem no cidadão para que ele não busque ler livros. E cada vez mais, conclusões diferentes e versões novas a cerca de muitos assuntos saem da boca de pessoas comuns para contestar o que a grande mídia, particularmente a eletrônica, tenta encobrir usando os recursos da multimídia para maquear a informação. Isso só está sendo possível porque as pessoas estão lendo. Leia também!

O Sol perto dos olhos

Ninguém é inútil, pois, neste exato momento, em alguma coisa, estamos substituindo algo ou alguém. Por exemplo: Quem está desempregado substitui no banco de espera por uma vaga alguém que conseguiu um emprego. É a vez dele de se por à disposição dos empregadores, quando estes precisarem substituir um funcionário.

Um homem de negócio não pode substituir ou ser substituído nesse exemplo, mas, dentro do campo dele a mesma analogia se segue. O atual diretor de uma empresa substitui seus antepassados. O pai falecido ou aposentado, que criou o negócio depois que deixou de ser empregado de alguém que o teve de substituir quando ele se transformou em um concorrente, pode ser o substituído. Nisso acontece mais substituições. Quando, por exemplo, uma empresa engole seu concorrente ela o substitui.

Tenhamos em mente agora um homem que iniciou um negócio inovador. Alguém que não engoliu concorrente algum, ele simplesmente pôs no mercado algo que não existia. A quem ele substituiu? Ilustremos, para chegar a essa resposta, com o cenário que mostra o dia-a-dia de uma comunidade onde precisam os moradores ir a um ribeirão com latas d’água na cabeça para buscar água. O empreendedor da história inventou um meio da água ser transportada por um duto coletor até uma grande caixa d’água, de onde os moradores recebem o líquido por meio de dutos distribuidores.

Ele substituiu um método, mas prevalece a analogia: “estamos sempre substituindo algo ou alguém“. Enquanto fizermos assim somos úteis. Quando não somos capazes de aparecer com um aparato inovador para modificar um jeito de fazer as coisas, facilitando-as, então, temos que ser capazes de nos por à disposição de alguém que precisará de quem o ajuda a operar o negócio que criou.

O que não se pode fazer é ficar parado, à espera de uma luz que apareça no final de um túnel. Assim estamos substituindo o ocioso e inerte que deixou a vaga para se transformar em um substituto em ação. O problema é que nessa condição de ficar à espera não se sabe o tempo que se pode permanecer nela.

A luz é algo que queremos sempre alcançar. Mas, infelizmente, o que tanto queremos enxergar nos cega quando está muito perto. É uma ironia isso. E há outra particularidade da luz que não interessa à pessoas que se põem em ação: a luz quando chega até nós traz-nos o passado. Sim, o que vemos brilhando no céu já passou. Está vindo em nossa direção e se chegar até nós algum dia estará mais velho ainda. E só nos depararemos com um passado levemente mais recente caso nos enveredarmos a ir em direção à ela enquanto ela vem até nós. Encontraremos com o passado do mesmo jeito. E o passado não nos ajuda a modificar as coisas pra ninguém e também não nos coloca à disposição de um empregador para que nos utilize porque estes estão sempre com questões inéditas para resolver.

Enquanto nos dignamos a apenas contemplar a luz e torcer para que dela venha alguma ideia que nos faça chegar à nossa própria fórmula do sucesso, as outras pessoas vivem o sucesso que podem viver substituindo outras ou se pondo à disposição para substituir. Ou seja: sendo útil. É preciso fazer essa reflexão, aquele que prioriza esperar em vez de agir, antes que o Sol o cegue os olhos por ter se aproximado bastante. As melhores ideias que surgiram às melhores cabeças que já existiram e que se transformaram em coisas de grande utilidade ocorreram enquanto seus mentores substituiam alguém, exercendo uma função, ou se punham à disposição para fazê-lo. E o momento que o Brasil vive requer que hajam bastante pessoas que pensam e agem assim.

É a alma que tem um corpo

Ao caminhar por uma rua, recebi um papel de alguém que entregava em pró de uma igreja evangélica. A pessoa me disse “Bom dia”, me entregou o folheto e desviou-se para fazer o mesmo para quem vinha após a mim. Geralmente, o destino que dou a esses papelotes contendo mensagens evangélicas é embolar e procurar uma lixeira para jogá-lo, sem poluir mais a cidade. Porém, a elegante abordagem, sem militância e sem procurar bater a meta da igreja, um fiel por contato em média, me fez tratar diferente.

Lendo o papel eu encontrei uma mensagem bem interessante. Que dizia que conforme uma análise química, o corpo humano realmente consiste de pó da terra, como diz a Bíblia. Em seguia, um resumo dessa análise química é descrito na mensagem.

O único momento que discordei do enunciado é quando o redator tenta convencer de que o corpo humano não é uma simples máquina que vive experiências e após certo tempo ou à certa condição irá ser devorado por vermes e seguirá-se o ciclo da natureza que nos envolve. Para o redator do texto o corpo humano possui uma alma.

Eu discordo porque na prática se percebe que é a alma que possui um corpo. E ele é humano quando quem o possui quer dotar-se de certo tipo de consciência, a qual só mesmo o corpo humano, neste planeta, como se sabe por enquanto, é capaz de portar.

Qualquer um que acredita em alma, acredita que ela seja eterna. Acredita que ela seja de outra natureza, comumente dizemos ser de natureza espiritual, a qual possui meios de penetrar na essência de um corpo humano e administrá-lo até o fim da existência deste. Após este uso o corpo se deteriora e dará continuidade ao ciclo de transformação que a matéria se vale para que ela também possa ser eterna. Sim, a matéria é eterna. Só não é imutável. Tudo se transforma, como disse Lavoisier.

Já a alma, só podemos especular ou intuir, é claro, continua a levar sua existência em um plano não físico. A se dignar a fazer as coisas próprias deste e a esperar por nova oportunidade de materializar seus desejos novamente, usando um corpo humano. Essa concepção não fere nenhum ensinamento religioso, embora ameace.

Crie você mesmo o seu amuleto da sorte

Continuando a migração de textos de outro blog mencionada na postagem anterior.

Ele queria sair para arrumar uma companhia, mas não sabia aonde ir, como ir ou como abordar quem ele encontrasse onde quer que ele fosse. Ele só sabia o que ele queria.

Então, ele se arrumou todo, e, sem destino, passou primeiramente em uma farmácia e nela ele comprou preservativos. Involuntariamente, com as pessoas que o presenciaram fazer a compra, ele se comprometeu a consumar o ato de transar. Ele imaginou que ficasse devendo satisfação para elas. Se isso não acontecesse, para ele esse pequeno público iria pensar para todo sempre que ele não era de nada, que apenas se fazia parecer. Se tornou então, pelo menos conseguir uma companhia para deixar acompanhado um local de diversão, uma questão de honra.

Ele fizera do preservativo um amuleto. Tal qual um amuleto, o contraceptivo funcionaria como um elemento no qual ele depositasse toda a sua confiança. Algo do tipo: Se vier mesmo o que estou invocando, estou preparado para o ato. Que nem é para aquele sujeito que se sente bem quando está bem vestido e perfumado ou para aquele que possui um carrão e está com ele parado na porta do local recreativo onde foi tentar fazer amigos e pode levar para onde quiser ir quem vier a conhecê-lo . Ou para aquele cara que sente uma confiança inabalável quando sua carteira está cheia de dinheiro e ele pensa que pode pagar qualquer coisa que alguém lhe pedisse para pagar. Essas pessoas não possuem limites quando estão na condição que elas estabeleceram para elas mesmas para quando estivessem a fim de alcançar determinada meta.

Amuletos funcionam impressionando a mente irracional da gente através de sugestões. Se você tem uma forma eficaz de sugerir qualquer coisa para a sua mente subconsciente, você é capaz de realizar muitas coisas. Eu relutei bastante para aceitar essa teoria, mas, fatos e fatos me demonstraram que ela pode sim estar bastante certa. E é idiotice não contar com esse recurso. E só o usamos quando acreditamos que o temos. Como é com qualquer outra coisa com que contamos.

E eu relutava porque eu não conseguia imaginar como que havendo sido feito alguma sugestão na mente da gente iria mudar a reação de terceiros, por exemplo, para conosco. É que eu não entendia que a mudança que há e que cuida de promover as transformações que usufruímos ocorre somente em nosso interior e nos motiva a fazer o que em estado normal não faríamos e que basta fazê-lo para que o mundo nos responda – naturalmente, inexoravelmente – de uma forma mais animadora.

A sugestão e a autossugestão são na verdade uma espécie de comunicação com o subconsciente. Podemos usá-la para nos comunicarmos com o próprio subconsciente ou com o subconsciente de outras pessoas. Acreditemos ou não que elas o tenham ou que o subconsciente exista.

E, então, para lá de confiante, ele foi parar em uma casa noturna. Rumava para lá uma garota que procurava pelo mesmo que ele. Ela também tinha o seu amuleto. Dissera para si mesmo que não sairia do lugar sozinha naquela noite.

E não saiu. Ela e ele foram embora juntos. É óbvio que nenhum e nem outro revelou o que lhe dava tanta confiança naquela noite. E, para ele, a missão foi cumprida e a honra estava salva, perante ele mesmo. Quem sabe para ela haveria de ter ocorrido o mesmo.

Comprometa-se com os outros, mesmo que inconscientemente, em cumprir uma meta e faça de algo que se relaciona com a atividade-fim de seus objetivos um meio de impressionar seu subconsciente e obrigá-lo a fazer modificações em você mesmo para que você se solte e consiga fazer o que normalmente você sofre bloqueio em fazê-lo. Faça esta experiência e verifique se sua vida sofreu benefícios e se você se sente mais independente quanto aos acontecimentos que ocorrem nela.

Hoje o tempo voa, amor! Perde tempo não!

O experimento social infantil

porquinho

U.Q. vinha fazendo um experimento social com seus cinco sobrinhos-netos. Quatro meninas e um menino. O menino era o segundo mais velho de todos. Filhos de três de seus sobrinhos as crianças. Duas de suas sobrinhas e um sobrinho. A idade das crianças ia dos seis aos dez anos.

O experimento começou no último Natal. U.Q., cinquentão e solteirão, desinteressante para as mulheres devido à imagem de fracassado materialmente que era comum elas fazerem dele, jogara a toalha da busca pelo equilíbrio consciencial baseado na cartilha do homem bem sucedido. Desistiu de buscar constituir patrimônio, estabilidade financeira, emprego seguro, relacionamento amoroso e família. E resolveu que gastaria com as pirações que pintasse na sua cabeça o pouco dinheiro que conseguia ganhar. No referido Natal deu a louca nele de comprar bons presentes para os sobrinhos-netos. Ele nunca havia feito isso, nem para os sobrinhos, então, achara que devesse experimentar.

No giro que deu para verificar os preços dos brinquedos, durante as semanas que antecediam a festa religiosa, U.Q. desanimou de ir a fundo com o pleito e acabara por se frustrar mais ainda com a sua insípida existência. Entretanto, eis que veio-lhe a grande luz. Ele perguntou imaginariamente após passar por um imenso cofre de porquinho ao atravessar o longo salão de uma livraria: “Por que não compro um cofre desses e junto com os meninos formemos o capital para comprar bons brinquedos no Natal do ano que vem”.

Decidiu ele pelo cofre imediatamente. Mas ainda comprou alguns brinquedinhos baratos para não ficar só no cofre. Ele só fez questão que seriam brinquedos que fosse necessário no mínimo duas crianças para brincar com eles. Estimularia os pupilos a serem companheiros, a sociabilizar e a compartilhar.

E instigou as crianças, que ficaram ansiosas para ver o porquinho, batizá-lo e engordá-lo com as moedas que conseguissem dos pais ou dos outros tios. E assim que o cofre foi adquirido e levado à presença dos rebentos, U.Q. ditou as regras da “ação entre primos”.

O cofre ficaria com o tio-avô dos meninos. Seria aberto assim que enchesse e o dinheiro computado iria parar em uma caderneta de poupança de propriedade de U.Q. e outro cofre de porquinho iria ser comprado para recomeçar a poupança. Uma semana antes do Natal perseguido, a caderneta bancária seria esvaziada e o dinheiro poupado se uniria ao conteúdo da barriga do último porquinho. O montante seria dividido por cinco. Cada criança previamente teria dito à mãe o que iria comprar com a sua parte. A possibilidade de arcar com a reivindicação informaria se o projeto foi bem sucedido.

Tentariam depositar pelo menos uma moeda todos os dias. Os meninos é quem as passariam pelo buraco do cofre. Antes de fazê-lo eles deveriam fazer mentalmente seus pedidos e agradecer o quanto já haviam ganho até ali.

E U.Q. viu a adesão das crianças. Que deram nome ao primeiro porquinho e iam, entusiasmadas, todos os dias, quando ele chegava do trabalho, levar as monetas que conseguiam adquirir e pegar com o tio as que ele trouxesse para por tudo dentro do animalzinho de plástico com um buraco no lombo. E o tio, por incrível que pareça, diariamente tinha moedas para dar aos meninos. E eles também diariamente tinham as deles. O primeiro cofre encheu em tempo recorde.

Duas das crianças moravam em outra casa. Era distante. Elas não podiam estar a participar da ação com a mesma frequência e intensidade que podiam as que moravam na mesma casa que U.Q. Algum dentre as crianças de casa reclamou disso e chegou involuntariamente a sugerir que a parte delas deveria ser diferenciada. Mas, U.Q. a repreendeu e explicou que eles não estavam só aprendendo a juntar dinheiro, estavam também aprendendo a ser determinado, disciplinado, confiante, destemido quando ao futuro, desejoso, visionário e, no caso reclamado, solidários um com o outro.

E assim está indo, cada vez mais sadio, o experimento social infantil que U.Q. iniciou e comanda. E faz dele sua razão de viver. U.Q. sabia que ganhava também com o esforço dos sobrinhos-netos. Era por causa da crença deles de que conseguiriam colocar todos os dias uma moeda dentro do porquinho que ele se via a crescer financeiramente. Não só ele, mas todos os outros pais e tios das crianças que participavam pelas beiradas da alimentação do porquinho dando as moedas que sobravam nos bolsos, que deixavam de ser gastas com besteiras e passavam a ser aproveitadas como subsídio de sonho de criança.

De alguma forma pais e tios conseguiam trabalho, emprego, renda ou qualquer outro meio de ganhar dinheiro e com isso podiam destinar pratinhas aos rebentos. Era a força da fé das crianças, cada vez que elas fechavam os olhos, colocavam as mãos postas e faziam seus pedidos, que não podiam ser comentados, que levava até eles as oportunidades que abriam-se. U.Q. já sabia que tudo isso aconteceria. Mas não foi essa a razão principal de ele ter insistido em por em prática o seu experimento e sim sua decisão de não mais aguardar pela hora de fazer o que quisesse. Hoje, o tempo voa, amor!

Somos todos iguais quando queremos

“SE ALGUÉM PARECE OU SE SENTE SUPERIOR A VOCÊ,
É PORQUE VOCÊ O CRIA.”

Temos mania de achar que os outros são mais espertos do que a gente. E no entanto, esses outros não são tão mais brilhantes do que nós. São apenas mais confiantes. E a confiança deles transborda e vem em nossa direção, nos intimidando.

E é aí, quando a humildade e reconhecimento de fraqueza nos baixa, é que vem a nossa reverência que aparece até para quem nos observa junto àquele que damos toda a nossa submissão.

O que faz com que alguém pareça ou se sinta superior a você, não são os atos dele, são os seus. Você o promove se resignando e prostando de cabeça baixa diante ao ente que você considera superior.

Deixe disso e passe a pensar que todos somos iguais, pois, somos realmente. Todos estamos na mesma linha da existência, existindo sob as mesmas condições. Portanto, a partir de agora, passe a pensar que você só é inferior a você mesmo, pois, você é magnífico demais para que alguém possa estar acima de você. Mesmo você.

FELIZ NATAL 2016!
sellyourfish

Se a verdade não pode ser dita, é preciso saber mentir

Há momentos que precisamos ocultar uma verdade. Podemos ser comprometidos com a publicação dela e a punição pode ser maior do que a dada por mentir. É meio assim o que ocorre no sistema de delação premiada que vemos desfilar na mídia. A mídia e os políticos, então, são grandes mentirosos? Não tenho dúvida disso, mas não pelo que foi tocado.

Se você não pode contar a verdade, então, use a sua imaginação e conte o que você está imaginando. Se te perguntam onde esteve no sábado passado à noite e você não pode revelar, passe a tecer no palco da sua mente uma situação passada em algum lugar da sua escolha, que você possa comprovar que esteve nele em algum momento da sua vida ou, de preferência, que você possa estar nele quando bem entender, e que não seja o local verdadeiro onde esteve, e relate o que se passa na sua imaginação, datando o acontecimento com a data e hora a ser explicado.

Não é porque está na mente ou foi vivido em um sonho que não é real. A realidade concreta também é uma ilusão. Só o momento presente, como enquanto você lê isto, é que é real. Os momentos antes viram passado – portanto: lembranças – e os que não vieram ainda: imaginação, precognição. Lembranças e imaginação são vividos no plano imaterial da mente. Mas são reais. E o melhor de tudo: atemporais e não locais, portanto, eterno.

Imaginar não é mentir. Quase tudo que acreditamos no dia a dia é fruto da imaginação de alguém ou da nossa própria imaginação. Vão nos contando e vamos sendo influenciados a dar razão em nossas mentes para o que contam. E às vezes nós mesmos nos auto influenciamos. Prática que é até boa: Você se engana mentindo pra si que é rico e acaba se tornando. Costumo dizer, em contradição ao Renato Russo, que mentir pra si mesmo é sempre a “melhor” mentira .

E ainda há a quase indiscutível alegação de que manter o hábito de imaginar patrocina a realização do que é imaginado. A verdade passa pela mente, acontece primeiro na mente. É por isso que a mídia nos faz tanto imaginar as “verdadeiras mentiras” que a imprensa noticia. Uma vez posto-nos para imaginar o que quer que seja, o que quer que seja tem grandes possibilidades de virar real. Absolvendo-se assim o noticiador. Se expor à imprensa (escrita, falada ou audiovisualizada) é participar de experimentos sociais.

Só que quando o que nos põem para imaginar compromete a liberdade de outras pessoas, a célebre prática de imaginar passa a ser perversa. Ajudamos com a nossa adesão a incriminar alguém, a sofrerem injustiças. Por saberem disso, é exatamente para contornar essa situação que há os defensores de acusações como os advogados. E a forma de eles evitarem as incriminações ou as injustiças é fazendo uso de leitura fria e de perguntas-chaves, que conseguem desmontar a articulação de quem usa a imaginação para mentir sem ser responsabilizado.

São usados estudos neurolinguísticos como a leitura dos sinais. “Olhar para o alto e para a direita simultaneamente” representa acesso à área do cérebro que recorre à criação de imagens e significa criatividade, portanto, imaginação; Olhar para o outro lado mantendo a direção significa que o sujeito busca a parte da memória cerebral que guarda os registros vividos, logo, lembrança do passado, busca da verdade. Junto dos sinais: perguntinhas que dão curto-circuito na mente quando respondidas sob pressão. Tudo isso ajuda a evidenciar a verdade. Nem que seja pelo infalível método de fazer negar uma afirmativa. Por isso, antes de mentir é bom estudar sobre a arte de mentir e não ser desmentido.

– Você mentiu para mim, não é verdade?
– Sim!
– O seu “sim” em resposta à minha pergunta “não é verdade” confessa que você mentiu.
– Mas, com a pergunta você procurava certificar o que perguntou antes: se eu menti pra você. Eu não menti, por isso eu respondi “sim”. “Sim, é verdade”.
– Eu não te perguntei isso, eu afirmei. Eu perguntei se a afirmação que fiz não é verdade. Você respondeu que sim.
– Se eu respondesse “não” daria no mesmo. Você me diria que por obter um “não” para uma negação, “não não”, teríamos um “sim”. Eu estaria negando a negação “não é verdade” e ficaria um “sim” para “você mentiu para mim”.
– Por isso nunca é bom mentir, meu jovem. A verdade tem mais chances de prevalecer em um interrogatório!
– E de ser produzida idem!

(Diálogo montado a partir da consígnia de um clássico teste de lógica aplicado em recrutamentos e seleção otimizados)

A Deus o que é de Deus

O rapaz da T.I. – gay inconformado – fazia sua administração nas máquinas de um galpão, quando perto dele iniciara-se uma discussão entre um operador do setor e seu, também gay, supervisor. Os administradores de máquinas do setor de tecnologia da informação preparavam computadores dedicados para que os usuários que trabalhavam no galpão não mais precisassem revezar os equipamentos dos postos de trabalho.

O operador encrenqueiro, que também era analista de sistemas, desconfiava de que estivessem batizando as máquinas para então destiná-las. Com isso, a empresa espionaria os colaboradores que exerciam a função no galpão. Ele, irreverente, perguntou para o operador da T.I. se ele já podia entrar com a senha dele para ser captada pelo keylog instalado no sistema operacional.

O rapaz da T.I. ficara sem jeito com a pergunta e demonstrou dificuldade para não confirmá-la por meio de gestos. O operador encrenqueiro, que jogava na cara de seu supervisor todas as tretas que este fazia para sabotar o trabalho dos subordinados que estavam sendo perseguidos a mando da gerência, o que ele captava por meio de intuição, se valeu disso para tentar mostrar para o supervisor que havia algo bastante convincente para ser utilizado como fonte de informação, com o que ele devesse preocupar, já que todas as acusações feitas à gestão não podiam ser provadas documentalmente, graças ao trabalho maldito desta de não deixar rastros que ajudassem a evidenciar seus abusos e sua má fé para com os membros das equipes de dealers.

Como eu sei que você está batizando essa máquina e que vão me espionar e forçar-me a erros, é o que você deve estar se perguntando“. Disse ele para o jovem da T.I. E logo, ele mesmo respondeu: “Está cheio de espíritos desencarnados aqui me avisando, pois, sou sensitivo“. E continuou perante um sorriso jocoso que o ouvinte da interlocução esboçava. “Espíritos de pessoas que trabalharam em empresas como esta e partiram tendo levado para o túmulo grande angústia por causa dos abusos que sofreram e não puderam se vingar deles antes de partir. Eles esperam uma oportunidade para isso para que eles possam descansar em paz. Sou médium e empresto minha presença aqui no mundo material para que eles consigam se livrar dessa angústia“.

O falante ouviu do ouvinte um “tá bom, viu” mixado com gestos de deboche e resolveu ser mais detalhista, sabendo ele que o técnico em informática com quem dialogava era velho de casa e conheceu certos casos ocorridos na empresa.

Perto de você há uma moça que trabalhou aqui. Ela morreu em um acidente de carro quando vinha para cá. Ela e duas amigas. Ela dirigia. O carro caiu em uma ribanceira. Ela corria por estar atrasada. Buscava evitar broncas de gestor. Só sobrou uma das garotas, que ficou tetraplégica. O fato tem dois anos.

O jovem identificou logo o fato e amoleceu-se. Teve um início de desmaio. Apoiou-se numa bancada e tentou conter a respiração acelerada. Reportou ele, em seguida, que era amiga dele a mulher. Ele falou o nome dela, quase concomitantemente com o que se dizia médium. Isso o deixou mais impressionado ainda com o que presenciava.

Uma situação em que o sobrenatural está bem perto de ser revelado longe de suspeitas de fraude faz com que até mesmo o mais ateu dos mortais pense em Deus. E o rapaz da T.I. pensou. E disse: “Se você pode mesmo se comunicar com mortos, pergunte se Deus existe“. Mas, o que ele ouviu do encrenqueiro foi: “Eu mesmo posso te responder isso: Deus não existe, Deus é. Existir é próprio de seres finitos. Ser é eterno, está sempre no presente de uma forma infinita.

Era uma explicação filosófica demais para um momento em que todos os presentes estavam surpresos com a possibilidade de encontrar de uma vez por todas as respostas que procuravam sobre questões místicas e religiosas. O administrador de sistemas, por sua vez, quis saber algo das suas preocupações que lhe era urgente saber: “Pergunta se é errado ser gay e se vou para o inferno pagar meus pecados“.

De novo, o protagonista da história fez saber que ele poderia dar a resposta. “Deus não se ocupa com problemas humanos. Problemas que criamos aqui na Terra, devemos nós resolver. Depois daqui, todos somos iguais. Do mesmo jeito que o rico é pra Deus, é o pobre. Pro mesmo lugar que vai o gay, vai o hétero. Isso vale para o inocente e para o culpado pelas leis terrestres; para a vítima e para o algoz“.

Aí, danou-se tudo para o jovem ainda em estado de letargia. “Ué, um cara rouba o outro aqui na Terra e perante Deus não tem que pagar por isso“, ele quis saber. “Por que deveria“, ouviu a réplica. “Deus criou o planeta, o ser humano e nos pôs pra tomar conta dele. Era tudo grátis pra todo mundo. Precisou, pegou. Frutas bastava ver o pomar cheio, subir numa árvore e se fartar delas; peixes, havia o mar e os rios para se pescar. Dormia-se ao relento, pois, a comodidade do lar não existia para nos corromper a mente e nos fazer pensar que precisamos de abrigo. Não havia propriedade privada e nem o desejo de posse. Era só viver cada dia, satisfazendo no tempo certo suas necessidades com o que Deus deixou para nos sustentar. Quem idealizou a vida de pertences – e até inventou a palavra ‘roubar’ para restringir o ato de pegar o que é de outro – foi o homem com o livre arbítrio que Deus lhe proveu para que ele tomasse conta da Terra enquanto o próprio se dedicava ao que deve ser da natureza do divino ocupar-se com. Um ladrão, que tem impulso de pegar algo que precisa, indiferente de haver proprietário, age mais fielmente à sua natureza – ou seja: ao que Deus cunhou – do que o que limita um território e o chama de seu.

A explicação melhorara. Deu para entender a ideia de naturalidade. Desde que você esteja agindo conforme sua natureza, você não infringe regra nenhuma do ponto de vista de Deus. Na jurisdição do divino não existem comportamentos que só o conhecemos porque um dia o homem fez questão de criar hábitos e atitudes que os fizeram aparecer. Onde esses hábitos e essas atitudes não se justificam ter, o jurista não precisa se ocupar de julgá-los. Provavelmente não há distinção de sexo no plano espiritual, sendo assim, onde se encaixaria a orientação sexual de alguém?

Tava tudo indo muito bem, quando o supervisor, filho de pastor evangélico, resolveu entrar na conversa para se opor ao suposto médium. Já que eles digladiavam-se, ele quis alfinetar. E não estava nem um pouco impressionado com a provável mediunidade em foco. “Você pode até ter razão com relação a ser gay, mas não quanto a ser ladrão“. É claro que sempre puxamos para o nosso lado, mesmo quando queremos ser do contra em uma questão. “Na Bíblia não falam sobre gays, mas falam sobre ladrões. Deus não concorda com o ato de roubar, ou de matar, por exemplos“.

O supervisor teve que ouvir a defesa: “A Bíblia é uma invenção do homem. O homem diz nela o que lhe é conveniente. Os romanos eram contra o ato de roubar, por isso colocaram esse adendo em seu livro de formação e condução moral, que eles se esforçaram para passar para as gerações como livro sagrado e tornar-se conhecido e temido pelo mundo todo. Assim ficaria facilzinho para o Império Romano dominar as multidões até mesmo entre os povos cuja oposição seus soldados não eram eficientes em derrotar”.

Teimoso, o supervisor foi à forra: “Aí é que você se engana, a Bíblia é um livro escrito sob inspiração divina e não pelos romanos. Esses só compilaram e divulgaram o que estava escrito em outras escrituras“. E mexer com gente preparada dá nisso: “Se é um compilado de livros escritos sob inspiração divina, então, não pode haver falha nos relatos daqueles que canalizaram do divino as histórias e os ensinamentos. No entanto, a história da morte do rei Saul aparece no cânon bíblico em três versões: ele suicidou-se (1 Samuel 31), ele teria pedido a um soldado que o matasse com a sua respectiva espada (2 Samuel 1), ele teria sido enforcado (2 Samuel 21). A própria Bíblia diz que Deus é infalível, portanto, ele não podia ter dado versões diversas para um fato que é único: a morte de alguém.

Para não estender o assunto, o encrenqueiro do setor retomou o foco da conversa e finalizou dizendo que a questão da sexualidade passa pelo julgamento humano e só por ele. Deus não iria questionar algo que ele próprio é que permitiu que ocorresse ao homem. Ele próprio deu ao homem livre arbítrio para viver como quiser e sem levar para ele, Deus, qualquer necessidade de julgamento. Seria o mesmo que Deus confessar que ele não é onisciente, onipresente ou onipotente. Sim, ao dizer que o correto é um de dois fatos, por ser possível o incorreto o criador de tudo não o teria previsto. Isso é inconcebível para quem é eterno, onisciente e etc. E também não é concebível mesmo tendo conhecimento de haver o oposto ou o incorreto permitir que ele ocorra para uns e para outros não e deixar que os humanos se separem. A Bíblia diz que Deus busca a unicidade. Ou que se distanciem da perfeição. Deus é perfeito. Isso não é justo. E Deus é justo segundo a Bíblia. Afinal, vivemos na escuridão: ninguém sabe realmente o que faz!

Mas,  o que nos causa dissabores são as diferenças constatadas dentro das sociedades. Porém, até a Bíblia nega que Deus quisesse que fôssemos sociais. Se ele quisesse que vivêssemos em sociedade não teria criado um único casal de humanos e desejado que seus membros vivessem um para o outro permanentemente em um local, o Jardim do Éden. Não seríamos por acaso frutos do pecado cometido por Adão e Eva de comer de um fruto proibido e por causa disso dar início aos filhos e à multiplicação do homem. Começar uma sociedade foi um erro. Pecar é errar em qualquer língua. Deus não erra, mas o homem sim. É de Deus a responsabilidade de reparar nossos erros? É mais nobre perdoá-los e deixar-nos conviver com o erro perdoado de modo a querer, por nossa própria conta, não mais repeti-lo.

Ficou a reflexão: Deus no fundo é comunista e os que pregam em seu nome, os evangelizadores, todos capitalistas muito bem sucedidos, usam de engenharia social baseando-se na Bíblia para se manter no alto da casta dando ordens e recebendo sem trabalhar.

O operador encrenqueiro não confessou que também usava de engenharia social para se beneficiar do ato e intimidar o supervisor com a aparência de que ele poderia sim provar na Justiça o que seu superior achava improvável e por isso recorria a abusos contra os membros da equipe que comandava. Ele já conhecia a história da mulher que morrera em acidente automobilístico e que trabalhara naquele local. Sobre ele intuir o que poderia estar a ser feito na máquina que ia operar era algo de sua experiência profissional como analista de sistemas e ex-chefe de equipe de desenvolvimento de software.

Parte dos argumentos deste texto foi extraída do livro “Os meninos da Rua Albatroz“.