Sedução muito pesada

Se autocensurava Ela por causa dos seus oitenta quilos de peso distribuídos pelo seu metro e sessenta de altura. Era uma gordinha simpática. O volumoso corpo não repugnava ninguém exceto ela mesma.

Esse comportamento inseguro fazia com que Ela não arriscasse a dar o passo seguinte em direção a materializar sua vontade de sair com Ele, que ela ouvira das amigas se tratar de um homem maravilhoso, sem preconceitos e que as fizeram se divertir na companhia dele e gozar horrores em casos de sexo casuais. Ela queria ter a vez dela.

Entrara em uma academia de ginástica só para tentar melhorar sua autoestima. Mas, parecia não dar muito certo a investida, pois, logo que o efeito dos esforços físicos passavam ela se via a recuperar a ansiedade, que a fazia comer irresponsavelmente para contê-la.

Entretanto, parece que os seres humanos têm um fusível que quando o desejo é muito forte ele queima e obriga o indivíduo a repará-lo devido à dor incontornável que se sucede. Sendo a forma de efetuar a reparação, mover-se a fazer com que o desejo se cale. Em outras palavras: ir à luta!

E Ela se encontrava com o fusível queimado, precisando restabelecê-lo. E, coincidentemente, nesse dia ela viu à deriva, dentro de um shopping, prestes a subir em uma escada rolante, o motivo de sua aspiração incontinente. Apressou-se, com dificuldade por causa de seu peso, para tomar conta do degrau logo atrás do que ele tomava. Por sorte ele não era daquelas pessoas que sobe degrau por degrau enquanto a escada rola.

ELA: “Ê-ei! Veio comprar um presente para mim?”

ELE, SE VIRANDO PARA ELA SURPRESO COM O CHAMADO:

“Olá! Como vai?”

ELA, VENCENDO BRAVAMENTE A TIMIDEZ:

“Muito melhor agora que você está me dando atenção.”

ELE, NOTANDO O AR DE CANTADA E JÁ ARQUITETANDO UM PLANO PARA POR EM PRÁTICA UMA TRANSA EXCÊNTRICA:

“Que bom te encontrar, preciso mesmo de uma ajuda feminina.”

ELA, PRECIPITADAMENTE VENDO SUA SORTE FRACASSAR:

“Po… pode contar comigo!”

No segundo pavimento do estabelecimento comercial eles entraram em uma loja de roupas femininas. Nela, ele pediu para a colega de trabalho escolher uma langerie que ele daria de presente para uma mulher que por acaso tinha as medidas parecidas com as dela.

Ela escolhera, casuísticamente, a vestimenta íntima, pois, ficara explícito para ela que o rapaz era acessível à pessoas do porte dela.

Em aproximadamente vinte minutos a escolha foi feita e a compra efetuada. A moça ficara bastante feliz com a execução da tarefa imprevistamente lhe conferida. Lamentou não poder ser ainda mais útil e invejou a sorte da felizarda que vestiria a roupa que ela ajudara a escolher.

ELE, ABRINDO MÃO DE QUALQUER RISCO DE CRIAR UMA SITUAÇÃO DESCONFORTANTE:

“Agora, preciso ver como fica com a pessoa vestida com essa langerie. Será que está a seu alcance essa tarefa?”

Na cabeça dela ele só poderia estar falando de irem para um motel. Em nenhum outro lugar ela poderia colocar a langerie para ele visualizá-la vestida nela. A adrenalina que surgiu lhe deixou trêmula. Com muita dificuldade ela respondeu positivamente a ele.

E do shopping eles partiram para o motel ao lado. Onde ela experimentou a roupa, matou seu desejo de transar com ele, reconstituiu seu fusível controlador de ansiedade e ainda ganhou uma langerie nova. Que ela própria escolheu.

Extraído na íntegra do livro “Todo o mundo quer me amar“, uma seleção de crônicas eróticas, sedutoras, empreendedoristas, românticas, mágicas e divertidas.

Sendo dono do próprio destino

Como as pessoas te tratam é o karma delas; como você reage é o seu
(Trulshik Rinpoche)

O provérbio tibetano atribuído ao dalai lama Kyabje Trulshik Rinpoche nos ajuda a lidar com a lei da ação e reação. O bater de asas de uma borboleta na América do Sul pode provocar um terremoto no Japão. Logo, a borboleta tem que meticular seus movimentos, pois, ela pode determinar o destino de muita gente de olho puxado lá no Oriente.

Da mesma forma, os seres humanos devem procurar meticular suas ações uns para com os outros, pois, uma pessoa pode causar uma mudança moral à outra. E a mudança ocasionada pode fazer toda diferença na vida de alguém.

Mais do que agir, passamos a vida a reagir. Reagimos ao meio material ao mesmo tempo que interagimos com ele. E entre as coisas com o que interagimos estão as outras pessoas. Reagimos às ações delas e elas às nossas. Reagimos, inclusive, às nossas próprias ações.

E cada vez que nos pegamos agindo estamos modificando as coisas. E ao reagir estamos sendo modificados ou travando batalhas para impedirmos de sê-lo. Quando agimos recebemos o carma de causador de transformações no mundo e quando reagimos nos sujeitamos às causalidades, no caso da frase: morais.

Eis que as vezes podemos notar que as ações dos outros em nossa direção não são boas. Devemos, então, ter mais controle sobre nossas reações, pois, nessas vezes a reação que tivermos tem que ter o objetivo de afastar o carma de quem nos tenta afetar. Essa tarefa, então, se torna o nosso carma.

Futebol e engenharia social: Quando os engenheiros falham

O Atlético Mineiro jogava no Mineirão contra o Corinthians Paulista, quando o narrador da televisão, canal Premiere, justificando o motivo de o jogo ser no estádio municipal e não no Independência, local de praxe onde o dono da casa vinha jogando, disse que era mais lucrativo para o Atlético colocar no Mineirão seus jogos com expectativa de torcida maior do que trinta mil torcedores. Conforme o narrador, no caso, o Galo de Minas pagava mais para jogar no Independência.

O Galo vinha, na ocasião, de uma vitória fora de casa diante ao Coritiba. Os que estão acostumados a sacar as jogadas que são feitas no mercado futebolista nacional não caíram na conversa e suspeitaram de ter sido uma manobra, combinada inclusive com o Coxa, para fazer o então desmotivado torcedor atleticano marcar presença nas arquibancadas do Mineirão e esperar pela reviravolta do seu time, tirando, inclusive, a invencibilidade do Timão.

E isso deu certo, o torcedor compareceu. E viu, ao final do jogo, o que tem visto ao vivo dentro do campo ou pela TV, em casa ou nos bares: o Galo sair da partida depenado. Perdendo um jogo bastante visível de ter sido escrito nos bastidores pela cúpula que faz do futebol uma máquina de engenharia social. Com o Atlético sempre avante, empolgando, parecendo que estava mudado, tendo tomado o rumo certo de uma vez por todas no campeonato, fingindo atacar e a querer agradar o torcedor. E o Corinthians fingindo se defender e a esperar os momentos ou os lances combinados para fazer os dois gols que fez na partida. O lobby de resultado garantiu mais três pontos ao coringa, que afastou-se ainda mais do vice-líder do campeonato, o Grêmio.

Mais tarde, na mesma rodada, foi a vez do Cruzeiro vencer o Vasco em pleno Rio de Janeiro. O Vasco venceu o Galo em Belo Horizonte, então, isso mexeria mais com os nervos do atleticano e melhoraria a autoestima do cruzeirense para com o seu time, o que seria muito bom para garantir sua difícil presença nas arquibancadas do estádio que o time arrendou e que está ruim das pernas, precisando fazer gerar renda nas catracas para sair do apuro financeiro herdado do negócio malfeito pelos governadores do Estado de Minas Gerais de antes e durante a Copa 2014. Tanto é que vem aí Aerosmith e Paul McCartney buscar dólares e bajulação do público, deixando um pouco do cobre para ajudar a sair da penúria a administração do estádio anfitrião de seus shows musicais.

Na rodada seguinte, o Galo foi jogar contra o Grêmio em Porto Alegre. Se o negócio do time era ganhar fora de casa, eis que aí estava uma grande prova de fogo. Mas, ingênuo é quem achava que o o lobby do futebol ia deixar isso acontecer e o Grêmio ficar distante do Corinthians – que ganhara em casa do Sport no dia anterior – uma quantidade de pontos que a considerar as estatísticas do primeiro turno do torneio, poderia-se desde já sagrar o time paulista campeão do próprio no ano.

O Corinthians ganhando o Brasileiro este ano favorece a necessidade de saldar as contas do Itaqueirão, herdadas também da Copa 2014, mas, se isso for feito assim tão precocemente, tira a atenção do campeonato do torcedor do Palmeiras, do Santos, do São Paulo, pois, eles não teriam mais o brinquedo de torcer contra. Sobraria, é claro, outra engenharia de opinião: a torcida de uns para ver o São Paulo cair para a segundona e dos sãopaulinos esperando que isso não aconteça. Curingão campeão também faz eleger candidato a presidente da república que enaltecer o clube ou que se pronunciar corintiano. Voto de torcedor mata qualquer eleitor consciente. Que o diga quem tem que aguentar Zezé Perrela no Senado.

É até por isso que o São Paulo fica revezando com algum time na zona do rebaixamento. Se vai cair ou não, decidirão ainda. Se acontecer, será com o mesmo objetivo mercadológico que foi cumprir este ano na divisão o Internacional do Rio Grande do Sul (por que acham que o Grêmio está tão por cima? Seria porque essa diferença de polaridade mexe bem com o interesse dos torcedores e os fazem tomar certos comportamentos que patrocinam ações políticas e comerciais?), que é o de levar atenções para a divisão e alavancar público e oportunidade para venda de pacotes de assinatura de jogos para a televisão. Arranjar também palco para alguns jogadores antigos e em lançamento irem aparecer para o mercado.

Em Porto Alegre também há dívida da Copa para quitar. Por isso um time de lá está em evidência. O jogo contra o Galo não foi nenhum absurdo o time gaúcho sair de campo com a vitória. Por isso vamos só criticar o fato de que se era para parecer que o Atlético MG anda pisando na bola em casa devido a uma onda de azar, então, que ele vencesse fora de BH um time de real expressão dentro do campeonato atual. O pênalti que Robinho do Galo perdeu, chutando a bola para o goleiro pegar no alto, da maneira mais tranquila possível, foi só para fazer parecer para aqueles que dão corda para as nossas postagens que não temos razão nenhuma nas caraminholas que deslanchamos e que se Robinho tivesse batido o pênalti contra o Botafogo no Rio de Janeiro, ele poderia perder tal qual perdeu Rafael Moura.

Aliás, o pênalti que o Fred perdeu no Independência contra o Santos teve o mesmo propósito de engenharia de opinião: Fred visivelmente bateu para o goleiro pegar. Uma alusão ao fato de que exímio batedor também erra pênalti, feita sob medida para desencorajar crenças à nossa crítica contra a penalidade deixada para Rafael Moura cobrar. Da mesma forma havia ocorrido no mesmo jogo com o goleiro do Atlético, Victor, que dessa vez pegou firme a penalidade mal cobrada de propósito, a fim de sabotar o que escrevemos na postagem que contestou o rebote para frente, nada típico do goleiro, que Victor deu no jogo contra o Botafogo só pra torcida do Galo entender que ele fez a parte dele, mas que infelizmente nessas cobranças o cara que cobra pode se valer de um rebote.

Nesse pênalti a favor do Galo contra o Grêmio, marcado quase no final do Segundo Tempo, quando o time mineiro perdia por 2 a 0, o puxão de camisa que o zagueiro do Grêmio deu no atacante do Galo era visível de ser artificial. Que jogador profissional que faz uma coisa daquela dentro da pequena área? Feito para o juíz marcar mesmo. E bem localizado na área para as câmeras da Globo pegarem, mostrarem com detalhe, com o narrador e o árbitro comentarista dizendo com todas as letras para moldar o telespectador que foi justa a marcação do penalti marcado para acontecer no jogo.

O que move o mundo é a esperança e não o dinheiro. Todos nós somos movidos pela esperança, pela expectativa. Quer que alguém faça algo para você? Encha-o de esperança. E é isso que está sendo descrito aí. Se o Corinthians já fatura logo o campeonato, por exemplo, acaba com a esperança, e consequentemente o interesse, da maioria dos torcedores. Eles não vão ver os jogos nem do seu time mais, não vão pairar na frente da TV nem pra ver programa esportivo, não vão comprar produtos do time para o qual torcem. Não vão apoiar o esquema que gira bilhões e enche bolsos. Exceto os do torcedor, é claro!

Porém, a engenharia de comportamento ministrada pelos gerenciadores do futebol constatou uma falha. Eu falei no começo da postagem que a televisão informou que o Atlético Mineiro coloca seus jogos com previsão de mais de trinta mil torcedores no Mineirão. Um paliativo para justificar a ida do jogo contra o Corinthians para o estádio, que favorece, inclusive, a televisão. Tanto Atlético MG quanto o Grêmio jogariam o próximo jogo de suas equipes pelas Oitavas da Libertadores 2017 na quarta-feira, 9 de agosto. Era tudo ou nada.

O Atlético perdera por 1 a 0 na Bolívia para o Jorge Wisterman e precisava ganhar em seu campo por 2 a 0 para passar de fase. Resultado bem menos esperado pela torcida, devido ao fator casa, melhor campanha na fase de grupos da Libertadores, maior investimento na formação da equipe do que o feito pelo adversário. Era para o torcedor, certo de o Galo vencer e sair da partida classificado.

E o torcedor do Galo tem fama de lotar arenas, independente da importância do jogo e independente da qualidade ou fama do adversário. Jogo do Galo para reunir 30 mil pessoas é qualquer jogo. Na sua estada na Segunda Divisão em 2006 a torcida bateu os recordes de público das três divisões principais. E com o time minguando no Brasileiro, a oportunidade para continuar a sequência de idas para a Libertadores no ano que vem morava nesse jogo. Era de se esperar 50 mil torcedores fácil fácil.

No entanto, não foi o que aconteceu. A Globo anunciou antes de começar a partida um público de 31 mil pessoas. Remediou dizendo que ainda havia muita gente do lado de fora para entrar. O que se viu que não era verdade. Em um momento no meio da partida, uma parte bem ampla das arquibancadas foi mostrada pela câmera. Estava vazia. A Globo remediou dizendo que era onde deveria estar a torcida adversária, que não comparecera em grande peso. Porém, era balela, pois, nunca é deixado para o torcedor visitante espaço tão grande e tão nobre, com boa visibilidade do campo. E nem a torcida do Galo deixa sobrar tanto espaço, ainda que fosse reservado. O público não foi mesmo.

Daí, encheram-se de orgulho aqueles que criticam o futebol industrial e a engenharia social feita através do futebol: o público está amadurecendo e está reagindo contra a moldagem de seu comportamento. Este foi um episódio em que a casa caiu para os moldadores de opinião. Tanto é que o próximo jogo do Atlético, contra o Flamengo do Rio, em Belo Horizonte, pelo Brasileirão, foi marcado para ser jogado no Independência. Como se diz: O Atlético não põe seus jogos contra times com expectativa de público maior do que 30 mil torcedores no Mineirão?

Jornalistas dão as notícias produzidas para o jornal vender e não as que você precisa saber

Você não precisa de âncora de telejornal para te dar notícias porque você não precisa de notícias. Não precisa mesmo. Se anunciarem para você que o José Wilker faleceu, a primeira coisa que você fará é procurar em uma região do seu cérebro o registro de onde você conhece essa pessoa e resgatá-lo. Por você conhecer ou já ter ouvido falar dela é que será acionado em você o interesse de saber mais a respeito da morte dela, do contrário você passaria pela sala sem dar a menor atenção.

E, no exemplo, caso você seja abduzido pela TV você perceberá que conhece o falecido porque assiste telenovelas, do contrário não o conheceria. Constatarás que construíram uma celebridade, um local para essa celebridade ser levada ao conhecimento de muitas pessoas e meios de levar pessoas a celebrar esse local. E que é só por isso que o esquema alavancador de atenções funcionou. O lugar, no caso: a televisão. Aqueles que não foram captados por essa técnica de persuasão estão fora do círculo dos que darão importância para qualquer informação dada pelo âncora do telejornal do veículo de comunicação. Para esses a notícia exemplificada sequer existe. Existiria para eles também se ela fosse de importância cabal para qualquer pessoa, independente dessa ter sido capturada por qualquer processo. Com mensagem importante acontece isso.

Tá, e as outras notícias? O âncora não dá só esse tipo de notícia, ele também passa outras informações. Aí, pergunto para você: consegue citar alguma das que são programadas para ele dar que inexoravelmente convença de que precisamos mesmo dela? E, mais ainda, que tenhamos que tomar conhecimento dela por meio do âncora do telejornal? Não. Suponho. Para entender isso, vamos falar do liquidificador. Como? Do liquidificador? Aquele eletrodoméstico que tenho na cozinha? Sim. Ele mesmo. Ele serve para eu explicar minha tese.

Já ouviu falar das viagens espaciais? Por que elas são feitas? Qual a importância que elas têm para você e no que elas te ajudam? É difícil dar uma justificativa, não é? Parece que gastam aquele rio de dinheiro à toa. Como disse o Elton John em música: “Eu não sei explicar para que toda essa ciência, mas sei que é minha semana de trabalho que paga“. E todos nas nações que possuem programas espaciais – para dizer a verdade até nas que não possuem – precisam contribuir para esse capricho arrogante.

Desafiar o deus que os próprios progressistas construíram, demonstrar superioridade de nação sobre nação, curtir uma aventurazinha pelo espaço sideral e inspirar produções cinematográficas e literatura de ficção científica parece ser a utilidade das explorações do espaço. De prático parece que não tem nada. A não ser, é claro, que essa história não esteja sendo devidamente contada. A não ser que tenha um pormenor que não sabemos. Coisas como levar material daqui da Terra para outros lugares no espaço, a fim de providenciar uma fuga de uma elite para lá devido a uma hecatombe por vir; quem sabe: sustentar alguma civilização extraterrestre em algum desses lugares.

A gente pensa que não há outro planeta habitável na nossa galáxia ou que na Lua não existe água ou ar porque nos é chegado assim na forma de notícias. Dadas por esse mesmo pessoal do jornalismo. Depois é que estas vão parar nos livros que temos que dar fé por não termos a menor condição de provar algo contra. Nós apenas rebatemos o que nos dizem. Nós não temos condições para ir além da estratosfera e verificar o que dizem. Nem material e nem financeira. E ver de perto é que tem que ser feito para se dar crédito. Maldito o homem que acredita no homem, não é? Mas, o papel do reles contribuinte é dar fé sem questionar, não é? A resposta que vai ser considerada certa em um exame é a que os donos da verdade mandam te dar e pronto! Se você errar não passa na escola, no concurso, sabe lá se você vai ter emprego caso não concorde com a verdade estabelecida.

Então, essa volta toda foi para eu dizer para você que existe sim uma justificativa para a pergunta que eu fiz: “Qual a utilidade da exploração do espaço“. E não é uma justificativa, a que eu vou mencionar, do tipo que você tem que acreditar sem poder comprovar. Pelo menos diretamente não depende da sua boa vontade de constituir crença. No caso, mais uma, né?

O liquidificador que você tem na cozinha, caso você seja um ser humano médio, só foi possível de estar no seu armário e te servir quando você precisar dele graças aos projetos espaciais. Precisavam resolver um problema para que fosse possível as viagens tripuladas. Dizem! Um problema logístico de compartimento para a alimentação e mecânico de consumo dela. A quantidade de alimento a ser levado nas naves que carregam pessoas tem que ser compatível com a disponibilidade de espaço e de peso para armazenamento, além de ser possível a utilização pelos astronautas do habitáculo, considerando as limitações do traje espacial. O processo de defecação também requer especialização. E como! Precisaram inventar algo que tornasse o alimento líquido ou pelo menos pastoso. Logo apareceu o salvador da pátria, o qual chamaram de liquidificador.

É claro que você entendeu o questionamento implícito que eu coloquei nessa justificativa e com certeza está prestes a apresentar suas questões. Como este texto não é interativo e você não vai usar os comentários para que os outros que lerem também discutam ou saibam das questões, eu farei tudo.

Colocar o liquidificador no mercado como uma invenção que só foi possível graças às expedições espaciais que as populações ajudam a pagar sem saber o retorno que dão pode justificar a causa do gasto abundante de dinheiro. Exceto se pensarmos: eu moro na Terra, não preciso me trancar em um cúbico e ter dificuldade de locomoção para comer. Posso comer até pelado e não preciso preocupar com espaço e peso na minha residência para guardar o que eu for comer. Aliás, eu não preciso sequer de formar uma dispensa e guardar mantimentos nela. Faço isso porque fui institucionalizado a fazer.

Outra questão é: não preciso preocupar com a minha digestão. Se eu tiver que cagar mole ou duro (não resisti à chulice), meu banheiro ou meu vaso sanitário é compatível com o que vier. E o sistema de saneamento também. Para que eu preciso de liquidificador se não preciso de comida liquefeita? Por que não economizar esse dinheiro e continuar não concordando em ter que pagar essa paranoia científica de levar gente para o espaço?

Fico feliz se você chegou a essa conclusão. Se é que leu até aqui! Mas, se fores um ser humano médio, há de concordar que ainda assim tens um liquidificador em algum lugar na sua cozinha. Não tem? Isso anula todos esses argumentos. Como pode? Se acalme, acho que tenho a resposta para isso também.

Precisam trabalhar a sua cabeça para que você encontre a necessidade e a aceitação para usar os artefatos que vira e mexe eles inventam. Acham que será vendável, então, precisam lhe criar crença. Por isso eu usei o advérbio “diretamente” quando falei de crença aí para cima. Precisam criar um “way of life“, implantar na psique dos indivíduos colonizados e a sociedade aderir. Tem que haver a sensação de ganho ou de conforto. De modernidade ou de prosperidade. Prosperidade é igual a acumulação de matéria? Muitos acham que sim. Principalmente pastores evangélicos. Condicionados a achar, convenhamos!

Outra coisa que precisam criar é hábitos que só serão possíveis de se satisfazer se houver a presença indelével do objeto que querem instituir. Na nossa história, a partir de então, as pessoas poderão consumir sorvetes, bolos, massas e outros derivados da cultura do liquefeito ou do pastoso. Até então você jamais precisou desses supérfluos. A forma natural de comer uma fruta ficou para o passado. Em pouco tempo, nem mesmo a banana, que ainda tiram a casca e comem, come se faz desde os cavernosos, conservará o formato de ser comida.

E é impossível resistir a essa jogada, pois todos os produtos usados nos argumentos que endeusam o liquidificador são terminantemente gostosos. Não dá para ficar sem eles. Fomos viciados neles. Todo produto industrial tem como premissa principal ser gostoso muito mais do que ser nutritivo. Senão não vende. A maioria nem é nutritiva: falam que é na embalagem, falam que tem aprovação de nutrólogos e do órgão que registra os produtos, mas é porque é tudo farinha do mesmo saco, aparceirados pelo lucro, e ganham com a sua crença e com o seu consumo. Aonde que refrigerante seria um produto aprovado por órgão de saúde se este for mesmo sério? Hein, Anvisa? Cadê a OMS nessa questão? É por isso que você tem um liquidificador à sua disposição na sua cozinha. Você é facilmente institucionalizado pelo sabor. Você, eu e todo ser humano que mora no Ocidente pelo menos. A instituição do sabor alavanca o capitalismo. Eu discorri sobre isso no livro “Os meninos da Rua Albatroz“.

Bom, uma coisa é certa: tudo que é gostoso é ruim. Como assim? Você já procurou saber o mal que o refrigerante faz? E não é só o refrigerante, também o chocolate, o sorvete, a pizza, os biscoitos recheados ou não, a bala, o doce, o pastel. Tudo isso é gostoso e faz mal para a saúde. E em pouco tempo. São eles os maiores responsáveis pelo câncer, pelo diabetes, pela dificuldade de os aidéticos se virem livres do vírus que os matam. Açúcar, glúten, aspartame, dioxina, flúor, sódio, acidulantes e outras coisas é que derrubam o sistema imunológico humano. Sem essas coisas: sem flavor refrescante, sem o sabor que vende e que no slogan é “que alimenta“. E também: sem saída da prateleira do supermercado.

E a comida pastosa ou liquefeita facilita ainda mais a absorção desses “desnutrientes” pelo organismo. Aí eles dizem: “Não tem nada não, graças às viagens espaciais podemos contar com equipamentos de ressonância magnética, sondas, chapas de raio X, tomógrafos, radioterapia, isso tudo cuidará de curar as pessoas, olha que maravilha!“. Mas é mentira. Nada disso, nem os remédios ou coquetéis, te livra realmente de um mal desses e quando livra causa outro, afeta outro órgão que pode estar sadio. E sem contar que essas doenças nem existiriam não fosse o avanço tecnológico que precisam inventar costumes e necessidades para justificá-lo. A gente sai da linha de defesa que a natureza nos disponibiliza e desajusta o organismo. Baixamos a guarda dele, nos colocamos à mercê de doenças que se aproveitam do corpo acidificado. Isso eles não gostam nem que falam ou que escrevam.

A gente tem que crer que é a evolução do homem que fez aparecer novas doenças e pronto. Quem nos cria crenças do tipo tem diploma, estudou em escola de medicina credenciada, realizou pesquisas, ganhou Nobel, é reconhecido pela ONU e por outras instituições norte-americanas e o que mais for preciso para criar convencimento à base de extorsão psicológica. Ou seja: o homem evolui para a imperfeição, já que não muda sua anatomia desde que surgiu e adquire novas doenças. De forma alguma a culpa é do progresso em nosso benefício.

Continue curtindo minhas postagens. Eu sou o A.A.Vítor, autor do livro “Contos de Verão: A casa da fantasia“, no qual pode ser encontrado mais dessas coisas. Na forma de conto, ok? Adquira!

E caso você precise entrar em contato com serviços de SAC e sujeitar-se a uma série de inconvenientes além de ficar pendurado na ligação e caso você queira receber gratuitamente dicas e consultoria antes de rumar para uma compra ou fechamento de contrato, acesse este projeto: http://www.tripletas.com.br.