E de repente você resolve publicar em seu perfil no Twitter que a Copa do Mundo é uma farsa. Informa que tudo estava sendo preparado para dar dois grandes, ex-campeões, na Final. Inglaterra X França, por exemplo. E aí se depara com um confronto entre França X Croácia e se vê desacreditado junto à sua pequena audiência na rede social.
Você é um anônimo. Há milhões de sites, blogs e perfis de rede social na internet. Quantos irão entrar em contato com o que você diz ou escreve?
De repente, você começa a achar que o que fizeram foi se impressionar com a possibilidade de você estar seguro das informações que dava e resolveram mudar tudo. A Inglaterra teria ter tido que ceder inclusive o Terceiro Lugar para a Bélgica para não sabotar totalmente o plano original, que seria dar essa posição para um estreante nela para que as copas futuras se tornassem mais atrativas em matéria de quantidade de seleções com histórico de medalheira e aumentar a quantidade de favoritos ao título para ficar menos previsível e estimular mais as expectativas comerciais que proporciona ao evento o interesse do público.
Você mesmo sabe que tudo não se passava de intuição sua ou que às vezes não exatamente isso, mas, apenas a sua capacidade criativa sendo usada para criar teorias conspiracionistas ou intrigas aos poderosos do planeta, que estão por trás dos eventos megamercantis como a Copa do Mundo. Mas, se encuca: “como teriam chegado à minha postagem e se preocupado com o alcance dela ao ponto de mudar algo que já estaria combinado”.
Nós humanos temos um grande poder dormindo em nós, que é o de criar verdades. Mentiras ou suposições são como verdades antecipadas. E também temos uma capacidade telepática enorme. O que você pensa ou intui pode ser o que se passa na cabeça de milhares de seres humanos em todo o globo terrestre.
As pessoas possuem eletrons em comuns orbitando em si. Às vezes em uma delas o elétron é peça lhe fundamental, está muito próxima dela; às vezes ele gravita bem distante do corpo de alguém que ele também ajuda a compor. E os elétrons que compõem um corpo comunicam com os de todos os outros corpos que ele ajuda a compor. É por isso que acontece de muitas das ideias que temos encontrarem semelhanças em ideias que alguém propôs no outro lado do planeta.
Pessoas com afinidade no nível subatômico possuem pensamentos parecidos, interesses parecidos e são atraídas para lugares parecidos, às vezes para o mesmo lugar. E podem nem vir a se conhecer se o Universo não der uma mãozinha, o que é quase inexorável de acontecer. A Física Quântica vem sugerindo isso. Batizou de “Emaranhamento quântico”.
E alguém nessa multidão de gente semelhante vai ter cacife para fazer aparecer para muito mais gente do que você as proposições que tece. Pode ser que essa seja a resposta para sua pergunta: “como souberam sobre minha opinião se sou tão anônimo”. Na verdade, cada um de nós somos muitos. Ou: somos todos um. Aposte nisso!
Tudo o que vemos a grande imprensa trabalhar diariamente, por exemplo, não passa de verdades antecipadas. Colocam no ar uma sugestão como se fosse plena notícia, de um modo bem didático e envolvente, e influenciam aqueles que se expõem ao trabalho a acreditar nele e replicar a desinformação. Em pouco tempo ela vira informação válida.
Produza em sua mente aí agora uma palavra e a pronuncie. Vamos supor: “plasmuliu”. Pronto, “plasmoliu” passou a existir. Além de na sua mente, na forma de energia sonora. Não precisa fazer sentido algum a palavra; não precisa fazer efeito algum para quem a ouve.
Para que plasmoliu vire uma coisa você terá que associar a palavra a algo cuja existência ou relato da existência você conhece. Você fala isso para os outros, de maneira a persuadí-los e eles repetirão o que aprenderam. E daí para frente, aquilo que você nomeou como plasmoliu ou adicionou plasmoliu aos seus significados ganha o termo.
Por exemplo: você pode fazer pessoas acreditarem que plasmoliu é um tipo de cadeira. Descreve a cadeira, de preferência daquelas bem incomuns, e toda vez que a sua plateia lidar com aquele tipo de cadeira irá se referir a ela como plasmoliu. E se alguém que sabe o nome certo do objeto lhe fizer uma refutação, você irá dizer para todos que além do nome que o refutante dá, o objeto também é conhecido como plasmoliu. E isso virará verdade. Só mesmo um estudante de etimologia é que vai saber dizer quando certo tipo de cadeira ficou conhecido também como plasmoliu.
E tem mais: Se você for inventor, tratará de colocar uns apetrechos na tal cadeira e batizá-la como plasmoliu. Simplesmente plasmoliu viraria uma coisa distinta.
Agora, e quando além de pronunciar você também escreve o neologismo que você criou? Quando algo é grafado – escrito ou desenhado – ele passa a ser matéria visível. As pessoas veem a palavra ou o desenho e dão-lhe a forma que lhes parecem. Vão algumas delas procurar sentido para aquilo, mas, todas elas entraram em contato material com o que saiu da cabeça de alguém, da criatividade de alguém.
Sendo assim, o que você escreve no Twitter, queira você saiba o que escreve, queira apenas intua ou diz por dizer, passa a existir materialmente para todos que o lerem. E se for a antecipação ou a presunção de algo, o que advir é o que os farão julgar a qualidade da sua informação. E só você saberá se eles estarão a ser justos ou não com seus julgamentos. E também só você poderá os deixar com uma pulga atrás da orelha se você questionar: “eu estava errado ou quiseram me desacreditar”. Ou melhor: “NÓS estávamos errados ou quiseram NOS desacreditar”. Você agora entende o porquê do plural. E sabe que basta haver a insinuação de haver muitas pessoas propagando a mesma informação para que volte para esta a crença nela.