Por que não acredito em Deus?

Conversávamos em uma mesa do refeitório. Eu, um amigo e uma amiga. A gente falava sobre como a mídia tem o poder de moldar a opinião das pessoas. Eu precisei de um exemplo para expressar o porquê de eu pensar que não adianta a gente achar que temos uma opinião formada, pois, se nos expomos à mídia, a mais robusta das nossas determinações pode ser alterada.

O que fez a gente chegar a esse ponto foi eu dizer que existem homossexuais que são naturais, aqueles que em qualquer momento da vida deles seu interesse pelo sexo oposto não ocorreu, e os que são engenhados, os que recebem programação mental de veículos externos e alteram sua opção sexual por sofrer influência, modismo e outros mecanismos empregados pela mídia em geral, incluindo aqui até mesmo a escola e o uso da tecnologia. Sim, o celular é hoje um dos principais influenciadores da homossexualidade. Basta ter um e entrar em uma rede social e começar a receber seguidores e sugestões que se está propenso a acreditar que esteve dentro de um armário e não sabia. Daí, o exemplo que me veio me fez falar sobre política.

Eu dizia que ainda que se tenha uma conceituação firme a respeito de certo partido e certos políticos, se estes sofrerem a aversão dos grupos que controlam a grande mídia e a faz trabalhar para eles, a chuva de informações rechaçando a imagem destes, se estivermos expostos a ela iremos nos molhar nela e sua enxurrada irá nos carregar para onde ela quiser. Dei o exemplo de um amigo rico que era lulista, quando deveria ser o contrário por ele ser rico, votou na Dilma em seu primeiro mandato, votou para o segundo e sofreu a lobotomia operada pela mídia a partir de 2015 e hoje ele acredita em tudo que ficou estabelecido para colocar o Lula na cadeia e destruir a imagem do Partido dos Trabalhadores.

Bem, entrar no assunto Política me pareceu uma boa ideia para o meu intento, mas, acabou foi seduzindo os interlocutores a falar disso. E meus amigos não admitiam que acreditavam em algo por influência dos outros. Quando eu disse que eu duvidava dos números de intenção de votos para o Bolsonaro que publicam, um deles me disse que faz sua própria pesquisa e que ela confirma para ele as estatísticas. Conforme ele, em seu perfil de rede social, para cada três contatos que ele tem, dois deixam rastros de que irão votar no ex-militar. Os rastros ele explicou que seriam curtidas em postagens favorecendo o político mencionado, compartilhamentos de publicações positivas ao homem, comentários do mesmo tipo e publicações próprias no próprio mural, mostrando-se adepto à popularidade do Bolsonaro.

Eu disse para ele que é duvidosa a manifestação de expressão ou posicionamento nas redes sociais na internet, pois, o Facebook – a rede citada pelo rapaz – possui mecanismos que podem maquinar as opiniões das pessoas. Curtidas, comentários, compartilhamentos e até publicações podem não passar de fake. Cada um vê somente o mural do próprio perfil e o que trafega nele. Nem sempre a gente checa – e algumas vezes sequer temos como checar ou sequer sabemos se fulano em destaque é um de nossos contatos – se o que é informado como reação ou publicação de um contato nosso na rede é vero, se ele fê-lo realmente. Há marqueteiros que pagam esse trabalho ao Facebook. É uma forma da rede faturar e ser conservada como gratuíta aos usuários.

Conclui meu raciocínio dizendo que só temos como opinião ou fato indubitável aquilo que nos é apresentado pessoalmente, do jeito como estávamos os três dando declarações próprias, olhando nos olhos de cada um. Cristãos os dois amigos, eles me deram razão e completaram observando que de outra maneira só deveríamos acreditar em Deus. E aí, suspeitando que eu fosse ateu devido aos pontos de vista com conotação esquerdista, pediram para eu me posicionar quanto ao que foi evidenciado.

Aí eu perguntei: “Quando você diz ‘acreditar’, seria acreditar se Deus existe“. E eles responderam “sim“. Respondi, então, que eu não acreditava e, sim, tinha convicção da existência de Deus.

Acostumados com o que manda responder seus doutrinadores, eles vociferaram que crer e ter convicção era a mesma coisa. Não resisti dar a eles explicação sobre mais esse ponto de vista.

Peguei o celular da amiga e falei: “Nossa amiga aqui é casada. A gente sabe disso por causa da aliança que ela tem no dedo anular da mão esquerda e pelo tanto que ela menciona seu marido. Acreditamos nisso. Podemos apostar que ela tem fotos do marido no card deste celular.

Continuo fora de aspas:

Se ela nos permitir vasculharmos o aparelho em busca dessas fotos e o fizermos e nada encontrarmos, então, seremos tomados por uma grande frustração de expectativa e nossa crença vai embora. É o que vai acontecer com os que só acreditam em Deus se ele de repente aparecer. A fé vai embora e fica a plena convicção de que o ser existe. Isso é o que mais temem acontecer os líderes religiosos. Acaba com o negócio deles. Assim como acabaria se de repente eles doutrinassem os fiéis de suas igrejas a convicção em vez da crença na existência de Deus.

E de mais a mais, conforme a doutrina cristã, se Deus aparecer, que merecimento é devido ao cristão que sempre acreditou que ele existia? Fica um “confirmou, acabou“, não? Parece que a dependência dessa descoberta era só a confirmação se o que o pregador doutrinava tinha fundamento, se não se foi enganado. Ao passo que aquele que sempre teve convicção da presença de Deus permanecerá na mesma, contando com ele para o que sempre contou. Não muda nada. Isso é muito mais nobre e honesto. Mereceria de Deus quando ele surgisse um “você sempre confiou em mim, vai ter toda a minha ajuda“. Confiar é diferente de acreditar.

Voltando ao caso, eu e o amigo teríamos três atitudes a tomar, caso fôssemos decepcionados na nossa busca por uma foto do marido da nossa amiga no celular dela. Uma seria dar como desfeita a nossa crença de que a amiga era casada e a partir de então a trataríamos como uma falsária – que faz parecer ser o que não é – ou como uma desleixada com o seu casamento. Ou passaríamos a pensar que ter uma foto do marido em seu celular não é fator importante para a condição de ser uma mulher casada. Nós é que teríamos sido doutrinados com informação falsa e a levávamos adiante sem questionar. Ou continuar acreditando no que já acreditávamos, que ela era casada, porém, deixando de querer comprovar ou não o fato. Mantermo-nos na estagnação da fé, desde que manter significasse algo importante para nós.

Porém, se algum dia a amiga aparecesse perante nós com o marido, tendo nós quatro oportunidade de conversar pessoalmente, em carne e osso, o marido confirmando a informação que a esposa teria nos passado, ainda que se tratasse de um fake – o mesmo fazendo confirmações falsas e apresentando certidão de casamento idem – não teríamos por que duvidar da informação e nem precisaríamos manter a condição de só acreditar. Passaríamos a estar convictos de que a amiga era casada. Estaríamos convencidos disso, pois, teríamos recebido confirmação que desfaria qualquer dúvida. A fé nessa crença acabaria.

E ilustrado o ponto de vista com o exemplo, pontuei que com relação a acreditar em Deus eu me encontrava na situação de estar convicto de sua existência. Era indiferente para mim ele existir ou não, pois, meus processos vitais e meus afazeres não dependiam dessa resposta, portanto, eu não precisava ficar estagnado na fé e nem tampouco me preocupando o tempo todo com isso. Assim como uma mulher casada não precisa portar uma foto do marido em seu celular para confirmar seu estado civil, eu não precisava que Deus estivesse em algum lugar onde eu pudesse procurar para encontrá-lo para entender o mundo, me sentir acompanhado e recebendo auxílio em minhas decisões. Bastava para mim a convicção de que tudo isso acontece, queira eu ou não. Como uma coisa inexorável, inerente ao meu ser. O que as igrejas fazem é vender a dúvida sobre a existência de Deus e não a certeza. É essa dúvida que enche as igrejas.

Mas, se eu me expuser muito à questão, ficar procurando chifre na cabeça de cavalo, algo ou alguém pode me fazer mudar de opinião. Da mesma forma que a mídia faz mudar de opinião aqueles que se expõem à ela. E assim ficou explicado.

Essa opinião sobre a fé está presente nas páginas do livro “Contos de Verão: A casa da fantasia“.

Tecnologia da escravidão

Continuando a série que pretende formar um manual de engenharia social, vamos dar uma pausa na apresentação de técnicas e entrar numa reflexão que põe em xeque todo o modelo de sociedade cultivado no Ocidente. Mais precisamente o chamado American Way of Life (modelo de vida do americano).

fantoches

Você já parou para pensar sobre a função do desenvolvimento tecnológico? Inicialmente nos fazem acreditar que se desenvolve tanto tecnologicamente a sociedade pelo simples objetivo de lhe facilitar as tarefas cotidianas, facultando aos membros dela menos esforço para realizar essas tarefas e mais tempo para gastar com ócio.

O que eles fazem na prática é reduzir a necessidade de pessoas na produção, legando a sociedade, com isso, problemas de desemprego. Desemprego que não seria problema se em contrapartida o sustento das pessoas fosse provido pelo Estado. Mas, não é isso o que acontece.

O que acontece são as pessoas continuarem a precisar arcar com compromissos e esse arcar depender de dinheiro. Dinheiro que falta por não haver emprego, a forma tradicional de obtê-lo. A premissa do mercado aberto e da oportunidade para todos enveredarem em negócios próprios para não ter que contar exclusivamente com ocupações em empresas, se fosse absolutamente verdadeira não veríamos na competição mercantil tanta manobra para derrubar pessoas que buscam se virar autonomamente, como os mascates, as marginalizando e as colocando sob fiscalização seguida de repressão, sob a alegação de tirarem venda ou serviços das empresas, que pagariam impostos e gerariam emprego.

Essa gestão, então, é comprometida pelo excedente populacional que não tem condições de praticar o consumo por não ter trabalho e que não encontra oportunidade para trabalhar, devido à escassez de vagas no mercado e ao cerco ao empreendedorismo praticado pelo Estado sob demanda solicitada pelos grupos econômicos hegemônicos. Esse excedente, por sua vez, para os gestores deve ser eliminado.

Ocorre, invisivelmente e blindado pela atribuição de se tratar de teoria conspiratória as acusações que chegam ao grande público, o uso de táticas de controle populacional e de práticas de geração de demanda falsa ou inútil de consumo. O controle populacional visa eliminar populações inativas e a geração arbitrária de consumo visa a manutenção de empregos e de lucro para os empreendedores aceitos. O culto à futilidade e ao afazer desnecessário são imprescindíveis que façam parte do cotidiano do contingente de contribuintes do Sistema – idiotas-úteis, como Gramci chamou.

Para que tudo funcione, muita engenharia social é adotada. A saúde e o intelecto das pessoas são manipulados. Os hábitos e as crenças dos indivíduos são condicionados. São a debilitação salutar, a orientação intelectual deturpada e a manutenção de hábitos e crenças manejados que sustentam o modelo social. Cultivando essas instituições, as pessoas são carregadas até as iscas que o Sistema joga para fisgá-las. A mídia é a instituição que doutrina os costumes e os credos que não são pertinentes à Igreja. É quem arma as armadilhas para a indústria cativar e explorar seus operários e seus consumidores.

A indústria alimentícia fatura fornecendo veneno para os consumidores ingerirem e formando, com isso, doentes para a médico-farmacêutica. A do entretenimento, a do esporte e a da moda faturam emburrecendo, infantilizando, futilizando e alterando a sexualidade dos que se submetem a elas. A da droga, do tabaco e a do álcool recebem a tarefa de propiciar o caos que favorece a administração de indivíduos e as promessas que levam à cargos políticos. Os latifundiários ditam as regras para os meios fazendeiro e imobiliário. Os governos providenciam leis e gerenciamento para que essa elite oligárquica sempre consiga a adesão dos contribuintes do Sistema.

Cada grupo de fantoche alimenta um mercado criado para ele. O comportamento dos membros de cada grupo, minuciosamente pensados por psicólogos sociais em institutos específicos, resultam de matrizes de comportamento que são implantadas através da escola, da igreja, da mídia e até da família.

O meio militar assegura o andamento da carrugem tal qual exige o Sistema. E tem também a função de garantir a integridade da propriedade privada e os interesses do Capital. Engana-se o popular que acredita que a função da polícia é proteger a população. E que a do Exército é garantir a soberania nacional.

Todos os mecanismos corporativos, institucionais e políticos nesse complexo cooperam entre si por uma causa em comum: sustentar-se no poder e gozar seus membros, por gerações e gerações, de vida farta, cheia de regalias e garantida de jamais ter o status quo alterado. Incluindo os políticos, que, aparentemente, para estarem em seus postos são votados pelo próprio povo que eles manipulam.

E o efeito desse plano junto à população é sutil. Ninguém se vê fazendo o que foi planejado para ele fazer. Ninguém admite que faz exatamente o que está no algoritmo da matriz de comportamento implantada em sua mente. Todos pensam que são independentes, que possuem livre arbítrio.

Todos acordam, escovam os dentes, seguem para o lazer, para o ensino ou para o trabalho, fazem suas refeições e voltam à noite para casa, a fim de constituir um pouco de entretenimento e sofrer engenharia social na frente da TV, do computador ou do celular, praticar sexo e, por fim, terminar o dia em uma cama, após destinar orações conforme sua fé. E começar tudo de novo no dia seguinte, na hora determinada para começar.

E o mais incrível é que os escravos nesse ecossistema amam a servidão. Não ousam desejar provar do tipo de vida que o lado escravocrata leva. Não conhecem a sua força e muito menos sabem que quem pode mudar tudo isso são eles próprios. A única tormenta que sofre a elite comandante é imaginar que um dia a massa venha a saber disso. Por isso é que ela providencia tanta engenharia social para desviar sua atenção das verdades.

O futebol é uma arma psicotrônica?

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Eu voltava do trabalho no sábado que antecedia o Seguno Turno da eleição municipal de 2016 e ao passar em frente a um bar notei que o jogo entre Atlético Mineiro e Flamengo do Rio de Janeiro no Mineirão pelo Brasileirão havia se iniciado. Decidi parar para assistir. A situação na tabela do campeonato entre os clubes que digladiavam nessa ocasião apontava o Galo de Minas precisando vencer o Fla do Rio para ultrapassa-lo em dois pontos e tomar-lhe a vice-liderança, além de diminuir a diferença para o líder Palmeiras de São Paulo para cinco pontos. Torceriam para logo mais este mesmo time perder para o Santos paulista para fazer com que essa diferença se mantivesse, assim o campeonato continuaria interessante para atleticanos, pois haveria esperança de chegar ao final dele na ponta, gerenciando-se as cinco rodadas restantes. Para o Flamengo e para o Santos a expectativa de chegar ao final do torneio com chances de ser o campeão também valia.

O bar era atleticano e havia uma turma de frequentadores ligada na transmissão. Esperançosos que o Galo fosse cumprir o seu papel sem maiores dificuldades. Apesar de o time para o qual torciam ter no campeonato um elenco melhor do que o do Flamengo – um time cheio de estrelas –, não esperavam de vê-lo arrasar o rival carioca, mas, uma derrota ou um empate sem propósito era inconcebível, ninguém esperava de ver isso acontecer. O técnico do Atlético, Marcelo Oliveira, havia facilitado bastante para que o torcedor aceitasse esse acontecimento se ele viesse. Jogava ele com três volantes, porém, com os laterais avançando descriteriosamente e deixando a guarda da defesa desprotegida aos contra-ataques. Ou seja: um jogo em casa, com o time precisando vencer, o técnico decidiu criar retranca no meio de campo como se estivesse precisando empatar. Ninguém entendeu a escalação, exceto, é claro, quem acredita em teorias conspiratórias e sabe muito bem a razão do feito e até mesmo que resultado se teria ao final do jogo. Como sou uma pessoa desse tipo, veio-me logo a sacada.

A partida desenrolava-se com a audiência local chiando muito. O Galo jogava com três volantes, mas não ganhava nada no meio de campo, pois, era necessário dar cobertura aos laterais durante os abandonos do setor para avançar para o ataque. E nessas coberturas dos volantes o time se expunha aos contra-ataques do Fla, os quais aconteciam com frequência a determinar que o Flamengo dominava a partida. Por várias vezes apareceram seus atacantes de frente para o gol do Victor, goleiro do Atlético, e perdiam chances chutando para fora ou em cima do arqueiro (claro, deviam estar instruídos que não era hora de marcar). Por pouco um zagueiro atleticano não estraga os planos, tendo jogado da pequena área uma bola na trave de seu próprio campo de defesa.

Eu dizia para os meus companheiros: “Isso é para o Flamengo marcar primeiro, estão contribuindo para forçar a partida e o resultado dela”. Mas, futebol é lavagem cerebral e lavagem cerebral ninguém admite que sofre, logo, os companheiros se irritavam comigo, pois eu lhes fazia pensar que eram uns bestas torcendo doidamente contra situações que estavam escritas nos bastidores da indústria do futebol e que nem por decreto iriam deixar de serem materializadas, as quais não eram as que eles queriam ver realizadas. Eles achavam que o erro estava em os laterais subirem e o meio-de-campo ter que se deslocar para cobri-los, permitindo que o Flamengo penetrasse pelo meio, que ficava desguarnecido, na defesa do Galo. Bradavam contra o técnico do time, dizendo que ele não sabia escalar e nem comandar taticamente a equipe.

Eu, assumindo riscos, é claro, tentei lhes pôr para raciocinar: Os jogadores seguem ordens do técnico. Se este manda os laterais avançarem, eles têm que avançar, não importa se está ficando buraco em alguma parte do campo e isso favorece os contragolpes do adversário. Jogador em campo não tem vida própria como pensamos ter. Não mais. Antigamente tinha. Se o cara não cumprir o que lhe é ordenado o técnico o tira da partida ou o juiz o expulsa. E aí ele vai ter que colaborar de qualquer jeito. E, tal qual em uma empresa quando não fazemos exatamente o que o chefe pede, ele pode tomar sanção do clube e pode até ter prejuízos em seu salário. Jogador de futebol é um trabalhador comum, que tem seus compromissos para arcar, ele vai querer isso? O técnico é outro funcionário e se foi falado para ele organizar taticamente o time tal qual ele está organizado é o que ele tem que fazer e pronto. A organização tática é um dos instrumentos para se cadenciar partidas de futebol e chegar a um resultado forçado sem que a audiência suspeite de que o mesmo não tenha sido natural.

PARTIDA ENTRE AS EQUIPES DE ATLÉTICO-MG X FLAMENGO, VÁLIDA PELA 33 ª RODADA DO  CAMPEONATO BRASILEIROIMAGEM: Sportv

Mas não adiantou, fiquei foi mal com os companheiros. Como eu odeio ouvir a narração da Rede Globo (Sport TV pertence ao mesmo grupo) e a choradeira dos locais estava me incomodando, resolvi ligar o rádio do celular e, utilizando fone de ouvido, sobrepor o som local com alguma coisa. Como havia jogo do Cruzeiro simultaneamente e a rádio Itatiaia, que uso para ouvir os jogos do Atlético, costuma transmitir num esquema de revezamento da narração dos dois jogos, decidi sintonizar em uma emissora que transmitia uma programação musical sortida. Não gosto de funk e nem desse sertanejo eletrônico, mas, eu não estava me importando com o que eu escutava, eu só queria que abafasse os ruídos locais, então o que saía do rádio me vinha neutro e não incomodava.

Daí, após sucessivos e visíveis “erros” de passe do Atlético para favorecer a bola ir parar nos pés flamenguistas, veio o gol do Flamengo. Sem ouvi-la, vi a plateia indignada vociferar raivosamente. Devem ter pensado: “Esse cara aí é que gorou e o Flamengo marcou”. Devo ter escapado de tomar uns safanões, que eu nem poderia culpar os agressores, pois, teria sido minha opinião cética que os fez criar o ódio contra mim e com a mente tomada de ódio ninguém consegue dominar bem o que faz. Eu teria era que sair dali. Gritei um “vamos empatar, acreditem” e isso os deixou mais serenos. “Se o cara disse que o Flamengo ia marcar primeiro e isso aconteceu, então, vamos esperar pelo segundo palpite”, devem ter pensado. Afinal, eles duvidavam, ignoravam, mas tudo o que eu dizia eles estavam vendo acontecer.

Acabara o Primeiro Tempo e a corrida até o banheiro ou para o meio da rua para fumar ou utilizar o celular fez com que o ambiente ficasse semi-silencioso. Nisso, minha atenção foi tomada pelo som que saía do rádio. A batida do funk é alienante. Diferentemente daqueles que o adere, me causa uma irritação, um desconforto. Desliguei o aparelho decidido a voltar a liga-lo só no início do Segundo Tempo. E, dando goladas no copo com cerveja, passei a refletir. Me lembrei das sirenes dessas ambulâncias modernas e também das viaturas de polícia. Pode haver o tumulto que for, que se esses batedores forem ligados a multidão se dissipa, pois, não consegue ter outro comportamento que não tentar afastar o máximo da origem do ruído. Um meliante em fuga fica atordoado e inerte quando submetido ao barulho.

Existe dessas ondas mal intencionadas interferindo nas transmissões de rádio e de televisão e também nas ligações telefônicas. Você não sabe, mas seu celular é usado para infiltrar comportamentos em você. É o ELF, que as equipes de Hitler descobriram a respeito e tentavam com a radiofrequência criar uma arma que causasse distúrbios psicológicos e emocionais e paralisasse infratores ou inimigos pelo tempo suficiente para que fossem capturados. Era o início das armas psicotrônicas, que hoje estão finalizadas e são uma realidade, apesar de as pessoas que entram em contato com esse tipo de denúncia, assim como no que contesta a integridade do futebol, não acreditarem que é possível criar comportamentos através de ondas eletromagnéticas que espalham pelo ar. Estudo que está muito bem explicado nas páginas do livro “Os meninos da Rua Albatroz”.

O problema é que a administração da propagação de ondas ELF para cima das pessoas pode levar elas aos mais diversificados comportamentos, não só o de recuar para longe do local de propagação ou o de ficar imobilizado. As pessoas podem cometer barbaridades, tais quais as barbaridades que comete um indivíduo alucinado por uma droga ou em ataque de abstinência da mesma. Qualquer um em estado de euforia ou de indignação, ou atormentado por uma dor intensa causada por um barulho ou outra coisa, pode se tornar violento e cometer homicídio, por exemplo. Quantos casos já vimos de pessoas que saíram de uma sessão de cinema após ver um filme violento e dispararam contra pessoas causando um atentado? É a mistura da preparação emocional – feita com os disparos de ondas sutis e de ondas intensas de radiofrequência – com a sugestão dada pelo roteiro do filme assistido. Qualquer semelhança com a exposição a uma partida de futebol cadenciada por conspiradores super mal intencionados para com a audiência é semelhança mesmo.

Antes de chegar ao bar onde eu assistia o jogo, eu entrara em contato com a notícia de que um torcedor morreu durante o jogo entre Cruzeiro e Grêmio válido pela Copa do Brasil, ocorrido na quarta-feira anterior àquele sábado. O noticiário falou sobre infarto ocorrido por conta da carga emocional desencadeada nele durante a apreciação da partida para mim cadenciada para ser como foi. Falou também sobre o falecido ter se envolvido em um episódio de agressão que gerou tumulto envolvendo outros torcedores e mais a Polícia e que uma investigação visando apurar a verdadeira causa da morte do torcedor de 37 anos seria aberta.

Arma psicotrônica descrição from Wagner Heiker on Vimeo.

Dentro do que estou debatendo, as duas situações são possíveis de serem promovidas em se expondo a espetáculos que visam manobrar o comportamento de uma plateia. Alguém tem dúvida de que ao se assistir a uma comédia no teatro, a plateia ri quando há a representação de algo que, não que seja mesmo engraçado, é pensado e manejado para se obter risos? Quem em uma igreja que resiste às sugestões dadas pelo pregador e seus instrumentos e não se põe em transe hipnótico de adoração e melancolia? O futebol é pensado para obter certos comportamentos junto aos expectadores, entre eles o de se tornar violento e partir para agressão. Parece até que um dos objetivos de se afetar psicológica e emocionalmente o torcedor é o de produzir notícias do tipo canibais para que os noticiários possam se valer delas e faturar com atenção.

É por isso que os meus companheiros no bar eu não poderia julgar se viessem a me agredir. É claro que a imposição do Código Penal nos obriga a ter o máximo de controle, pois, não seria justificativa para livrar-se de sanções ter partido para cima de alguém e ter lhe causado danos por causa de uma divergência de opinião. E em ambientes onde a egregora formada não é capaz de eliminar por completo o uso do bom senso aqueles que mesmo contaminados com sentimentos destrutivos conseguem contorna-los em nome da manutenção de sua liberdade como civil e seu histórico de não ter sofrido sanção penal de espécie alguma. Os estádios durante a realização de uma partida de futebol que mexe com os brios dos presentes ou durante uma apresentação musical de uma banda que incita comportamentos agressivos, por exemplo, assim como as sessões de cinema em que um filme violento é exibido não são ambientes que favorecem a preservação do bom senso e do autocontrole emocional.

O jogo acabou empatado. 2 a 2. Eu havia lhes antecipado que o Fred, do Atlético Mineiro, marcaria um gol legítimo – o que seria o de empate – mas que sofreria anulação. E também entraria na partida o centravante titular do Atlético, o argentino Lucas Pratto, e faria o gol de desempate. O Atlético passaria pelo gol sofrido, pelo empate e pela virada no sufoco, tal qual manda o script já batido para partidas do Atlético com o histórico de expectativas como o dessa. Só não arrisquei dizer que o Flamengo empataria, por razões já explicadas. Minha leitura foi implacável e a mim não enganam o Clube dos 13, que é quem contrata as demandas recebidas de patrocinadores (investidores) do futebol e de políticos, os marqueteiros da Rede Globo, que são quem decide a forma do desenrolar das partidas dos campeonatos nacionais e os resultados que melhor favorecem ao pronto atendimento dessas demandas, e a CBF, que com toda a sua estrutura, que inclui a comissão de arbitragem, executa em campo o que for proposto.

Para finalizar, me pus a pensar: Por que não deixar os campeonatos nacionais clássicos, como o Brasileirão e a Copa do Brasil, rolando soltos, verdadeiros, com todas as possibilidades abertas, inclusive a de se ver um time do Norte ou do Nordeste campeões, e permitir que o público dite naturalmente as tendências para se criar faturamentos ou o que mais se deseja criar com a manipulação das partidas, e usem torneios caça-níqueis com resultados arbitrados e partidas cadenciadas só para atingir esses propósitos? Esse campeonato chamado Copa da Primeira Liga, que teve sua primeira edição este ano, pode ser essa opção (aliás, foi uma opção).

Para que um mal lhe aconteça, você não precisa acreditar em nada; basta que quem conspira contra você acredite“.