SISTEMA DE COTAS

Companheiros esquerdistas, temos que discutir nossos pontos fracos e acepções para que possamos implantar na sociedade nosso ideal de justiça. Sei que o assunto é delicado, mas, na minha opinião, que eu gostaria que fosse conhecida, existem alguns projetos aprovados ou em processo de aprovação, que são atribuídos à esquerda brasileira, a qual tem orgulho dos próprios, e os mesmos podem não ter na prática totalmente o efeito que quem projetou ou injetou no meio público desejasse que tivesse. É por isso que lanço aqui no blog esta série, que apresenta possibilidades de erro, na minha opinião, que está aberta à discussão, que podem fazer funcionar as propostas ao avesso. A primeira dessas propostas que lanço aqui é o sistema de cotas. Vou demonstrar minha visão a respeito utilizando o sistema de cotas em universidades públicas, mas, a mesma analogia vale para outros centros onde o sistema é utilizado para beneficiar minorias.
O sistema de cotas nas universidades públicas visa garantir vagas para negros, pobres, índios e outros desprivilegiados da sociedade. De acordo com a legislação, até certa porcentagem de vagas para entrada nas instituições deve ser reservadas àqueles que forem citados no artigo de lei. As demais vagas seriam concorridas pelos demais interessados em adentrar em uma das universidades públicas. Só por este enunciado já se vê um ferimento ao Artigo 5, parágrafo 1, da Constituição Nacional, que diz que todos somos iguais perante a lei. Ou seja: está-se passando sobre a Constituição Nacional para fazer valer um adendo a ela. Isso não é nem justiça e nem privilegiamento. Vejamos por que, conforme a minha opinião!
Que o rico – ou o filho do rico – prefere fazer o curso superior em uma faculdade pública é uma verdade escancarada. Teoricamente – porque… tenho lá minhas dúvidas se não entra corrupção que os beneficiam na hora das aprovações -eles prestam o Vestibular em igualdades de condições que os demais concorrentes, cotistas ou não. E se saem melhor – você só vê nome de rico nas listas de aprovação e carrão nos pátios das universidades públicas – do que esses demais. E a alegação que utilizam para justificar isso é que eles – os ricos – se preparam para o Ensino Superior em escolas privadas, que teriam um ensino melhor do que as públicas onde o pobre, negro, índio e etc vão parar.
Se isso é verdade, por que logo na faculdade pública é que o ensino melhora? Logo quando vai ficar mais caro o aprendizado. Existem também faculdades privadas. Por que essas não são melhores?
O certo seria o rico ir parar nas faculdades particulares, pois, ele pode pagar. A questão de esta ou aquela ensinar melhor é questionável, pois, a grade curricular é a mesma. Se o professor de faculdade pública é melhor do que o da particular, isso é outra coisa questionável. O professor melhor deveria ganhar melhor remuneração e, no entanto, o professor de universidade pública vive fazendo greve por melhores salários.
Se a escola pública é melhor equipada do que a privada e essa é a razão de o estudo ser melhor, então, para que temos faculdades particulares, já que é de se esperar que a receita maior proporcionada ao sistema privado de qualquer segmento é que patrocina o melhor aparelhamento? Se essa teoria está errada, então, por que o SUS e outros departamentos públicos são tão mal equipados, se a fonte do dinheiro que os equipa é a mesma das faculdades públicas: arrecadação de impostos?
Poderia ser prestígio o motivo de ricos preferirem as universidades estaduais e federais? Prestígio é algo que pode ser cadenciado. Tanto é que a Universidade Católica está entre as melhores do país. O que define isso, formalmente, é o número de ex-estudantes que se saem bem-sucedidos em carreiras e ou prestam grandes serviços à sociedade dentro de suas ocupações e se destacam por isso. E depois, se fosse prestígio e prestígio pode ser cadenciado, por que não tornar o ensino fundamental e o médio públicos prestigiados? Por que é mais útil sustentar a cultura que se formou, a qual denigre os ensinos anteriores ao ensino superior fornecidos pelas instituições municipais e estaduais? Cultura que mutila moralmente o aluno dessas escolas, o tornando realmente menos preparado, graças a grande crença que se é forçado a constituir de que o próprio é mal instruído por ter estudado em estabelecimento do Estado.
A verdade é uma só: O rico prefere a escola pública de ensino superior simplesmente porque não quer pagar. Quer mamar nas tetas do governo e tirar a oportunidade do pobre na hora que ele mais precisa dela. Ele quer pagar pelas fases acadêmicas anteriores e pelo pré-vestibular porque as instituições privadas pertencem a gente de seu meio e lucram com a matrícula dele, fazendo a roda girar nesse círculo, já que o pai do aluno rico é dono de outros negócios que também precisam da cooperação de consumo do dono de escola privada e os seus. É a fantasia que é o capitalismo. Em plena operação. Se um não ajuda o outro fingindo que precisa do que ele tem o regime não funciona.
Bom, até aí eu não justifiquei o porquê da minha birra com o sistema de cotas. Se for a intenção se vingar dessa arrogância do burguês eu estou de completo acordo e acho que deveria-se aumentar as cotas. Mas, a questão é que não é essa a razão e sim reservar para os injustiçados cadeiras nas salas de aula de universidades públicas.
Porém, acontece de o cotista não conseguir chegar a concluir o curso. Os não cotistas usam esse evento para criticar o sistema de cotas dizendo que o aluno não concludente ocupou vaga de um futuro advogado, médico ou engenheiro e não se formou. Ele vai justificar o fato dizendo que o motivo é porque as instituições onde o cotista estudou até chegar ali são fracas. Ele nem vai levar em conta que se essas instituições não existissem, a opção para o cotista seria estudar no meio privado. Isso teria que ser feito com bolsa integral – como foi comigo quando eu fiz o ginasial -, que não deixa de ser “quotismo”, pois é o governo que paga, por meio de programas de incentivo fiscal, essas bolsas dadas pelas escolas privadas. Logo, a última coisa que o burguês quer é que o Ensino Fundamental e o Médio públicos deixem de existir, o que é para ele não perder o argumento que ele acha justificar sua superioridade na hora de entrar para a faculdade estatal. Além de ele não querer, de jeito nenhum, ver pobre, negro, índio estudando ao lado dele em colégio particular.
O motivo real de o cotista não chegar a concluir o curso superior a que obteve privilégio para estudar é o fato de ele precisar se sustentar ou sustentar a sua família para continuar estudando. Ele precisará trabalhar em algum lugar e não só se dedicar aos estudos, como pode fazer o rico. E trabalho tem aquela coisa: no geral só pode ser no horário clássico, que é de oito da manhã às dezoito horas. E as faculdades, mesmo as particulares, estas porém em menor escala e obtêm os alunos meios de compensar as ausências no local de trabalho devido a cumprimento de obrigação escolar, possuem cursos em horários conflitantes com o comercial e costumam exigir a presença dos alunos por toda tarde, às vezes durante um mês inteiro, para trabalhos de campo ou os extra-curriculares.
E todos sabemos que poucas são as oportunidades de trabalho para se trabalhar meio expediente em horário noturno, o que, ainda assim, dificulta a integridade física do aluno nessa condição, o que acaba por fazê-lo desistir do curso e optar pelo o que é mais importante, que é o próprio sustento e ou o da família, já que ao formar o aluno pobre não terá as mesmas oportunidades de emprego que terá o rico, que, na pior das hipóteses, trabalhará na empresa do próprio pai ou montará a sua própria. E não me convence quem me diz que há os concursos públicos para se arriscar e que estes são íntegros. Discorro minha opinião a esse respeito em postagem por vir, que exporá a máfia dos concursos públicos.
Portanto, em vez de bradarmos por reservas de vagas para desprivilegiados nas escolas, devíamos é exigir que o aluno privilegiado, que começa sua instrução no setor privado, faça faculdade no setor onde começou. Montando na grade curricular única um esquema de continuação na escola tal qual acontece na escola pública até o fim do Ensino Médio, findando com isso o Vestibular. Que na verdade só existe para oprimir pessoas e para extorquir delas a grana da inscrição. De acordo com o desempenho na série anterior, o aluno prossegue na escola pública ou privada até finalizar a faculdade. Ou então, que se derrube a crença de que o ensino público anterior ao superior é fraco. Se é mesmo, então que o fortaleça ao nível do superior público.
Se isso acontece, o rico passaria a adotar até o Ensino Fundamental e o Médio no meio público. Deixaria de haver escolas privadas, caso a máquina pública suportasse a quantidade de estudantes. Isso, fatalmente promoveria a igualdade e tolerância, o que não se consegue com o sistema de cotas. É socialismo puro. É justiça. Porém, tem uma razão fascista para isso não acontecer. E para saber sobre isso você terá que acompanhar as próximas postagens, quando tecerei sobre a Máfia das Escolas. Uma máfia que é muito ajudada pelo sistema de cotas. Por que razão há mais pobres estudando em faculdades particulares? Boa parte delas são de propriedade de políticos ou de famílias de políticos. Vamos descobrir?
Mais sobre este e tudo o que discutimos neste blog você encontra nos livros “Contos de Verão: A casa da fantasia” e “Os meninos da Rua Albatroz“.