Tem havido uma onda de assaltos a carteiros no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os visados, é claro, entregadores de Sedex.
O que procuram os bandidos e os motivam a saquear parece ser obvio: mercadorias valiosas solicitadas à distância que os Correios entregam, que lhes podem render algum dinheiro se vendidas no mercado negro. Encomendas transportadas pelos Correios, que são muito comuns hoje em dia, na era do e-commerce.
Mas, como se desconfia de tudo o que é reportado ou repercute na mídia, não devemos chegar a essa conclusão tão logo e já sair compartilhando. Tem-se que analisar por se tratar de um acontecimento em série e que envolve sabotagem a uma tendência que mexe com a economia trivial.
Quem perde com a entrega de mercadorias pelo correio funcionando?
Antes do e-commerce, a compra eletrônica feita à distância por meio de computadores e pagas com cartão de crédito, as pessoas locais iam até as lojas físicas para buscar o produto, geralmente específico. Estava ao alcance de qualquer lojista vender para elas, bastando ter um bom dinheiro para investir, alugar um imóvel e montar nele um estabelecimento comercial, preenchê-lo com mercadorias trazidas por caminhoneiros ao custo de frete, o quanto coubesse no estoque, e fazer publicidade para que os clientes fossem até a loja e saissem dela com alguma coisa. E com isso obter meios de pagar funcionários e outros custos.
Com o advento da internet e das lojas virtuais colocadas nela a custo irrisório de manutenção, qualquer pessoa, com baixo investimento e burocracia, consegue vender para o mundo todo, quantos produtos quiser, de qualquer tipo e sem ter que arcar com funcionários ou aluguel de lojas físicas, obtendo então melhores preços. Com o consumidor tendo total conforto para realizar a compra e recebê-la em casa graças aos Correios.
Um pool de lojistas conservadores poderiam facilmente investir na ação de interceptadores para sabotar essa facilidade de comércio e voltar a atuar ao modo antigo lhes peculiar e tocar seus empreendimentos de maneira a sustentá-los fartamente. Convocando em seguida a mídia para dar popularidade ao acontecimento e desencorajar as pessoas que optam pela modalidade de compra, atrás principalmente de preço.
Os Correios são a instituição que mais perdeu com o advento do correio eletrônico. O envio de carta civil desapareceu. Restaram as postagens comerciais, que também aos poucos desaparecem. Principalmente com a adoção do pagamento de boletos bancários com número de códigos de barra e a mala direta feita por e-mail, redes sociais, aplicativos para celular ou SMS. Viram, então, na entrega via Sedex, a opção de sobrevivência no mercado. E agora enfrentam essa probabilidade de conspiração contra essa alternativa de atuação.
Lembre-se: é a minha opinião.
Às vezes, de tão inacreditável a verdade deixa de ser conhecida.
(Heráclito)