
Uma folga inesperada na quarta-feira dia 12 de abril de 2017 me fez ficar bastante entusiasmado, pois, eu poderia trabalhar o dia todo em meu projeto de emancipação financeira, que acontece na internet. Entretanto, a CEMIG – Central Elétrica de Minas Gerais – resolveu mexer na rede elétrica do bairro onde eu moro e com isso o fornecimento de energia elétrica foi embora lá pelo meio-dia. Fiquei na mão, frustado e indignado com o acontecimento. Disseram que voltaria às 16:30 horas ou pouco antes.
Então, pus-me a fazer atividades que não dependem de energia elétrica enquanto eu aguardava o horário comunicado. Nisso, ouço o pessoal da casa vociferar angustiado por causa de um jogo de futebol que seria transmitido pela TV Globo por volta das 17 horas. Diziam: “Até eu quero ver esse jogo, imagine como devem estar aflitos os que têm ainda mais interesse nisso“. E eu, como não assisto televisão e muito menos acompanho futebol que não seja se envolvendo o time para o qual torço, fiquei a olhar para o ar, dando uma risadinha de inquérito abrindo para fora as duas palmas da mão.
Me parece que o jogo era entre o Bayern de Munique contra o Real Madrid, valendo pela Liga dos Campeões da Europa. Desde há algum tempo acompanhar qualquer coisa do futebol europeu virou mania nas casas brasileiras. E a Globo, como não podia deixar de ser, viu filão nisso e tomou a exclusividade da transmissão de outra rede de televisão brasileira e não se importa mais nem um pouco com o tal do Padrão Globo de Qualidade, que tinha como uma das premissas não alterar a programação, exceto no surgimento de algum plantão de notícias ou no advento de Copa do Mundo de Futebol ou de Olimpíada.
Aproximava-se a hora marcada pela CEMIG para o fim dos trabalhos e nada da energia voltar. O desespero dos que aguardavam para ver o alcunhado de jogaço era proporcional à minha frustação de ver uma folga ir embora sem que eu a aproveitase para tocar meus planos para frente. Entretanto, milagrosamente, às 17 em ponto, ouvi o motor da geladeira da casa fazer seu ruido contínuo. Era o fornecimento de energia elétrica que voltara. A alegria tomou conta do bairro, que pode, enfim, se acomodar no sofá da sala em frente à TV para receber a lavagem cerebral da Globo enquanto eu liguei rapidamente o computador para produzir pelo menos um pouquinho naquele dia.
Mas, antes disso eu refleti quanto ao timing: “Será que essas companhias atendem à solicitações da Rede Globo para não deixar sua audiência na mão quanto às suas transmissões e fazer com isso minar o seu investimento – ou às suas intenções com a transmissão“. Um jogo de futebol não é como o último capítulo de uma telenovela que pode ter simplesmente repetida a exibição no dia seguinte ou em data oportunista.
É claro que eu pensei também nos muitos bares que apostaram em comprar mais engradados de cerveja e em outros produtos para poder aproveitar a clientela que estaria presente nas mesas para ver no estabelecimento o tal jogo. Só que isso só me fez fazer outra reflexão: “exibições públicas de televisivos são proíbidas, mas, o sistema que proíbe, bem como os que supostamente sofreriam prejuízos com a exibição, fazem vistas grossas para não atrapalharem os negócios dos outros“. Vira um ilegal legal supondo que o Governo estaria faturando com os impostos gerados pelo consumo no boteco e a televisão teria cativa um público para aliciar. Além de ela aumentar sua popularidade perante às outras tevês que não estivessem tendo sua transmissão disponibilizada em espaços públicos.
A TV privilegiada ganha mais com isso do que com cobrança de assinaturas para cada indivíduo presente no espaço público, uma vez que essa assinatura não é certa de acontecer, pois, a maioria do público dos botecos tem que optar por uma ou outra coisa: consumar seu hábito de tomar sua cerveja em um ambiente de lazer coletivo ou pagar para ver televisão (que é uma besteira) exclusiva para ver em casa o que tivesse para ver. Coisa que incidiria em ter que sair do emprego, ficar sem condições de arcar com o pagamento, se se quiser aproveitar o máximo da programação paga e fazer valer o custo-benefício dos pacotes de transmissão.