A exposição que se segue nasceu de um bate-papo no Facebook com uma ex-namorada. Discutíamos sobre a questão da idade. Ela quis saber se me incomodava estar cada vez mais avançando na idade. Entre outras coisas, haviam os conteúdos solidão, sucesso, fracasso e configuração da vida atual para serem analisados. Se algo estaria tal qual cada um imaginou estar quando jovem e o que deu certo e o que não. Certificados de que a maioria das expectativas foram frustradas, pelo menos para mim, passamos para a fase seguinte da conversa, que era as atitudes a tomar daqui em diante para ver nos próximos futuros mais expectativas tendo sido correspondidas.
Cinquenta anos e nada do que previ, ou melhor: imaginei, aconteceu pra mim. O ideal, então, passou a ser usar a política do “foda-se”. Ou seja, parar de planejar e de dar importância ao que sempre foi dado e que não se constatou benefício algum. Permanecer apenas com o inverso. Ah: controlar a vontade e testar o que nunca se testou, principalmente o que sempre se teve medo, é imperativo.
Aprender a respeito e experimentar o que pregam as doutrinas do ocultismo é uma das escolhas que fiz com relação a essa decisão. Ocultismo não é necessariamente satanismo, mas, se eu fui educado a jamais me atrever a pedir qualquer coisa para o demônio, isso eu tenho feito bastante agora. Por enquanto vi alguns resultados no campo psicológico, incluindo ver meu anjo guardião, o que aconteceu durante um orgasmo liberado por meio de tantrismo, uma experiência fantástica diga-se de passagem, mas, com relação às minhas circunstâncias sociais ainda não vi qualquer melhora sendo efetuada por conta das práticas a que venho me entregando. Posso considerar que os rituais que tenho aprendido podem terem mantidas as práticas, pois, pelo menos autoconhecimento estou tendo e também tem havido mudanças internas e espirituais que têm me feito suportar o cotidiano de fracassos que colhi até aqui. Logo, aquilo que é claro pra si que só depende de si mesmo para ser realizado e que lhe agrada deve ser mantido.
Por exemplo, você gosta de determinado estilo musical. E gostaria de sempre ter à sua disposição as músicas desse estilo. Comprar cada CD de cada artista que trabalha este estilo pode ser inviável por causa do fator dinheiro. Quantia que você não dispõe ou não se permite destinar a um passatempo. Mas, obtendo mensalmente aos pouquinho, você se vê conseguindo tudo que é do seu interesse conseguir. E sente confiança em que isso não vai mudar, você pode insistir nisso porque ainda que demore um pouco, você vai ter todos os trabalhos que deseja à sua disposição. À medida que a coleção aproxima-se de ser concluída, você se diverte com o que já tem e se emociona toda vez que decide usufruir das canções. A hora que você quiser você faz isso. Só depende de você mesmo pra fazê-lo. Isso, então, é algo que pra você dá certo. Você é competitivo o fazendo. Pode continuar a fazê-lo. Não haverá qualquer risco de arrependimento de ter se consumido tempo de viver outra opção de passatempo ou outro culto.
Agora vamos à uma antítese. Você torce apaixonadamente por um time de futebol. Gasta muito tempo, dinheiro e atenção com ele. Se emociona, às vezes está alegre, às vezes triste. Se enerva, deprime, adoece. Não só o seu time tem que sempre te dar resultados positivos, como também você se preocupa com os resultados do rival ao seu. Que em determinado momento pode até ser melhor do que o seu time, mas, tem que haver um equilíbrio entre eles ou então o seu time tem que ser superior em conquista de vitórias e de títulos. Do contrário, essa dedicação será inteiramente sem sentido, pois, notavelmente você só colhe fracassos torcendo para uma agremiação incompetitiva. Sem mencionar que o ato de torcer, ficar só na torcida, é bastante vago e puramente desprovido de racionalidade, pois, nada do que deve ser feito para que o resultado esperado pelo torcedor, vindo do objeto de sua torcida, pode ser operado por ele.
Pra você, essa dedicação só funciona se for assim, equilibrado ou com o clube do coração sempre superior aos outros e principalmente ao rival, só interessa se for assim, só traz algum benefício se for assim. Benefícios que não são tangíveis. Não enchem os bolsos e nem a barriga de quem se digna a ficar na torcida. Assemelha-se o benefício ao que proporciona o hobby mencionado. Só que no culto desse hobby não há a possibilidade de se ficar triste, enervado, adoecido. Entretenimento que não faz quem o cultua, por exemplo, poluir o ar, perturbar as pessoas com foguetório, alarido, buzinações. Apesar de por ser música ser possível incomodar sonoramente os outros, quem se preza a usufruir de uma coleção de música não sofre indução externa, como da mídia por exemplo, para proceder assim como procede o torcedor de futebol.
Assim como as redes sociais não se interessam por movimento de informações que não causam alvoroço de reações nos murais dos membros, as entidades que gerem o futebol não sobrevivem sem que haja guerras entre torcidas, intolerância, bafafás sobre as futilidades dos bastidores. É assim que a imprensa esportiva, por exemplo, mede seu alcance e capadidade de influência e apresenta a medição para os anunciantes investirem nela, perfazendo com isso a receita dos veículos de comunicação. E é também essa necessidade que justifica porque o futebol, na verdade o Esporte em si, é manipulado. O acaso nem sempre gera o que é crucial para o funcionamento do negócio.
E a movimentação de torcedores que vemos no cotidiano brasileiro é usada também para efeito de controle mental, que gera controle de comportamento, que viabiliza várias táticas de gestão populacional e de consumo, engenharia de voto e outras investidas contra a população domada pelo futebol.
E, ainda, quem executa músicas determinado pelo prazer da apreciação dela, percebe o quão é mais vantajoso manter certa civilidade e limitar esse culto ao seu espaço. Entra nele quem é convidado, sem que haja a figura da rivalidade para tornar asqueroso e pouco amistoso o ambiente.
Porém, para que o apreço ao futebol funcione de modo a ser importante para o torcedor, não depende exclusivamente dele. Não é ele quem vai pro gramado defender o seu interesse. E, como é muito difundido, há muita maracutaia na configuração dos resultados dos jogos, na distribuição de títulos e até mesmo lances dentro do campo podem ser armados. Ficando o torcedor torcendo em vão, acreditando estar influenciando a partida, chegando ao disparate de suplicar a Deus por um gol, quando nem mesmo Deus pode interferir, por já haver uma orientação a ser seguida até pelos atletas para que certo resultado se configure. Estudando Ocultismo se consegue entender porque Deus não poderia mudar certos acontecimentos orquestrados pelo homem.
Não devemos esquecer que o futebol é um negócio. É chamado de mercado da bola não é à toa. Portanto, quando se quer saber só do que pode dar certo, se deve abrir mão do futebol quando isso não está funcionando a contento. Se seu time não está bem, destine suas energias ao que você sabe que você é competitivo e que só depende de você isso dar certo e você regozijar com isso. Os torcedores rivais do seu time vão sentir sua indiferença e mesmo que eles estejam colhendo os benefícios possíveis de eles colherem com o clube que torcem, essa indiferença afetará o regozijo deles. O culto ao futebol depende do sentimento de superioridade e esse sentimento só é possível quando encontramos quem nos permite deslanchá-lo sobre ele. Agir com abnegação nessa situação é um jeito de ir à forra.
Nós somos os únicos responsáveis pelos nossos momentos, pela nossa alegria. Se nos dedicarmos àquilo cuja probabilidade de acontecimento positivo é maior e descartarmos as contrárias a isso, passamos mais tempo felizes do que infelizes. E o indivíduo que passa pela Terra tendo contabilizado mais momentos positivos do que negativos teve, com certeza, uma bela passagem pelo planeta.
Eu gostaria de inserir num único texto o que eu tenho para expressar sobre o tema dado pelo título desta postagem. Ainda falta falar sobre trabalho, militâncias e relacionamento interpessoal. Entretanto, textos grandes demais em blogs motivam a procrastinação em lê-los, o que gera a desistência de lê-lo na íntegra. Então, voltarei com a parte 2 deste post em breve.